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quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Quarteto em Cy

Cyva, Cybele, Cynara, Cylene. Saber que mais uma das meninas morreu dias atrás me deixa bastante triste. Parece que três delas já nos deixaram.  É que em determinado momento minha vida e a do Quarteto em Cy tiveram um encontro. Que acabou não durando muito tempo, um ano ou dois, talvez.

Mas minha memória ainda registra de maneira clara esse tempo. Em 1962 meu pai, cansado de pagar colégios caros – O Santo Agostinho, no Leblon e o Colégio Rio de Janeiro em Ipanema e me ver ser inapelavelmente reprovado, fez minha matrícula no Colégio Estadual Souza Aguiar, no Centro do Rio, curso Clássico. Não fui pessoalmente fazer a matrícula porque estava servindo o Exército no Oitavo Grupo de Artilharia Motorizada, quartel no Leblon.

Curso Clássico foi como a entrada num novo mundo. Porque não precisava estudar Física, Química, Biologia, Matemática, matérias responsáveis pelos meus fracassos anteriores. De aluno relapso passei a brilhar nas aulas de português e literatura. Minha professora, catedrática de língua hispânica da Universidade do Brasil (Hoje URRJ) gostava dos meus testos.

Alguns contos que escrevi foram parar no Caderno Literário do Correio da Manhã, aumentando meu prestígio.  Na minha sala encontrei Cylene, a mais nova das irmãs e que, aliás, deixou o Quarteto quando começava a fase de sucesso. Gravação de discos, shows, acompanhando gente como Tom Jobim e Vinícius de Morais. 

Claro que eu tentei namorar Cylene. Afinal pelo menos nas aulas de literatura eu era o cara! Não deu, ela já namorava um futuro médico com quem, aliás, se casou. Isso no primeiro ano do curso. Acho que hoje se chama primeiro ano do Segundo Grau.

 Acho que fomos nos tornando amigos porque depois das aulas caminhávamos pela Avenida Chile para pegar ônibus em direção a Zona Sul. As meninas moravam num apartamento no Flamengo, bem perto da praia. Eu morava no Jardim Botânico. Quem fazia o mesmo percurso, às vezes junto com o grupo, era a futura estrela, Leila Diniz. Mas Leila morava em Santa Teresa e ficava no meio do caminho na Avenida.

Para que se tenha ideia da amizade, estive próximo de um acontecimento que marcou a vida das meninas do quarteto. Numa de suas loucuras, simpáticas loucuras, Vinícius de Morais, de repente resolveu tomar o rumo da Europa. E quis levar a Cynara com ele. Uma viagem às pressas, por motivo indecifrável. Apesar da proximidade, apesar da importância para o grupo ter o poetinha por perto, a recusa veio acompanhada de um tremendo stress.

Mas nada mudou. Recusado, Vinícius, levou consigo a noiva de um rapaz, filho de um grande empresário, que fazia parte do grupo que vicejava em torno dele. Cynara veio desabafar comigo, e eu realmente não sabia o que dizer.

Outra passagem que lembro bem foi quando eu e meu colega de turma Sebastião Chaves, estávamos no apartamento do Flamengo com as duas irmãs mais velhas, Cywa e Cybele. As duas irmãs mais novas tinham ido à Bahia visitar a mãe.

 Não tenho a menor ideia de como fomos parar lá, nem o motivo. Até porque entre nós – eram outros os tempos – nunca houve nada mais do que amizade. No meio da noite Cywa teve um momento de pânico, quando de repente uma espécie de visão das irmãs ensanguentadas, vítimas talvez de um acidente na estrada, fez com seus nervos fossem seriamente abalados. Eu e Sebastião tratamos de acalmar as coisas e a noite terminou.

Nessa época Cynara já devia ter concluído o curso e eu já estava namorando minha mulher. Minhas relações com meus amigos mais íntimos iam esfriando, incluída aí turma do colégio Souza Aguiar, que nunca mais encontrei.

      

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