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quinta-feira, 7 de julho de 2016

A 32ª fase da Lava Jato e a ilusão da polícia isenta (do blog Cafezinho)




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Foi deflagrada hoje a 32ª fase da Lava Jato, chamada Caça-Fantasmas. Foram expedidos dez mandados de busca e apreensão e sete de condução coercitiva. Incrivelmente não há nenhum mandado de prisão preventiva dessa vez.

O principal alvo é Edson Paulo Fanton, que seria o responsável pelo FPB Bank, uma instituição bancária do Panamá que atuaria no Brasil sem autorização do Bacen.


A instituição também comercializaria empresas off-shore que eram registradas na panamenha Mossack Fonseca, centro do Panamá Papers e alvo da 22ª fase da Lava Jato.
Segundo a Folha, "Edson Fanton é parente em primeiro grau do delegado da Polícia Federal Mário Renato Castanheira Fanton, que acusou a cúpula de delegados da Operação Lava Jato de irregularidades e coação, como a instalação de um grampo ilegal na cela do doleiro Alberto Youssef.

O delegado, juntamente com um agente da PF, apontados como "dissidentes", foram denunciados por se associarem para ofender a honra dos colegas".
Claro que se há irregularidade cometida pelo tal banco panamenho deve haver investigação e punição. Mas o questionamento é inevitável: qual a isenção dos delegados da Lava Jato para investigar um parente do delegado apontado como "dissidente" pelos integrantes da operação?

A história do grampo ilegal e outras irregularidades cometidas pelos integrantes da Lava Jato é cabeluda e foi muito bem apurada pelo repórter Marcelo Auler. A hipótese de que a PF está atuando em perseguição a desafetos de delegados é assustadora mas não pode ser descartada.
O retorno da Mossack Fonseca aos holofotes lembra também outro episódio de atuação partidária da Lava Jato. A 22ª fase da Lava Jato foi chamada de operação Triplo X, referência ao apartamento triplex no Guarujá atribuído a Lula.

Quando os investigadores descobriram ligações entre a Mossack Fonseca e a família Marinho, dona da Globo, a operação recuou. Prisões temporárias não foram convertidas em prisões preventivas, o que destoa do padrão Moro de atuação, e a Lava Jato deixou o assunto pra lá. Detalhes nessa reportagem da Carta Capital.
O braço armado do Estado deve ser muito bem fiscalizado e debatido pela sociedade. Se a atuação policial não é questionada criam-se as condições para termos uma polícia política, que escolhe seus alvos a partir de critérios pessoais/partidários, típica de ditaduras.

É o que acontece no Brasil: se a polícia perseguiu ou a justiça condenou a pessoa só pode ser culpada. Policiais e juízes são vistos como máquinas que atuam somente de acordo com a lei e jamais por interesses pessoais e políticos.

E para a difusão do mito da justiça isenta temos a contribuição essencial da mídia concentrada, sempre ela. Se esta utilizasse 1% do tempo que dedica a achincalhar políticos para discutir criticamente a ação policial talvez os órgãos de repressão fossem obrigados a levar a palavra isenção mais a sério.

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

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