Segundo publicação
britânica, em uma semana de governo, Temer já começou a retroceder em políticas
sociais, podendo afetar população mais pobre
Reportagem publicada
no jornal britânico The
Guardian nesta sexta-feira (20/05) afirma que,
em sua primeira semana, o governo interino de Michel Temer já começou a
retroceder em muitas das políticas sociais colocadas em prática pelos governos
do Partido dos Trabalhadores, em uma tentativa de “apagar” a influência da
legenda.
De acordo com a reportagem, estão em movimento
alterações para “suavizar” a definição de trabalho escravo, reverter demarcação
de terras indígenas, cortar investimentos do Programa Minha Casa Minha Vida e
privatizar aeroportos, Correios e outros serviços.
As medidas de austeridade, justificadas como
necessárias pelo novo governo para recuperar a economia, são vistas por seus
críticos como “um movimento em direção a uma política neoliberal da velha elite
que depôs a presidente Dilma Rousseff”.
De acordo com o professor Renato Boschi, da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro, “nem mesmo [Mauricio] Macri
[presidente da Argentina] é tão de direita quanto o governo Temer”.
A matéria diz que as mudanças têm levado a
manifestações contra o governo no país e até no Festival de Cannes, na França,
onde a equipe do filme “Aquarius” realizou
um protesto na terça-feira
(17/05).
De acordo com a publicação, apesar de Temer afirmar
não ter interesse nas eleições de 2018, “ele está impedido de concorrer devido
a violações em processos eleitorais anteriores – e ele é tão não apreciado que
ele não teria uma chance de vencer nem que quisesse”.
A matéria argumenta também que, embora sejam
necessárias mudanças para combater a recessão, os ajustes deverão piorar as
condições dos trabalhadores mais vulneráveis, principalmente no ramo da
agricultura e processamento de alimentos.
A reportagem diz que o novo ministro da Agricultura
(Blairo Maggi), “um magnata da soja que é um dos homens mais ricos do Brasil”,
já propôs uma legislação que exclui as condições degradantes de trabalho e
jornada exaustiva como elementos definidores de trabalho análogo à escravidão.
Além disso, ele faz parte do lobby de ruralistas que atua para mudar a política
de demarcação de terras.
O jornal ainda lembra que, antes de ser afastada,
Dilma assinou decreto destinando 56 mil de hectares para reforma agrária e
territórios quilombolas, mas que assessores de Temer sinalizaram que os
decretos podem ser revogados. Segundo a reportagem, muitos ambientalistas
estavam insatisfeitos com o governo de Dilma, mas temem que a situação pode
piorar com o novo governo.
Sobre o novo Ministério das Relações Exteriores, o Guardian diz que as alianças com governos de esquerda como
Venezuela, Bolívia e Equador deverão ser “coisa do passado” — o novo chanceler,
José Serra, afirmou em seu discurso de posse, que a diplomacia agora deverá
refletir os interesses da economia e não mais “preferências ideológicas de um
partido político e seus aliados estrangeiros”.
Mais “controversas”, segundo o jornal britânico,
deverão ser as reduções de gastos sociais, ao citar a declaração do novo
ministro da Saúde, Ricardo Barros, de que o governo não tem condições de arcar
com o Sistema Único de Saúde.
“Em seu discurso inaugural, Temer prometeu manter
os programas de bem-estar social e tem dito que os cortes não afetarão os
pobres, mas seus ministros sugerem que esse pode não ser o caso”, diz a
publicação.
De acordo com o jornal, “liberais econômicos estão
em sua maioria contentes nessa primeira semana”, enquanto entre os setores de
esquerda há “consternação”.
No Opera
Mundi
Nenhum comentário:
Postar um comentário