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quarta-feira, 13 de julho de 2011

As “viúvas” dos vilões da história


Na infância ouvi, mais de uma vez e a sério, comentários elogiosos a Adolph Hitler. A Segunda Guerra tinha terminado há pouco e quem fazia esse tipo de elogio eram pessoas, na chamada meia idade, que se consideravam brancos e, em geral, ainda acreditavam em superioridade racial e babaquices do gênero.


Embora fosse meio complicado explicar porque o Fuhrer acabou se suicidando num bunker em uma Berlin arrasada pelo bombardeio aliado e ocupada pelo exército soviético, parecia haver, na opinião dessas pessoas, alguma coisa de gênial no austríaco cujos sonhos megalomaníacos levaram à literal destruição de uma parte da Europa e à morte mais de 50 milhões de pessoas.


As referências eram no estilo “Hitler errou, mas a história um dia vai lhe render tributos” ou “Hitler pode ter errado em algum momento, mas as idéias básicas do nacional socialismo...” e a coisa seguia por aí, com explicações facistóides sobre um mundo perfeito comandado por uma raça superior, à qual essa rapaziada achava pertencer, é claro.

Hitler, um derrotado pela história saiu de moda a não ser para punks & similares que têm alguma dificuldade para lidar com mais de 60 palavras e grupos de europeus brancos que encontram no racismo uma saída para a ameaça representada pela imigração africana e de países do Leste do continente.

Mas outros derrotados continuam na ordem do dia e sua citação parece comover alguns articulistas. Assim o alemão Henry Kissinger, estrategista civil da Guerra do Vietnam aparece na crônica elogiosa do articulista Paulo Guedes no Globo do dia 18 como “o experiente Kissinger” autor do livro em “On China” editado esse ano.

Talvez seja bom voltar ao passado e refletir sobre o talento de Henry Kissinger na condução de uma guerra que levou para o interior de sacos plásticos milhares de soldados americanos, muitos deles voluntários que julgavam estar lutando em defesa da liberdade.

Não estavam. A luta era apenas por uma posição estratégica na Ásia e acabou com a fuga desabalada dos americanos que conseguiram ficar vivos.

Mas as viúvas de Kissinger estão aí mesmo para elogiar o derrotado e seus livros. Até um filme foi feito para tornar o brilhante Henry mais ou menos isento da derrota dos americanos no leste asiático.

Na tela Richard Nixon, presidente que se demitiu depois de que seus homens foram pegos espionando a campanha do adversário na corrida presidencial, aparece como o único responsável pela tragédia.

Pois é

Texto: José Attico

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