Demóstenes
Torres, ex-senador, atacou, em artigo, as maiores lideranças do DEM e da
oposição.
A mídia,
que surpresa!, escondeu.
(Detalhe:
Agripino Maia foi há pouco indiciado pelo PGR por acusação de
ter recebido propina de mais de R$ 1 milhão).
Na capa
dos jornais, apenas o eterno Alberto Youssef, denunciando o tesoureiro do PT.
Quando o
mesmo Youssef denunciou Aécio Neves, dizendo que o tucano recebia mesada de 120
mil dólares de um esquema entre Furnas e a Bauruense, nada de capa, nada de
destaque.
A delação
de Youssef é a única que conta, e mesmo assim, apenas aquelas delações que
mordem o PT?
Agora,
fica a pergunta. Os senadores do PT não irão à tribuna pedir explicações de
Agripino Maia e Ronaldo Caiado, dois “paladinos da ética” que a mídia vive
botando em rede nacional para dar lição de moral sobre os escândalos de
corrupção?
O que
disse Demóstenes sobre Agripino Maia: “Caiado não ousou me defender, me traiu,
mas, em relação a Agripino Maia, figura pouquíssimo republicana, disse que ele
merece o benefício da dúvida. Poucos sabem, mas o político potiguar e seus
companheiros de chapa em 2010 foram beneficiados pelo “esquema goiano”, com
intermediação de Ronaldo Caiado.”
Sobre
Caiado: “Você rouba, mente e trai.”
*
Íntegra
do artigo, publicado num jornal de Goiás, o Diário da Manhã.
Ronaldo Caiado: uma voz à procura de um cérebro
Fiz uma
opção íntima, à partir das turbulências que enfrentei , de permanecer em
silêncio até que a justiça desse o veredito final e me aclamasse inocente, como
de fato sou. Já obtive duas liminares no STF e uma no STJ, suspendendo os
processos contra mim, porque, na verdade, fui vítima de um grande complô, que ,
ao final, será desnudado. Jamais desejei vir a público expor meu enredo antes
que houvesse uma decisão definitiva sobre a licitude da prova contra mim
forjada e mesmo sobre o conteúdo desta ,ou seja, não me recuso a enfrentar o
mérito das escutas, ainda que elas sejam ilegais.
Sofri
toda espécie de acusação, pilhagem intelectual e moral, deserções e
contrafações, a tudo resisti porque as esvaziarei.
Mais que
as decisões de instâncias superiores, há várias verdades iniludíveis. Jamais
fui acusado de desviar qualquer centavo público: ninguém diz que roubei valores
de estradas, pontes, hospitais, escolas… Nada.
Uma
perícia realizada pelo próprio Ministério Público, e jamais oficialmente
divulgada, assevera que eu poderia ter um patrimônio 11 por cento maior do que
possuo; prova de que não há enriquecimento ilícito, que o apartamento que
financiei junto ao Banco do Brasil teve todas as parcelas pagas em débito de
conta corrente, cujo único abastecimento é o salário que percebo e com mais 27
anos de prestações restantes. A insinuação de que tinha conta corrente no
exterior sucumbiu, nada sequer passou perto de ser comprovado e nas garras da
imprensa continuo, vez por outra, sendo arranhado. Aliás, todos os membros do
Ministério Público que me molestam têm um padrão de vida superior ao meu e
muitos com gostos idênticos. Não os acuso de nada, mas por que então o que eles
possuem é legal e o que eu tenho não?
A
acusação que pesava contra mim era ser amigo de Carlos Cachoeira. Era não, sou.
Não vivo como Lula e José Dirceu, nem como um monte de hipócritas. Não devo e
não temo.
Clamei da
tribuna, que me investigassem, que me dessem o direito de defesa e do
contraditório, tudo em vão. Em um processo sumário fui execrado e humilhado, o
que não acontece com os parlamentares envolvidos na operação lavajato , que
contribuíram para o desvio de bilhões de dólares dos cofres da Petrobras. O PT
e os governistas me enxovalharam no intuito de melar o julgamento do mensalão.
O PSDB resolveu salvar Marconi Perillo, que gastou uma fortuna dos cofres
públicos para custear sua absolvição. Os “éticos” do Senado viram uma
oportunidade para se livrarem de quem os retirava do noticiário cotidiano
nacional. O Judas Ronaldo Caiado reinventou a tese de que não existem traições
de pessoas e sim de princípios e que para isso estava autorizado a qualquer
coisa com algum alcance moral, inclusive trair, à semelhança de Hitler,
Mussolini, Stalin e tantos outros degenerados. Viu aí uma oportunidade para
soerguer-se politicamente. Bastava afundar-me no buraco e, prazenteiramente, o
fez.
Hoje,
lamentavelmente, saio do ostracismo a que me tinha recolhido para enfrentar
declarações dadas ao “painel” da revista Veja, em que o senador por Goiás,
Ronaldo Caiado, afirma que sou uma grande decepção em sua vida e um traidor.
Confesso
que surpreendi-me. Ronaldo fez uma campanha em que aproveitou meu número, 251,
e o meu slogan “defender Goiás”. Jamais fez qualquer pronunciamento sobre mim,
mesmo na presença de correligionários seus que às vezes me atacavam entendendo
que isso granjearia votos junto à claque.
Nesse
período, mandou vários recados na tentativa de “tranquilizar-me”, sem obter
resposta e num dia, quando não era ainda candidato, encontrou-me num
estabelecimento comercial chamado “Jerivá”, quando eu saía do banheiro, e
tentou conversar comigo, bem risonho, o que mereceu uma esquiva de minha parte.
Ronaldo é
um mitômano e tem um comportamento dúbio, às vezes tíbio, às vezes dissimulado.
Na tribuna oscila. É sintomático o caso Garotinho. Ronaldo o acusa de formação
de quadrilha, é o que está unicamente nas redes sociais; Garotinho o acusa de
ser traíra por ter me abandonado; Caiado volta à tribuna e pede arreglo à
Garotinho. Os dois últimos vídeos desapareceram das redes sociais.
Mas,
enfim, Caiado se passava como uma espécie de irmão mais velho pra mim, falava
da afinidade de nossas teses, que era um conservador não beligerante, pra isso
não poupando sequer seus antepassados, e que desejava um futuro liberal para o
Brasil.
Ronaldo,
fazia sim, parte da rede de amigos de Carlos Cachoeira, era , inclusive, médico
de seu filho. Mas não era só de amizade que se nutria Ronaldo Caiado, peguem as
contas de seus gastos gráficos, aéreos e de pessoal, notadamente nas campanhas
de 2002, 2006 e 2010, que qualquer um verá as impressões digitais do anjo
caído. Siga o dinheiro.
Caiado
não ousou me defender, me traiu, mas, em relação a Agripino Maia, figura
pouquíssimo republicana, disse que ele merece o benefício da dúvida. Poucos
sabem, mas o político potiguar e seus companheiros de chapa em 2010 foram
beneficiados pelo “esquema goiano”, com intermediação de Ronaldo Caiado.
Ronaldo
Caiado é chefe de um dos mais nocivos vagabundos de Goiás, o delegado de
polícia civil aposentado, Eurípedes Barsanulfo, que era o melhor amigo de
Deuselino Valadares, o delegado de polícia federal que fez um “relato”, segundo
“Carta Capital”, onde me acusava de ser beneficiário do jogo do bicho. Esse
relato jamais apareceu oficialmente, mas serviu para que o PSOL dele se
utilizasse para representar-me perante o conselho de ética do Senado. No final
do ano passado, o jornal Diário da Manhã de Goiânia , publicou uma matéria
assinada em que acusa o dito delegado de ter forjado o documento a mando de um
seu chefe político. Quem era ele? Ronaldo Caiado, todos sabem. Aliás, Eurípedes
Barsanulfo, este sim, era prócer das máquinas caça-níqueis em Goiás. Ronaldo
uma vez, inclusive, me pediu para interferir junto a Carlos Cachoeira para
ampliar a atividade de Eurípedes no jogo ilícito. Simplesmente, disse a ele,
como era verdade, que desconhecia a prática de ilicitudes por parte de
Cachoeira.
Ronaldo
Caiado é um oportunista. Muitos que vivem fora de Goiás devem imaginar que ele
é um coerente, uma figura emergida dos anseios das ruas, um puritano. Qual o
quê! Na atividade política é um profissional de lupanar. Dois fatos podem
elucidar seu caráter de Fouché. No primeiro, em 2006, Caiado me incentivou a
ser candidato a governador. Quando minha candidatura fez água, ainda em agosto,
ele pode ser visto acompanhando tanto o candidato Maguito ,quanto o outro,
Alcides. No pior declínio moral, chegou a ser filmado no palanque da candidata
Vanusa Valadares, mulher do hoje prefeito Eronildo Valadares em Porangatu.
Portanto, quadrúpede que é, tinha suas patas, simultaneamente, em 3 canoas.
Ano
passado sua degradação se expandiu. Ronaldo Caiado ,no afã de ser candidato a
Senador ao lado de Marconi Perillo, foi atrás de Aécio Neves e Agripino
Maia(este dependente financeiro de Perillo) para que eles compusessem a chapa
com coerência nacional, apesar de todo histórico de desavenças com o carcamano.
Um pouco mais vexatório, mandou a própria esposa num evento na cidade de
Americano do Brasil, onde a apedeuta, além de usar a palavra, pregou o voto em
Perillo, alegando que ele era um grande estadista e que esperava sua reeleição
para o bem de Goiás. Relembre-se: quem teve negócios com Cachoeira foi Perillo,
eu não.
Resumo da
ópera: o tenor recusou os apelos da mezzosoprano e mandou o barítono procurar rumo.
Ronaldo acabou nos braços de Iris Rezende a quem tinha acusado ,toda a vida, de
ser um corrupto diante do qual os demais se afigurariam “trombadinhas”.
Nessa sua
linha vesga de assinalar uma coisa e fazer outra, Ronaldo Caiado deseja a
extinção do DEM a fim de se filiar ao PMDB de Íris Rezende por um motivo muito
simples: ambiciona estar em uma agremiação que lhe dê estrutura para disputar o
governo de Goiás. Na fusão do DEM com o PTB irá para o PMDB, possibilidade
constitucionalmente aceita de adesão partidária. Irá, oficialmente, se opor.
Parecerá até o fim um coerente, um habanero puro. Seguirá as ordens de seu
chefe político ACM Neto, que financiou sua última campanha em Goiás e que lhe
assegurou, caso perdesse a eleição, o confortável posto de secretário de saúde
em Salvador, em cuja região Caiado costuma passar suas férias às expensas da
empresa OAS.
Quem
pensa que Ronaldo Caiado é espontâneo se engana. Tudo é meticulosamente
calculado. Por que ele não veio para as ruas de Goiânia na passeata e preferiu
São Paulo? Porque em Goiânia seria vaiado. E por que São Paulo? Porque era mais
fácil de mentir. O desafio a mostrar uma filmagem dele no meio dos
manifestantes na avenida Paulista em São Paulo. Só aparecem coisas periféricas.
Tirou uma fotografia com uma camiseta fascista – não porque Lula não mereça
vaias, as merece mais que os demais- e deu motivos para uma gritaria justa em
favor de um injusto. Como é do seu caráter, estava simulando caminhar na
passeata. Nesse aspecto , se assemelha ao Deputado Federal goiano Giuseppe
Vecci que participou da passeata em Goiânia por ser um ilustre desconhecido,
apesar de eleito. Ironia: Vecci desfilou porque é uma nulidade da sombra,
Caiado se absteve por ser uma do sol. Parece que o tesoureiro-mor,Jaime Rincon,
chefe da agência goiana de obras públicas, também fez evoluções pela passarela.
Ronaldo
Caiado foi um dos relatores da reforma política na Câmara dos Deputados, sempre
alegou que sua motivação era a coerência política, que a prática demonstrou não
ser o seu forte. Ele diz que gostaria de ter um embate com Lula na eleição pra
presidente da república. Eu acho que seria ótimo, os dois se equivalem
moralmente. Um já foi desmascarado , o outro poderá sê-lo amanhã.
Um dia,
no meu escritório político no setor sul, em Goiânia, houve um telefonema entre
Ronaldo Caiado e o hoje conselheiro do Tribunal de contas dos municípios de
Goiás, Tião Caroço. Este trazia uma notícia que transtornou o Senador, que
disse então aos berros: “avisa ao Marconi que eu vou resolver com ele da forma
que ele quiser, no braço, na faca, no revólver”. Esse episódio se tornou
público e gerou os maiores desgastes para o fanfarrão, que pra minha surpresa
repeliu tudo. Um dia, me contando a história, negou que havia falado isso, se
esquecendo que eu era a testemunha ocular.
Pois
agora, Ronaldo Caiado, quero ver se você é homem mesmo. Nos mesmos termos que
você mandou oferecer ao frouxo Marconi Perillo, eu me exponho.
Me lembro
da veneração, que quando criança, meu pai tinha pelo grande Emival Caiado e
pelo seu pai o advogado Edenval Caiado, que se envergonharia de ver que um
filho seu foge à luta.
Você diz
em seus discursos que Caiado não rouba, não mente e não trai. Você rouba, mente
e trai.
Talvez o
meu silêncio tenha sido entendido por você como um sinônimo de covardia, de
pusilanimidade. Essas palavras não existem no meu dicionário. Não posso dizer
que você seja um mau-caráter, pois você simplesmente não o possui. É, na
verdade, uma espécie de Zelig oportunista e bravateiro.
Você
deveria ir pra Brasília em seu cavalo branco, estacioná-lo na chapelaria do
Senado e subir à tribuna para fazer o que já faz: relinchar, relinchar.
Me deixe
em paz Senador. Continue despontando para o anonimato. É o seu destino. Não me
move mais interesses políticos. Considero vermes iguais a você Marconi Perillo
e Íris Rezende. Toque sua vida, se fizer troça comigo novamente não o pouparei.
Continue fingindo que é inocente e lembre-se que não está na sarjeta porque eu
não tenho vocação para delator. Tome suas medidas prudenciais e faça-se de
morto.
Ano
passado deu-se o centenário do nascimento de Carlos Lacerda e uma horda de
hipossuficientes passou a rotular a qualquer um de lacerdista, que para eles é
apenas alguém estridente e barulhento. Ronaldo Caiado diz que se inspira em
Lacerda.Mentira, Lacerda foi tradutor de Shakespeare, foi o primeiro brasileiro
a romancear um quilombola, falava e escrevia como um clássico. Demoliu
presidentes e adversários. Eleito governador foi sem sombra de dúvidas o melhor
gestor da Guanabara. Ronaldo Caiado jamais conseguiu terminar de ler um livro.
Por sua formação francesa, o mais perto que chegou do fim foi” o menino do dedo
verde” , mas o achou muito “profundo”. Ronaldo Caiado é só uma voz à procura de
um cérebro.
Demóstenes
Torres é ex-senador e procurador de Justiça
Nenhum comentário:
Postar um comentário