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segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Sem Fórmulas para Deixar a Bebida

Uma pessoa que conheço faz tempo, e que parece estar a par da minha vida mais do que eu gostaria, pede que eu diga como consegui controlar a bebida. Um seu irmão acaba de perder o emprego porque, com frequência, chegava tarde e com claros sinais de que havia passado antes no botequim. O cara tem dois filhos pequenos e a mulher não trabalha.

Explico que na verdade não consigo controlar totalmente a bebida. Quando muito passo três ou quatro meses de completa abstinência. Há alguns anos consegui me manter longe da vodca por oito meses. Uma só vez.

Gostaria de ter uma fórmula, mas não tenho. No meu caso, quando era um trabalho diário, só bebia nas sextas-feiras depois do expediente. Às vezes esticava até sábado pela manhã, mas ficava careta no domingo. Mas regras têm exceções.

Duas exceções foram minhas passagens pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Teresópolis e pela direção do jornal A Gazeta. No primeiro caso o prefeito foi benevolente o tempo todo, mas foram poucas faltas, três ou quatro, durante os dois anos em que fiquei por lá. Saí quando a administração mudou.

No jornal, a mudança radical que implantei, usando os conhecimentos de minha passagem pelo O Globo, e depois por um jornal em Nova Friburgo, me credenciaram junto ao proprietário. E depois, algumas ausências, às vezes dois dias sem aparecer, não chegavam a fazer cair o nível. O dono do jornal nunca falou sobre essas faltas e a pessoa que me substituía mantinha o padrão e a bola era tocada pra frente sem maiores problemas.

Troquei o jornal pela TV Serramar, que na época pertencia ao grupo Globo, e esse foi um dos maiores erros que cometi na vida. Fiquei menos de dois meses em Friburgo, a sede da emissora, num ambiente tóxico. Na volta nem tentei reassumir A Gazeta. Voltei a TV Serramar no ano seguinte, mas saí sem completar dois anos, novamente brigado com a chefia imediata.

Bom, o que pude dizer a quem me pediu uma fórmula para deixar de beber, ou pelo menos não beber todo dia, é que não há fórmula.  Mas quando você precisa mesmo do emprego, as chances de diminuir o uso do álcool são maiores. Eu disse isso a meu interlocutor. O ócio, ou a possibilidade do ócio, é ruim para quem bebe.

Como não consigo controlar totalmente a necessidade de beber, tento uma vida saudável - caminho dois quilômetros todos os dias pela manhã - e estou sempre ocupado lendo alguma coisa. Recentemente li todos os romances de Machado de Assis e Eça de Queiroz para comparar os dois autores. Depois li toda ou quase toda a obra do uruguaio Eduardo Galeano. Agora estou levando meu Blog a sério.

Ainda assim passei uma semana de outubro dedicada à cerveja. E junto consumi uma garrafa de Velho Barreiro. Fiquei mal. A recuperação é cada vez mais lenta e difícil. Agora, aos 80 anos, preciso de pelo menos uma semana para voltar ao que chamo normal.

Meu amigo não ficou nem um pouco satisfeito com o que eu disse.

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