É possível que a postura da mídia corporativa esteja
dando uma forte contribuição para mais dificuldades da candidatura de Aécio
Neves do PSDB à presidência.
Senão, vejamos.
Durante os últimos seis meses fomos todos assaltados por
notícias diárias, em TVs, jornais, revistas, emissoras de rádio, de que a Copa
no Brasil seria um definitivo desastre.
Os estádios não ficariam prontos, com sérios riscos para
quem neles adentrasse para ver os jogos.
A infraestrutura de transportes tornaria impossível
chegar aos locais de jogos.
E a segurança pública seria incapaz de conter as
gigantescas manifestações das ruas durante o evento.
Pois é, as coisas ficaram complicadas para a mídia
corporativa que esperava lucrar com o caos.
E com isso dar um empurrãozinho na candidatura de Aécio
Neves, seu preferido nas eleições de outubro.
Não deu.
Ceticismo e má vontade da mídia local foram largamente
rebatidos por TVs, e jornais que mandaram suas correspondentes cobrir a Copa do
Mundo no Brasil.
Os aeroportos funcionam sem problemas, ninguém teve dificuldades
com transportes para os estádios e as manifestações de rua estão limitadas a
gatos pingados, decepcionados com a baixa adesão de companheiros que preferem ficar
em casa para ver os jogos.
As brigas nos estádios ou fora deles praticamente não
aconteceram até agora e as chamadas ocorrências policiais mais importantes -
pelo menos até hoje, dia cinco de julho - envolveram gangues de cambistas
talvez envolvidos com funcionários da FIFA.
Pois é. O que faz a mídia conservadora agora, diante
desse quadro desolador para seus objetivos na eleição de outubro?
De cara esconde num site só para tabletes, O Folha 10, a
pesquisa Datafolha que mostra Dilma Rousseff subindo 4 pontos na corrida
presidencial. Vamos ao texto da pauta quase esquecida. Ou quase escondida.
A "Folha
10" desta semana destaca a pesquisa Datafolha, que mostra melhora no humor
do brasileiro e crescimento de Dilma Rousseff nas intenções de voto após o
início da Copa.
A pesquisa,
finalizada na quarta-feira (2), revela que a proporção de eleitores favoráveis
à Copa no Brasil subiu de 51% para 63% em um mês. O orgulho com a realização do
Mundial saltou de 45% para 60%.
Já as intenções de
voto em Dilma avançaram de 34% para 38%, e a aprovação do governo variou
positivamente, de 33% para 35%.
Claro que os números
de Aécio Neves ficaram esquecidos no Folha 10.
Outra pauta quase esquecida durante a Copa foi a tentativa
de ligar a tragédia de Belo Horizonte aos projetos inacabados do governo
federal para a Copa.
Deu em nada.
O próprio prefeito Maurício Lacerda, do PSB de Eduardo
Campos foi à televisão dizer que a prefeitura da cidade era a única responsável
pela obra que nada tinha a ver com a Copa.
Então a questão é: como reagirá o respeitável público
diante de um desastre previsto pela mídia que não aconteceu?
O governo Dilma Rousseff ganhará mais alguns pontos como
já mostra o Datafolha? A credibilidade da mídia será a mesma a partir de agora?
E a Copa?
O Brasil parece ir aos trancos e barrancos e para o jogo
mais difícil - pelo menos em tese - até agora vai sem Neymar e Tiago Silva.
Não é pra desesperar.
Em 62 ficou sem Pelé, incontestavelmente o melhor jogador de futebol de todos os tempos, e Amarildo, um reserva que não tinha
esperanças de entrar em campo, fez dois gols que ajudaram nas vitórias.
Ora direis, mas lá estava em campo o fantástico Garrincha
que marcou gol de cabeça e de pé esquerdo, foi expulso de campo, mas voltou no jogo porque o respeitável público assim o exigiu e a Fifa concordou.
É verdade, mas Agora a Copa é no Brasil e nenhuma das
seleções que vão às semifinais mostrou um futebol maravilhoso, imbatível e
coisa e tal.
E mesmo alguns imbatíveis como o próprio Brasil de 1950,
a Hungria de 54 e a Holanda de 74 depois acabaram vices.
E mais, o futebol é aquele esporte que produz coisas como
a saída - já na primeira fase - de seleções como a Espanha e a Inglaterra e
leva a Costa Rica a ser eliminada nos pênaltis pela favoritíssima Holanda.
E nessa Copa, convenhamos, ninguém até agora tomou a si o
brilho capaz de ofuscar ao limite os olhos das multidões de fanáticos.
Texto: José Attico
Texto: José Attico
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