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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Acordo em Trípoli?

Deu na BBC:
Sarkozy desembarca na Líbia para comandar missão que discutirá futuro político do país. 
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, chegou hoje (15) a capital líbia, Trípoli, no comando de uma missão que foi ao país para discutir o futuro político da nação com o governo interino.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que junto com Sarkozy tem impulsionado a ação militar contra o regime do presidente Muammar Khadafi, também fará parte das negociações.

Pois é. Nos anos 70 durante a crise do petróleo e a criação da OPEP, as estimativas eram de que o petróleo da Líbia seria economicamente explorável por 30 anos.

Ou seja, o país perderia sua principal fonte de renda em torno de 2009/2010. Não aconteceu. O petróleo da Líbia continua movimentando países da Europa.

A chamada primavera árabe provocou uma troca de comando em Trípoli, mas a pronta intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN,  nos combates e a velocidade com que Sarkozy, Cameron e outros líderes europeus reconheceram os rebeldes é um sugestivo indício da vigência das velhas práticas do Ocidente.

A Líbia pós-Kadhafi vai ter que pagar a conta da participação dos aviões da OTAN nos combates. Conta alta, diga-se de passagem.

E o preço será possivelmente a privatização do petróleo líbio, com predomínio (ou totalidade) da presença de empresas francesas e britânicas na nova ordem econômica.

Foi assim no Iraque, mas lá a estatal do país passou para as mãos de empresas americanas, com um prêmio de consolação para o Reino Unido. Para quem não sabe ou não se lembra,

Dick Cheney, vice-presidentes na era George W. Bush, é um dos acionistas da Halliburton uma das maiores petrolíferas dos Estados Unidos. A empresa divide com outras, dedicadas à mesma atividade, a exploração e venda do petróleo iraquiano.

O cenário, é bom que ninguém se engane, vai se repetir na Líbia. Nações poderosas como os Estados Unidos e a Europa rica sempre tiveram as melhores relações possíveis com as ditaduras do norte da África. Muammar Kadhafi e Hosni Mubarak eram parceiros de Washington, Londres, Paris e Roma.

A pressão das ruas derrubando Kadhafi foi uma oportunidade de ouro para a conquista o petróleo líbio, mas no caso do Egito a coisa pode complicar. No momento o governo é controlado por militares que são de confiança do Ocidente. Mas essa situação vai se manter?

É possível, mas não muito provável. O Egito de Hosni Mubarak era uma espécie de avalista de Israel. Depois das guerras entre os dois países, os egípcios se contentaram em permitir que palestinos atravessassem a fronteira, através de túneis, levando de armas a mantimentos.

A prática tinha o aval de ambos os lados. Mubarak fechava os olhos para o contrabando e em troca não era hostilizado pelos soldados de Israel, apesar de alguns incidentes de fronteira terem acontecido através dos anos.

Permitindo que seu território fosse utilizado pelos palestinos, evitava maiores choques com a jihad islâmica e outros segmentos mais ou menos radicais como Hamas e Fatah.

Os próximos governantes do Egito terão a mesma postura?  Sarkozy e David Cameron não estão interessados nesse assunto no momento.

A hora e a vez é da Elf e da British Petroleum que estão dando um importante passo para a expansão de suas atividades no norte da África.

A primavera árabe, que parece estar arrefecendo, pode, no caso egípcio, trazer surpresas a médio e longo prazo.

Texto: José Attico




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