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quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Nicolás

Tenho certa dificuldade para entender o que o presidente venezuelano Nicolás Maduro pretende quando ameaça tomar da Guiana a região de Essequibo. Numa primeira abordagem parece que o objetivo é eleitoral. Maduro estará repetindo o que fez no passado o ditador argentino Leopoldo Galtieri.

Quando a ditadura já estava por um fio o general presidente invadiu as Ilhas Malvinas, uma possessão inglesa ao largo da costa de seu país. Tropas inglesas rapidamente retomaram o território e também rapidamente a ditadura caiu, com a prisão de seus principais protagonistas.

Maduro, que está no poder pelo voto, pode estar se encaminhando para um fim meio parecido.

O presidente venezuelano talvez não consiga dimensionar os riscos a que se expõe. A Venezuela é um dos maiores produtores de petróleo do planeta e uma incursão dos marines em seu território, pode fazer com que a Haliburton, a Exxon, a Chevron e outras petrolíferas passem a ser as proprietárias de todo o petróleo do pais. A PDVSA desapareceria.

 Os precedentes existem. Antes da descoberta de reservas de Xisto, mineral que pode ser transformado em combustível, no Texas e Novo México, os Estados Unidos perceberam que o petróleo produzido em seu território começava a dar os primeiros sinais de esgotamento.

Em duas manobras, uma para depor o “sanguinário” ditador líbio Muamar Kadhafi, e outra para desbaratar armas de destruição em massa (nunca encontradas) no Iraque, os americanos Unidos tornaram propriedade de suas empresas todo o petróleo de ambos os países. Kadhafi foi linchado nas ruas quando tentava fugir e Saddan Houssein foi rapidamente enforcado pelas tropas americanas.

Segundo alguns sites, as reservas de xisto podem já ter seu pico de exploração ultrapassado, mas é possível que os Estados Unidos, embora relutantes, também comecem o processo de transição para as energias renováveis. Bom para a Venezuela. 

Além disso, uma guerra, mesmo contra um país chamado de “em desenvolvimento,” e que pode ser vencida em questão de semanas, vai gerar gastos elevados e, assim, talvez iniba um pouco o apetite das petrolíferas. Talvez seja uma questão a ser resolvida pesando-se custo/benefício. Em contraponto há o interesse permanente da indústria bélica americana em conflitos pelo mundo.

Claro que os americanos não ficariam só com a posse do petróleo venezuelano. Essequibo, uma imensa área onde além do petróleo existem outros minerais em minas que passariam às mãos de empresas americanas.

Para o Brasil a presença americana na fronteira seria indícios de problemas. A Amazônia brasileira estará a minutos de voo a partir de futuras bases dos Estados Unidos em Essequibo.

A posição de Nicolás Maduro pode fazer com que ele mantenha o poder, mas, se a coisa não der certo, a Venezuela corre o risco de ser um novo Iraque. Ou uma nova Líbia, como queiram.

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