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segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Dida!

 Não vi Zizinho jogar! Ou talvez tenha visto ainda muito pequeno. Mas depois de Zico o alagoano Edvaldo Alves de Santa Rosa, o Dida, foi o melhor jogador que já usou a camisa 10 do Flamengo. Para se mensurar a importância desse meia ponta de lança, basta a constatação de que na Copa do Mundo vencida pelo Brasil na Suécia, em 1958,  Dida saiu daqui titular. O técnico Vicente Feola escalou Dida no primeiro jogo, deixando Pelé no banco. No segundo jogo, aconselhado por jogadores mais experientes, o técnico trocou Dida por Pelé e Joel por Garrincha.

Muitos anos depois tive oportunidade de fazer uma entrevista com o craque dos anos 50. A matéria nunca foi publicada, mas ainda me lembro de alguns detalhes.

Naquele momento o que ouvi pareceu um desabafo. Dida contou que pouco antes da viagem para Estocolmo, sofreu uma lesão grave (acho que no joelho). O Brasil ia fazer seu jogo de despedida no Maracanã e ele foi avisado de que se não entrasse em campo seria cortado da seleção. Entrou. Segundo escrevi na época, não tinha a menor condição e sua atuação no jogo contra o Paraguai foi pífia.

Depois da partida de estreia, Dida permaneceu na reserva o resto da Copa. É bom lembrar que naquele tempo não havia substituição. Se alguém se machucasse o time ficava com dez e bola pra frente.. “Eu fui reserva do Pelé, o maior de todos os tempos”, lembrou na entrevista. Ele não voltou mais à Seleção Brasileira. Sua carreira entrou em declínio e ele e seu parceiro, o centroavante Henrique Frade foram jogar na Portuguesa de São Paulo.

Há outras histórias que não me lembro se estiveram na entrevista ou eu li em jornais do passado. Uma delas me leva a antiga concentração do Flamengo num casarão em São Conrado. Na época, me lembro bem, ficava numa área deserta; as ruas eram de saibro e a vizinhança distante. Dida às vezes ficava sozinho no casarão e até pensou em voltar fugido para Maceió.

Não fugiu. Seu companheiro e admirador, o zagueiro Jadir teve pena do garoto nordestino e passou a levar, nos fins de emana em que não havia jogo, o camisa 10 para sua casa na Mangueira. A mulher do jogador apontado como o mais violento do futebol do Rio naqueles anos (Dida confirmou) cozinhava para o camisa 10 do Flamengo e o craque acabou desistindo de voltar para Alagoas.

Sobre Jadir Dida contou o sufoco que era treinar contra o zagueiro. “Quando um de nós voltava de alguma contusão começava o treino no time reserva. E Jadir avisava: “não tem essa de gracinha na minha frente”. Mas o técnico Fleitas Solich, paraguaio vencedor de três campeonatos seguidos no Rio, não queria saber de jogador medroso. “Se eu não fosse pra cima o homem me tirava do time”, lembrou.

Depois da Copa de 58, segundo pessoas que viviam o futebol do Flamengo, a carreira do número 10 começou a declinar também por causa da bebida. Dida perdeu a posição de titular e acabou transferido para a Poruguesa de São Paulo. Mais tarde, no Júnior Barranquilha da Colômbia pode experimentar, de novo um pouco da glória passada.



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