Dois ministros do presidente interino, Michel Temer, são investigados na Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras. Temer, que declarou apoio à operação em seu discurso de posse, também é citado pelo senador cassado Delcídio do Amaral, como mostrou o blog em março. 

A decisão de Temer proporciona foro privilegiado, a partir de agora, para dois deles, que passam a ser investigados  no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Escolhido para comandar o Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Romero Jucá (PMDB-RR) é investigado na Lava Jato e na Zelotes, que apura suspeitas de manipulação de julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda. 

O ex-diretor da Petrobras e delator Paulo Roberto Costa afirmou que negociou com Jucá apoio para sua permanência no cargo em troca de propinas ao partido. Jucá admitiu à Polícia Federal que pediu dinheiro ao dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, para a campanha de seu filho, Rodrigo Jucá, mas negou ter associado o pedido à contratação da empresa.

O outro ministro investigado é Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), escolhido para a pasta do Turismo. Henrique Alves, que foi ministro também no governo Dilma, é suspeito de receber propina disfarçada de doações eleitorais de Léo Pinheiro, dono da OAS. Alves diz que suas doações foram legais e declaradas à Justiça eleitoral. 

No caso do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), o nome dele aparece citado nas investigações da Lava Jato, sob suspeita de favorecer a empreiteira OAS com sua influência política. Ele nega as irregularidades.

Além deles, Temer escolheu cinco ministros citados na lista da Odebrecht apreendida pela Polícia Federal na 23ª fase da Lava Jato. Neste caso, no entanto, a Polícia Federal não sabe ainda se há ilegalidade, pois a lista cita mais de 200 políticos e 24 partidos.