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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A mídia brasileira e os carros chineses

A mídia local está furiosíssima com as medidas de proteção tomadas pelo governo no caso dos carros importados. (O governo aumentou em 30 pontos percentuais o imposto pago pelos importadores). 

Além de apavorar o respeitável público com a ideia de que o país vai sofrer retaliações que praticamente inviabilizem as exportações brasileiras, divulga com ênfase os “prejuízos” que serão causados às concessionárias que comercializam carros importados.
Miriam Leitão deu o pontapé inicial na sessão de terror, durante sua apresentação no Bom Dia Brasil de quinta-feira passada na Globo News; Folha e Estadão seguiram rápido a procissão dos neoliberais de carteirinha.
Falando de retaliações, é preciso botar, como se dizia antigamente, os “pontos nos iis”. Para começar as exportações brasileiras representam 15% da economia do país. Os 85% restantes giram no mercado interno.
Além disso, segundo matéria do Estadão “Os veículos importados de montadoras não instaladas no Brasil que custam até R$ 60 mil representam 3,3% do total de veículos comercializados no mercado. São esses os carros que competem com os veículos produzidos no País”.
É pouco e por isso mesmo é pouco provável que os chineses retaliem a posição brasileira.  Mas, ainda segundo o jornal paulista, “o presidente da Jac Motors, Sergio Habib, disse nesta sexta-feira, 16, que, "do jeito que está escrito o decreto hoje, o projeto de construção da fábrica da Jac Motors no Brasil é inviável". "Mas o projeto está mantido por enquanto, porque acredito que o governo vai mudar".
Se não mudar, as concessionárias que comercializam os veículos anunciados na TV por Fausto Silva não terão maiores problemas trocando carros chineses por outros já produzidos no Brasil e tocando a bola pra frente sem maiores delongas. E as montadoras européias, coreanas e japonesas ficarão agradecidas.
Os chineses não vão retaliar a posição brasileira, por que a Ilha de Vera Cruz é um importante destino dos milhares de quinquilharias, produtos pirateados, tecidos e calçados vendidos a preço de banana por aqui. A prática de Dumping (venda, digamos “com prejuízo”, para ganhar mercado) é uma tática que a China aplica mundo afora e o Brasil, claro, não é uma exceção.
Por outro lado boa parte do que o Brasil exporta - minério de ferro, soja e outros menos votados - é essencial para a economia do país de Hu Jintao. Existem outros vendedores de soja, ferro e outros menos votados, mas os chineses são bons comerciantes e sabem que, para manter preços em níveis estáveis, é preciso diversificar as compras.
Depois, mesmo sendo a maior potência no comércio mundial, os chineses começam a encontrar problemas. Seus produtos são baratos porque lá a mão-de-obra é, ainda, baratíssima e as empresas não pagam os chamados encargos sociais. Mas os salários estão aumentando. A derrubada das desigualdades, que impulsiona o crescimento do gigantesco mercado interno tem seu peso: as exportações vão ficar menos apetecíveis para os mercados nos próximos anos.
É pouco provável que os chineses desistam de montar a fábrica no Brasil, é difícil que venham retaliações só porque o país decidiu, ainda que timidamente, defender sua indústria automotiva.

Mas a mídia controlada por quatro ou cinco grupos familiares, no entanto, não se cansa de criticar qualquer medida que seja contra o ideário neoliberal. 

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