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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Teresópolis 120 Anos: Comemorar o quê?


Teresópolis completa hoje 120 anos. É um número redondo que poderia até ser comemorado com festa. Infelizmente não vai ser assim. A cidade acaba de passar por uma tragédia natural cujos números ainda não estão fechados, se é que vão estar um dia.


Além da perda de vidas humanas é grande o prejuízo ao patrimônio e à economia do município.

Passados mais de seis meses das chuvas torrenciais que desabaram sobre a região, a recuperação de uma parte da atividade agrícola ainda é vista como luz no fim do túnel. Há centenas de desabrigados e o chamado aluguel social ainda não chegou para todas as vítimas das enchentes e deslizamentos.

O auxílio dos governos estadual e federal chega, lentamente, para a recuperação da já precária (e vital) malha viária do interior. Os projetos de assentamento dos desabrigados vão virando letra morta, esquecidos. Teresópolis não tem interlocutores de peso nas esferas do poder.

No momento em que o crescimento do poder aquisitivo da população brasileira torna o turismo uma importante fonte de arrecadação, a cidade ainda tem muito pouco a oferecer. Apesar disso o crescimento de uma nova classe média vem impulsionando o fluxo de visitantes.

Outro problema de gravidade não letal, mas não menos devastador é a atual gestão municipal. Eleito pelo PT, partido com o qual nunca teve a menor identidade, o atual prefeito pode ser expulso na reunião do diretório do partido, nesse sábado às 19:00. Para os moradores da cidade a saída de Jorge Mário do PT não vai significar muita coisa; para o partido o efeito será grave.

Numa cidade conservadora, em que a classe média se acha elite, vota com a elite e procura comportar-se como tal, mesmo em detrimento de seus próprios interesses, o PT sempre foi uma espécie de partido de pobres, do qual boa parte dos teresopolitanos não se aproxima por puro medo de contágio.

Mas a exclusão de Jorge Mario dos quadros petistas dará mais pretexto aos saudosos de FHC, Sarney e Fernando Collor, “presidentes dos ricos”.

Por outro lado dificilmente o atual prefeito, Jorge Mário, perderá o cargo por uma decisão do diretório local. E, qualquer que seja o resultado, pode recorrer a instâncias superiores dentro do próprio partido e mais tarde à justiça eleitoral.

Deve ficar até o final de seu mandato, a menos que investigações do ministério público e polícia federal encurtem-lhe a permanência. Saindo, agora ou depois terá sido, para uso futuro dos adversários, um “prefeito do PT”.

O Brasil que cresce a níveis inimagináveis no passado e torna-se um “player” internacional (“player” é o vocábulo que agrada aos economistas em moda) passa muito além do Soberbo.

Basicamente por culpa de sua classe dirigente - leia-se prefeitos e vereadores que administram reivindicações de cabos eleitorais, sobrevivendo na defensiva, sem criatividade ou talento para buscar, na crise, a abertura de horizontes mais amplos.

Mas também deve ser levada em conta a apatia de parte dos moradores, pouco interessados em alguma coisa que não seja um dia-a-dia modorrento, aceitando calada e tranqüila que uma passagem de ônibus tenha o mesmo custo que na capital do estado, onde as distâncias são infinitamente maiores.

Aqui e ali acontecem, a despeito das autoridades, empreendimentos - que muitas vezes seguem uma rota de mediocridade, aos soluços, quebrando mais adiante ou se mantendo a duras penas.

Já nos acostumamos com a curta duração do grande número de lojas, restaurantes & similares que fecham as portas, reabrem com novos proprietários e outros nomes, tornam a sucumbir e reabrem outra vez num depressivo vaivém. Poucos são os negócios que sobrevivem vinte anos em Teresópolis.

Apenas a construção civil tem crescido nesse período, assim mesmo mais em função da vinda de famílias de cidades com o Rio e cidades próximas em busca de melhor qualidade de vida. São eles os compradores dos novos apartamentos que estão em construção na cidade.


Não é um aniversário para comemorações.

Texto: José Attico

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