Visite Também

Visite também o Conexão Serrana.

sábado, 2 de dezembro de 2023

Cony, Louzeiro e o Caderno Literário

Fiz o Curso Clássico, o equivalente ao que hoje é chamado de Ensino Médio. Em meados dos anos 60 era possível escolher entres os cursos Científico – Física, Química, Matemática – e Clássico – Línguas, Literatura, História do Brasil, História Geral, Geografia.

Fui devidamente reprovado, já na primeira série do Científico, pela minha total incapacidade de lidar com a maior parte das matérias do currículo. Aconteceu quando eu já estava com 17 anos. Meu pai, cansado de pagar colégios caros: Santo Agostinho no Leblon, Rio de Janeiro em Ipanema, acabou por fazer minha matrícula no Colégio Souza Aguiar, público, curso noturno, Centro do Rio.

Essa troca mudou minha vida. De péssimo aluno, passei a aluno brilhante, principalmente nas aulas da professora Bela Josef, catedrática de Literatura Latino America na UFRJ e professora, também de Literatura, no Souza Aguiar. Dona Bela gostava dos meus textos e meu prestígio ia além, porque nessa época alguns contos escritos por mim foram parar nas páginas do Caderno Literário do jornal Correio da Manhã. (Isso existia naqueles tempos!)

Calos Heitor Cony e José Louzeiro, escritores e colegas de redação do meu pai no Correio, não só incentivaram minhas incursões pela Literatura, como corrigiram meus textos e fizeram com que fossem publicados. Nesse mesmo Caderno Literário eram publicadas matérias dos maiores nomes da literatura brasileira, como Guimarães Rosa, um exemplo de que me lembro bem e outros.

Otto Maria Carpeaux, José Lino Grunewald, Paulo Francis, outros jornalistas e críticos de arte também estavam no Caderno. De vez em quando algum nome do passado aparecia, de repente - um texto inédito de Lima Barreto!? – nas páginas do Correio da Manhã.

Ainda me lembro de uma frase do Cony no apartamento dele no Posto Seis, Copacabana, terminado o copy desk do meu conto O Bêbado, o primeiro a ser publicado no Caderno Literário: “Você é um escritor, tem que seguir na profissão senão vai ser um frustrado”. Por motivos diversos não segui na profissão. Fui para a Faculdade, Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Brasil, hoje UFRJ, e virei repórter do O Globo. Primeiro na editoria de cidade; depois na de polícia, à noite.

Ah, escrevi um livro: Breve Estada em Teresópolis, que pode ser lido, na versão eletrônica, na Amazon.  É uma novela (era assim que se chamavam textos maiores que contos, menores que romances) que mistura jornalismo e bebida, muita, muita bebida!!!

  

Nenhum comentário:

Postar um comentário