Fiz o Curso Clássico, o equivalente ao que hoje é chamado de Ensino Médio. Em meados dos anos 60 era possível escolher entres os cursos Científico – Física, Química, Matemática – e Clássico – Línguas, Literatura, História do Brasil, História Geral, Geografia.
Fui
devidamente reprovado, já na primeira série do Científico, pela minha total
incapacidade de lidar com a maior parte das matérias do currículo. Aconteceu
quando eu já estava com 17 anos. Meu pai, cansado de pagar colégios caros:
Santo Agostinho no Leblon, Rio de Janeiro em Ipanema, acabou por fazer minha
matrícula no Colégio Souza Aguiar, público, curso noturno, Centro do Rio.
Essa troca
mudou minha vida. De péssimo aluno, passei a aluno brilhante, principalmente nas
aulas da professora Bela Josef, catedrática de Literatura Latino America na
UFRJ e professora, também de Literatura, no Souza Aguiar. Dona Bela gostava dos
meus textos e meu prestígio ia além, porque nessa época alguns contos escritos
por mim foram parar nas páginas do Caderno Literário do jornal Correio da
Manhã. (Isso existia naqueles tempos!)
Calos Heitor
Cony e José Louzeiro, escritores e colegas de redação do meu pai no Correio,
não só incentivaram minhas incursões pela Literatura, como corrigiram meus
textos e fizeram com que fossem publicados. Nesse mesmo Caderno Literário eram
publicadas matérias dos maiores nomes da literatura brasileira, como Guimarães
Rosa, um exemplo de que me lembro bem e outros.
Otto Maria
Carpeaux, José Lino Grunewald, Paulo Francis, outros jornalistas e críticos de
arte também estavam no Caderno. De vez em quando algum nome do passado
aparecia, de repente - um texto inédito de Lima Barreto!? – nas páginas do
Correio da Manhã.
Ainda me
lembro de uma frase do Cony no apartamento dele no Posto Seis, Copacabana,
terminado o copy desk do meu conto O Bêbado, o primeiro a ser publicado
no Caderno Literário: “Você é um escritor, tem que seguir na profissão senão
vai ser um frustrado”. Por motivos diversos não segui na profissão. Fui para a
Faculdade, Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Brasil, hoje UFRJ,
e virei repórter do O Globo. Primeiro na editoria de cidade; depois na de
polícia, à noite.
Ah, escrevi
um livro: Breve Estada em Teresópolis, que pode ser lido, na versão
eletrônica, na Amazon. É uma novela (era
assim que se chamavam textos maiores que contos, menores que romances) que
mistura jornalismo e bebida, muita, muita bebida!!!
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