"A delação premiada do Dr. Sérgio Moro produz uma meia-verdade
obtida a partir ao encarceramento de empresários por meses. Que aceitam
dizer que deram a um como propina e silenciam – aliás, nem são perguntados – se
aos outros que deram foi por amor.
Qualquer investigador perguntaria porque deram a outros partido. Aqui,
não. Aqui a moralidade da mídia, bem como a apuração de seus jornalistas, é
seletiva", diz o jornalista Fernando Brito, editor do Tijolaço
As doações “limpas” e as doações “sujas” dependem
de quem recebe?
No Jornal Nacional de ontem, duas “delações”.
Na primeira, Paulo Roberto Costa diz que as doações legais de
empreiteiras às campanhas eleitorais eram “balela” apenas encobriam o pagamento
de propina.
Na segunda, um ex-executivo da Engevix diz que deu, na forma de doações
legais, propinas ao PT.
Muito bem, acreditemos que os dois falam a verdade, nada mais que a
verdade.
Perguntinha básica que se impõe a investigadores corretos, sejam
policiais, promotores ou jornalistas: se as doações legais eram propinas –
palavras de Paulo Roberto Costa – , as doações para outros partidos
eram o que?
Amor?
Os milhões da OAS, da Odebrecht, da Serveng-Civilsan e da Queiroz
Galvão doados ao PSDB, foram doados por espírito cívico?
Fui buscar apenas um exemplo nas eleições de 2010, que está acessível a
todos: as doações da empreiteira Camargo Correia: Estão lá Aécio Neves, Antonio
Anastasia, o presidente do Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, Luiz Paulo
Vellozo Lucas, Demóstenes Torres, Paulo Skaf, o governador do Paraná Beto
Richa, também tucano e Eduardo Cunha, tanto quanto deram a candidatos petistas.
Fora os milhões que deram ao PSDB (Comitê Presidencial e Direção
Nacional) e que foram repassados à campanha de José Serra e ou outros milhões
que deram à de Geraldo Alckmin para o Governo do Estado. Até o PV, então
Partido de Marina Silva, ganhou seu “milhãozinho”.
Todos receberam doações das mesmas empreiteiras, todas de valor
significativo.
Mas umas foram propina, as outras “participação legítima da empresa no
processo eleitoral”, o que é a situação hipócrita que se sustenta com o engavetamento
promovido pelo Ministro Gilmar Mendes da decisão do TSE que proíbe dinheiro de
empresas nas campanhas.
A delação premiada do Dr. Sérgio Moro produz uma meia-verdade obtida a
partir ao encarceramento de empresários por meses.
Que aceitam dizer que deram a um como propina e silenciam – aliás, nem
são perguntados – se aos outros que deram foi por amor.
Qualquer investigador perguntaria porque deram a outros partidos
Aqui, não.
Aqui a moralidade
da mídia, bem como a apuração de seus jornalistas, é seletiva.
19 DE MARÇO DE 2015 Tijolaço
Por Fernando Brito
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