O Banco Santander enviou um informe, via talões de cheques, a seus
clientes mais abastados dizendo que, caso Dilma Rousseff se estabilize ou
volte a subir nas sondagens para as eleições de outubro, o cenário
macroeconômico poderia se deteriorar, com câmbio desvalorizado, juros mais
elevados e o índice Ibovespa em baixa.
A notícia deixou em pânico os frequentadores de butecos do Oiapoque ao
Chui.
Os bailes funks pararam a música por um minuto de atenção.
Os moradores dos conjuntos residenciais do Minha Casa Minha Vida, estão
marcando às pressas reuniões de condomínio para saber o que devem fazer diante
da queda da Bolsa.
E o pessoal do bolsa família já pensa em marchar para Brasília para impedir
que o desastre possa gerar alguma redução no que recebem todo mês.
Pois é. O Santander é um banco que passa por um momento não muito
brilhante em sua sede, a Espanha.
O país é uma vítima do alastramento pela Europa da crise dos chamados
subprimes, gerada nos Estados Unidos e que se espalhou pelas economias mais
vulneráveis do velho continente.
A crise é de 2008, mas até agora a Espanha não encontrou uma fórmula de
debelar os altíssimos índices de desemprego entre outras tantas mazelas que
afetam a economia do país.
É pouco provável que o Santander esteja em crescimento por lá.
É mais provável que seus acionistas lucrem bem mais na aposta
brasileira.
Afinal o Brasil é a sexta maior economia do mundo - a Espanha é a décima
terceira - e nunca pensou incluir no
cálculo do Produto Interno Bruto, atividades como o contrabando, o tráfico de
drogas e a prostituição.
Essa prática, por absurdo que pareça, vai melhorar – a partir de setembro
- a posição de algumas economias europeias como a inglesa e a italiana. Mas...
deixa pra lá.
O Santander percebeu a mancada e pediu desculpas logo depois, mas são
desculpas desnecessárias.
Afinal os donos de contas abastadas, já detestam Dilma Rousseff e não precisam da ajuda do Santander para
votar no candidato neoliberal Aécio Neves.
Quanto ao Banco é provável que alguns correntistas - aqueles que entram em
filas intermináveis para pagar suas contas - troquem o Santander pelo Banco do
Brasil, Itaú,Bradesco, Caixa Econômica, todos eles mais bem ranqueados do que o
banco espanhol.
E quando aos funcionários que bolaram o texto de aviso aos milhardários?
Já devem ter tomado o caminho de volta à península ibérica para um
merecido repouso pós-demissão.
Texto: José Attico
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