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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Oposição Aflita


A rapaziada que gosta de ser chamada de oposição deve estar aflita, ligando todas as manhãs para as redações de jornais e TVs em busca de orientações.


A prática é antiga e vem desde os tempos de Luiz Inácio Lula da Silva, quando as famiglias que dominam a mídia no Brasil passaram a nortear o comportamento de deputados e senadores do PSDB, DEM e PPS. Mas há alguma coisa de novo no ar.

O fato novo e um tanto estranho aconteceu há duas semanas quando os tucanos forçaram um encontro entre Dilma Rousseff e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Logo depois FHC disse aos repórteres de plantão que Dilma deveria ser apoiada.

O apoio tinha relação direta com a chamada faxina (palavra que Dilma detesta) que estava (a ainda está) sendo feita em alguns ministérios, com a expedição de algumas figurolas – oriundas do governo Lula – para destinos, digamos, menos nobres. Os ministros dos Transportes, Agricultura e Cidades foram defenestrados depois que a Polícia Federal bateu ponto em seus gabinetes e cercanias.

É possível imaginar que o encontro promovido pelos tucanos e o apoio de FHC à sua conduta seja uma tentativa de reaproximação com os tucanos. Isso porque Dilma não leva para o planalto a carga de estereótipos que perseguiu Lula durante seus dois mandatos. Lula era um “operário analfabeto”, o que despertava a ira entre a classe média que vota no PSDB.

Dilma é uma mulher de classe média com terceiro grau. Então ao mesmo tempo em que é digerível pelos grupos menos conservadores pode estar levando para o PT e agregados preciosos votos que Lula jamais conquistaria a despeito do crescimento econômico e da nova postura do Brasil no cenário internacional.

A aproximação se justifica em primeiro lugar pela sobrevivência (quem ficará ainda na oposição depois que o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab montar o se PSD?) e depois porque pode ser interessante – para governo e tucanos – reduzir a força do hoje poderoso PMDB.

Ainda é cedo para uma análise mais aprofundada do apoio de FHC a Dilma. Até porque alguns setores tucanos vão, com certeza, execrar a postura na medida em que perdem suas bandeiras eleitorais. Mas talvez diminua, nas redações, a peregrinação de políticos que precisam, e muito, saber o que devem dizer nas tribunas e entrevistas quando requisitados.

Texto: José Attico

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