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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

E os corruptores?


Deu no Informe JB:

PSDB e DEM encabeçam o apoio à CPI mista da corrupção. Após inúmeras denúncias contra o governo, já era de se esperar que alguém desse um pontapé no movimento. O problema é que, mesmo entre os parlamentares de oposição ao governo, predomina a descrença em torno da iniciativa. O PSOL e o PPS também apoiam a CPI. 
Velha história

A discordância gira em torno da maneira como a oposição aborda uma possível investigação. Alguns deputados dizem que PSDB e DEM definem corrupção como irregularidades do PT. De acordo com os dissidentes, não há qualquer interesse em analisar a forte participação de grandes empresas no jogo político, inclusive dentro da própria Câmara. Em suma, a CPI serviria apenas de palco para a oposição tentar desmoralizar o governo.


Pois é.
O Brasil é um país estranho. Concordamos todos que os corruptos pululam, mas, estranhamente não há corruptores na Ilha de Vera Cruz. O caso mais esdrúxulo foi o chamado Mensalão que acabou punindo Roberto Jefferson, José Dirceu e outros que pularam fora do barco antes do julgamento.


 Boa parte dos acusados de recebimento de propina passou por algum aperto, mas, mesmo assim, conseguiu voltar ao Congresso.

Quanto a quem estava do outro lado do balcão, nem uma palavra. A mídia faz de conta que não sabe, mas o JB abriu hoje (7) uma exceção, mostrando que a corrupção é como no velho adágio, “uma via de mão dupla”.


Os néscios, os inocentes, os mal informados não têm a menor idéia do porque a maioria dos deputados optou por inocentar seus companheiros mesmo diante das chamadas “provas irrefutáveis”. Mesmo tendo que levar a pecha de “tão corruptos quanto”, “farinha do mesmo saco” e outras.


No máximo chegou-se ao publicitário Marcos Valério, o intermediário da transação. Valério chegou a ser preso, mas não abriu o bico. Os Correios, empresa pública e a Usiminas, privatizada na era FHC, chegaram a aparecer discretamente como corruptoras nos jornais da noite na TV, mas a coisa ficou por aí.

O processo será relatado para julgamento pelo ministro Joaquim Barbosa, mas o tempo leva, senão ao esquecimento, pelo menos ao desinteresse. Vida que segue, o caso do Mensalão já ultrapassou o período em que as pessoas conseguem ficar indignadas. E a decisão parece que ainda vai tardar.

Ninguém se perguntou de onde vinha o resto do dinheiro (a exceção, como visto, de Correios e Usiminas) que os parlamentares teriam recebido para votar com o governo.

Esse capítulo, aliás, merece uma reflexão. Os deputados do PT e partidos associados precisariam ter a “mão molhada” para votar com o Governo? É difícil imaginar José Genoíno, João Paulo Cunha e outros realmente menos votados cerrando fileiras com o DEM e o PSDB.

E mesmo os associados do PP, PMDB, PDT e outras siglas, com emendas garantidas pelo governo e companheiros de partido instalados nos ministérios precisariam de incentivo para não se juntar a Oposição nas votações? Os historiadores sérios devem dar gargalhadas no futuro.

A matéria da coluna Informe JB quebra o silêncio sobre o assunto que até mesmo a blogosfera trata com reservas. Se o repórter que veiculou o assunto está mesmo refletindo a opinião de “dissidentes da oposição” podemos ter uma tênue esperança de que se saiba quem são os corruptores?

É difícil. Do outro lado do balcão estão empresários que são anunciantes de peso da mídia e não gostariam de seus nomes e de suas empresas vinculados ao pagamento de propina. Ainda mais porque é possível que o pagamento aos deputados e senadores do Mensalão tenha origem no caixa 2.

Não é preciso nenhum malabarismo mental para explicar porque deputados - que dependem de recursos de empresas para suas campanhas - trataram de salvar a pele dos colegas.

Texto: José Attico

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