A “exclusividade” de UOL e Globo sobre os dados do Suiçalão, que permite
ao Globo divulgá-los a conta gotas, e estabelecer uma narrativa que proteja os
barões da mídia e os tucanos gordos que fazem parte da lista, tem data para
terminar.
O procurador-geral, Rodrigo Janot, informou que o Ministério Público do
Brasil firmou acordo com seu congênere francês, o qual lhe passará os arquivos
das contas secretas do HSBC suíço. E o MP repassará à CPI. Daí em diante, será
muito difícil que esses números não vazem para a sociedade.
Além disso, a desculpa esfarrapada dos flagrados de que “desconhecem” ou
“não se lembram” de suas contas na Suíça, também está com dias contados, porque
o Ministério Público brasileiro irá validar as informações suíças ou francesas,
dando-lhes peso de prova criminal.
Caso o Judiciário brasileiro tenha a mesma decência que seus congêneres
nos EUA, na Inglaterra e na França estão tendo, de cobrar e punir judicialmente
as empresas e indivíduos flagrados em esquemas de evasão fiscal, teremos uma
belíssima novidade no Brasil: ver tucano e barão da mídia caírem nas malhas da
lei.
Lembrando: os donos da Folha tem conta lá, a viúva
de Roberto Marinho tem conta lá, inúmeros barões da mídia tem contas lá, o ex-tesoureiro do PSDB tem
conta lá. Hoje sabemos que há desembargadores, juízes…
Tutti buona gente!
Reproduzo abaixo post de hoje do Fernando Rodrigues, que escondeu por
seis meses os dados do Suiçalão, alegando que só divulgaria nomes com
“interesse público”…
*
Rodrigo Janot: dados do HSBC serão
válidos como prova no Brasil
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) esteve no final da tarde desta 3ª
feira (31.mar.2015) com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e com o
secretário de Cooperação Internacional da Procuradoria Geral da República,
Vladimir Aras. Nessa conversa, soube-se o seguinte sobre o SwissLeaks:
1) Dados completos devem chegar em abril: Janot e Aras devem viajar à
França em abril para receber pessoalmente cópia do acervo de dados extraído da
agência de “private bank” do HSBC, em Genebra, no ano de 2008 por um
ex-funcionário da instituição. A viagem está sendo acertada entre os
Ministérios Públicos brasileiro e francês;
2) CPI terá os dados: Janot prometeu a Randolfe que assim que o
Ministério Público tiver a posse das informações, tudo será compartilhado com a
CPI do HSBC;
3) Dados são legalmente válidos: como os arquivos do HSBC foram furtados
do banco, as informações não poderiam, em tese, ser usadas como prova judicial.
Ocorre que a França recebeu os dados por meio de uma pessoa que fez uma
delação, nos moldes das que ocorrem na Operação Lava Jato.
Essa pessoa, Hervé Falciani (o ex-funcionário do HSBC em Genebra),
confessou crimes, ofereceu cooperação e forneceu provas materiais (os arquivos
do banco).
Nesse caso, o Estado francês validou os dados e passou a usá-los
judicialmente para recuperar dinheiro de cidadãos franceses depositado ilegalmente
na Suíça. Bélgica, Espanha e Reino Unido, entre outros, tomaram o mesmo
caminho.
Aos senadores da CPI do HSBC, Rodrigo Janot disse algo que pode ser o
pesadelo dos eventuais sonegadores brasileiros. É que o Brasil receberá
oficialmente do Estado francês os dados do HSBC. São informações validadas para
o uso do ponto de vista judicial, segundo o procurador-geral da República.
Janot demonstrou estar convicto de que o acervo do SwissLeaks poderá
receber essa interpretação no Brasil. Em resumo: quem não declarou seus
depósitos à Receita Federal nem informou sobre as operações ao Banco Central
poderá então ser processado a partir das informações do HSBC de Genebra.
Além de Randolfe Rodrigues, estiveram com Janot os seguintes senadores
integrantes da CPI do HSBC na reunião de ontem: Paulo Rocha (PT-PA), Fátima
Bezerra (PT-RN), Regina Sousa (PT-PI) e Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Em 2014, o ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos)
firmou uma parceria com o jornal francês “Le Monde” para investigar o caso. No
Brasil, o UOL e o “Globo” têm exclusividade na apuração.
Por Miguel do Rosário, postado em 1º de abril 2015 no Blog Cafezinho
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