Matilhas inteiras de vira-latas, no sentido rodrigueano, claro, estavam
latindo para a lua, ontem, incomodadíssimos com o pênalti marcado pelo juiz japonês, a favor do
Brasil no jogo de contra a Croácia.
No embalo, a rapaziada tentava também desqualificar o terceiro gol do
Brasil, que teria nascido de uma falta cometida pelo meio-campo Ramirez.
Foi um pouco demais e vira-latas mais domesticados não concordaram.
Parêntesis: complexo de vira-lata foi uma expressão forjada pelo
dramaturgo, escritor e comentarista esportivo, Nélson Rodrigues.
Rodrigues participou das primeiras mesas de debates pós-jogo na TV
brasileira.
O dramaturgo, tricolor doente, qualificava nesses termos brasileiros que
estão sempre achando que o país e seus habitantes são irremediavelmente
inferiores a moradores além-fronteiras.
E que tudo de ruim só acontece por aqui.
Só que o complemento da primeira rodada mostrou que as coisas não são
exatamente como pensam os nobres vira-latas.
No jogo México e Camarões dois gols foram incrivelmente anulados, apesar
de seus autores estarem em posição absolutamente regular.
Fato observado por alguns milhões de torcedores pelo planeta, com
direito ao uso do chamado tira-teima.
No jogo, Espanha e Holanda, o brasileiro
Diego Silva deixou seu delicado pé no caminho do zagueiro holandês e ganhou de
sua senhoria o árbitro a um pênalti que não existiu.
No terceiro gol da Holanda o goleiro Casilhas foi empurrado, não
alcançou a bola e mesmo assim o gol foi validado, apesar dos protestos do time
espanhol. E vai por aí.
Bom, até que se invente um modo de parar o jogo em jogadas duvidosas e a
validade ou não seja discutida por alguém mais do que juízes e bandeirinhas, a
coisa vai correr desse modo.
O que os vira-latas deveriam tentar entender é que, com trinta, quarenta,
câmeras em campo, o número de lances, abre aspas duvidosos, fecha aspas,
aumentou exponencialmente.
As câmeras são muito menos falíveis do que o olho humano.
Fazer o quê?
Então atenção vira-latas rodrigueanos: futebol está longe de ser uma
ciência exata.
O que não dá é tentar induzir o respeitável público a acreditar que pela
primeira vez na história do futebol um juiz apitou um pênalti que não foi.
Ou foi?
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