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segunda-feira, 25 de julho de 2011

“Mistura de raças do Brasil é catastrófica”, escreveu atirador da Noruega


“Os resultados são evidentes e se manifestam num alto nível de corrupção, falta de produtividade e um eterno conflito entre várias ‘culturas’ competindo, enquanto a miríade de ‘subtribos’ criadas (preto, mulato, mestiço, branco) paralisa qualquer esperança de sequer alcançar o mesmo nível de produtividade e igualdade de, por exemplo, Escandinávia, Alemanha, Coreia do Sul e Japão”

Pois é, a teoria furada sobre o Brasil está numa das páginas do manifesto de 1500 páginas atribuído a Andrew Behring Breivik, o norueguês de 32 anos, assumido autor dos atentados que mataram ao menos 93 pessoas em Oslo, na sexta-feira sangrenta da semana passada.


O atirador não é dos mais bobos quando fala de produtividade, item em que a Noruega deve andar melhor do que o Brasil. Mas, é claro, “esquece” outros detalhes como o Produto Interno Bruto dos dois países. E o que disso resulta.

(O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam, países, estados, cidades) durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região).

 Na década de 60 Noruega e Brasil tinham números mais ou menos idênticos no que diz respeito a esse item.

De lá para cá, como não poderia deixar de ser se considerarmos território e população, o Brasil chegou a um PIB em, 2010, de US$ 2.374.530, (dois trilhões trezentos e setenta e quatro bilhões, quinhentos e trinta milhões de dólares) sexta maior economia nas contas do Banco Mundial.

O Produto interno da Noruega é, segundo o mesmo Banco, é de 381.766 (trezentos e oitenta e um bilhões setecentos e 66 milhões de dólares) 25ª economia no ranking mundial.

Já para o Fundo Monetário Internacional o PIB brasileiro chega a US$ 2.447.445, (dois trilhões quatrocentos e quarenta e sete bilhões quatrocentos e quarenta e cinco milhões de dólares) também sexta maior economia. O PIB da Noruega, segundo a mesma fonte é de US$ 414.462.000, (quatrocentos e catorze bilhões 462 milhões de dólares) mesma 25ª posição.

O crescimento do Brasil é resultado de um mercado interno em expansão - o que, aliás, deixou o país fora da última crise na economia mundial. Além disso é, no momento, o destino número 1 dos investimentos internacionais e vai continuar crescendo rápido nas próximas décadas.

Embora nem de longe se possa comparar, hoje, o padrão de vida do norueguês médio com o do brasileiro, a Noruega, apesar do descobrimento mais ou menos recente de grandes reservas de petróleo, não tem como evoluir no ranking internacional em termos de PIB.

Com uma população de 4.920.305 habitantes, bem menor do que o município do Rio de Janeiro (6.186.710) o país depende do humor da economia da União Européia, com quem mantém relações comerciais prioritárias, embora não faça parte dos 17 países que utilizam o Euro.

A recessão que já chegou à Grécia e Irlanda e ameaça seriamente Portugal, Itália e Espanha pode desestabilizar, por tabela, a economia do país.

Assim é possível que, como vai acontecer agora nos Estados Unidos, programas sociais, educacionais e de saúde tenham que ser desativados ou limitados logo adiante.

É um problema para quem está no ponto mais alto do pódio do índice de qualidade de vida. O atirador pode ter percebido o problema, mas não tem a menos idéia de como lidar com ele.
Nos últimos anos a Noruega, antes uma voz ativa no cenário europeu e mundial, vai passando a coadjuvante menor na rápida mudança de relações econômicas no século 21.

O crescimento da importância de países islâmicos como a Turquia, que tenta ingressar na União Européia, também provoca um certo desconforto.

Desconforto que, para mentes como a do atirador de Oslo, se transforma em agressividade. Essas pessoas não vêm saída que não seja o ataque a quem julgam responsáveis pela nova situação do país.

Numa Europa, em geral racista mas contida, imigrantes são pouco mais de 10% da população e alguns países teriam imensas dificuldades se não fosse a sua chegada.

Do ponto de vista de Breivik, cristão criacionista, o bom Deus determinou que os lourinhos de olhos azuis são superiores aos negros africanos, aos muçulmanos de todas as etnias, aos indianos, brasileiros, judeus, ciganos e outros povos com menos votos. E os europeus têm o dever, como cruzados modernos, de esmagar esses infiéis que ameaçam a cristandade e, por tabela, seus empregos e seu alto nível de vida.

É claro que o atirador norueguês nunca freqüentou aulas de antropologia e não tem a menor idéia de que o chamado homo sapiens nasceu na África, de pele escura, descendente de um primata que desceu das árvores e, caminhando, iniciou a aventura pelo mundo. E que, nesses milhares de anos, perdeu pelos do corpo e a coloração da pele variou conforme a região ocupada.

Associação dos riscos de uma recessão, a constatação de que seu país, deixou há muito, de ser protagonista do cenário mundial leva a desatinos como o da trágica sexta-feira de Oslo. Breivik é tão louco quanto os cristãos da idade média que cozinhavam no óleo seus desafetos. 

Como agora, na maioria dos casos, razões econômicas - às vezes a simples rapina dos bens do adversário - sempre estiveram por trás da vingança de Deus.

O atirador de Oslo quer chamar a atenção das massas, possivelmente criando um pequeno pastiche do partido nazista alemão. Não vai dar certo. A Europa já sofreu com a aventura nazifascista, a Noruega não é a Alemanha, os tempos são outros e sua atitude pode se tornar um tiro no pé. Ou pela culatra como se dizia antigamente.

Negros, judeus, latinos e outros migrantes são parte das maiores economias do mundo, que necessita deles para funcionar e, principalmente, consumir.

Não há mais como discriminar habitantes de outros continentes, sejam eles muçulmanos ou chineses, indianos, palestinos, uruguaios ou vietnamitas. O mercado não quer saber disso. Quanto ao Brasil, agora protagonista no cenário da economia mundial, vai muito bem obrigado, com a mistura de etnias que acabou, o que não é muito simples, gerando um só povo num mesmo território.  

Texto: José Attico 

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