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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Jucá diz que gravação está fora de contexto e que sua permanência depende de Temer


BRASÍLIA - O ministro do Planejamento, Romero Jucá, rebateu as gravações divulgadas pelo jornal "Folha de S.Paulo" em que articula com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, um pacto para barrar a Lava-Jato. Ele reforçou que defende a operação e disse que a gravação foi divulgada fora de contexto e com “frases soltas”. Além disso, sinalizou que a permanência dele no cargo depende do presidente interino Michel Temer.
- Há muita coisa para fazer e eu vou fazê-lo até o dia que o presidente Michel Temer entender que eu tenho condição de atender esse papel. Minha função não é de ministro do Planejamento, eu estou ministro. Minha função é de senador da República, eleito três vezes. Devo satisfação a todos os setores do Brasil - disse.
Nos áudios gravados, Jucá diz a Machado que devem “estancar a sangria” causada pelas investigações do juiz Sérgio Moro e comenta que as próximas delações não deixariam “pedra sobre pedra”. Ele ataca ainda o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, e do PSDB, Aécio Neves. Na gravação divulgada pela Folha, Jucá diz que a ficha do PSDB teria caído e que Aécio seria “o primeiro a ser comido”. Eles sugeriram que a eleição que alçou o tucano à presidência da Câmara dos Deputados, em 2001, teria tido ilegalidades.

Jucá definiu o ex-senador Sérgio Machado como um amigo pessoal e disse que ele teria ido a sua casa na ocasião da conversa.
- É uma pessoa com quem convivi durante muitos anos. Ele conversou sobre outros assuntos da política e da economia, das saídas que poderiam ocorrer e mencionou a situação dele. O diálogo foi feito de uma forma extensa. O que nós vemos no jornal Folha de São Paulo são frases soltas dentro de um diálogo que ocorreu. Portanto, é importante registrar o contexto. Quero reafirmar que a análise e os comentários que fiz na conversa são de domínio público. Tenho dito o que disse permanentemente a jornalistas e entrevistas.
No meio da entrevista coletiva, cerca de 20 manifestantes se posicionaram em frente ao Ministério do Planejamento pedindo “Fora Temer” e “Fora Jucá”. O ministro do Planejamento reiterou repetidas vezes que não pretende pedir o afastamento mas que a permanência no cargo depende do presidente Temer.
- O cargo é do presidente, o presidente tem o condão de colocar e tirar. Eu não nasci ministro do Planejamento e não vou morrer ministro do Planejamento. Não vejo razões para pedir afastamento, me sinto muito tranquilo. Não me sinto atrapalhando o governo, me sinto ajudando.
Ele disse ainda que tem cobrado que o Ministério Público se pronuncie sobre as investigações em relação a ele, porque a situação é “um incômodo”.
- Não fui mais procurado (pelo Ministério Público) e tenho cobrado que o Ministério Público se pronuncie, porque para mim é um incômodo toda a matéria, toda a discussão. Em todo lugar as pessoas dizem: você está sendo investigado. Ninguém mais do que eu quer que essa investigação seja concluída.
Segundo Jucá, o governo Dilma Rousseff estava paralisado pela Operação Lava-Jato e disse que Michel Temer tem agora o papel de fazer um governo de “salvação nacional”.
- O governo Michel Temer não tem nenhum indicador de corrupção. É um governo de mudança e está sendo e será sentida pela sociedade.
'NÃO HÁ DEMÉRITO EM SER INVESTIGADO'
Jucá reafirmou o que disse em outras entrevistas de que “não há demérito em ser investigado, há demérito em ser culpado”. Ele disse também que sempre apoiou a Lava-Jato, inclusive sendo favorável à recondução do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao cargo.
- Da minha parte, sempre defendi, explicitei e apoiei com atos a Operação Lava-Jato. O Brasil terá uma outra história após a operação Lava-Jato. Nunca tratei com ninguém, nem no Supremo, nem no Ministério Público para tentar interferir em qualquer investigação ou resultado dela.
Ele ainda explicou que, ao falar que é preciso “estancar a sangria”, ele se referia à paralisia da economia. Ele criticou a “generalização” de que todos os políticos estão envolvidos em corrupção e que “paira uma nuvem negra” sobre todos os políticos que citam a Lava-Jato.
- É muito importante estancar a paralisia do Brasil, estancar a sangria da economia e do desemprego e também delimitar quem tem culpa e quem não tem culpa. Hoje há uma generalização que não é boa para a política brasileira.
Questionado ainda sobre a parte da gravação em que ele diz que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, está “morto”, Jucá explicou o contexto:
- O Renan Calheiros não concordava com a solução Michel e entende que fortalece o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha está numa situação difícil, está com os problemas dele. O Eduardo está morto, coitado, está cuidado da vida dele, não vai interferir para atrapalhar o Renan.
AGENDA ECONÔMICA
Jucá, afirmou que a agenda econômica do governo Michel Temer não fica prejudicada pelo vazamento das conversas. Segundo o ministro, a repercussão em torno do áudio “cria uma onda”, mas não atrapalha a pauta.
Ao ser perguntado sobre o fato de o mercado financeiro ter começado o dia turbulento e se isso estaria relacionado a sua permanência no comando do Planejamento, Jucá rebateu:
- Na vida, tudo tem duas leituras. A Bolsa pode ter entendido que, se eu sair, será ruim para a economia. Eu faço uma leitura diferente do respaldo que eu tenho junto aos agentes econômicos.
E acrescentou depois:
- A Bolsa pode ter caído com a possibilidade de eu cair. Vamos ajudar a economia, vamos levantar a Bolsa.
O ministro lembrou que o presidente interino Michel Temer vai nesta segunda ao Congresso entregar o projeto que altera a meta fiscal de 2016, cuja votação deve ocorrer amanhã. Segundo ele, esse é seu foco de trabalho.
- A divulgação desses áudios faz uma onda, mas não tem consequência prática em nenhuma votação de interesse do governo. Hoje, às 16 horas, levaremos a proposta (de alteração da meta) ao presidente do Senado, Renan Calheiros, e há previsão de se votar amanhã. Essa é uma prioridade do Brasil. Esse é o meu foco. Eu me submeterei à operação Lava-Jato, mas ela não é o meu foco.

O Globo on line/Foto - Andre Coelho 

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