Visite Também

Visite também o Conexão Serrana.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Jornalismo? A história do copo: meio cheio ou meio vazio?


Deu No Portal IG
Desemprego avança em janeiro para 6,1%, aponta IBGE
Apesar da alta na comparação com dezembro de 2010, essa foi a menor taxa para os meses de janeiro desde 2003

Com uma taxa de desemprego na faixa entre 5% e 6%, o País apresenta um cenário de pleno emprego projetado em meados de 2010 por economistas especializados na área. Isso não significa o fim do desemprego, mas indica que o trabalhador leva em média entre 30 e 60 dias para encontrar um novo emprego.


Pois é. O título da matéria – “Desemprego avança em janeiro...” - poderia, dependendo do ponto de vista do editor do portal, ser “Janeiro apresenta a menor taxa de desemprego desde 2003”.

Ou seja, o copo pode estar meio cheio ou meio vazio, dependendo do ponto de vista do observador. Ou do jornalista.

Jornalistas, pelo menos na concepção vigente durante a primeira metade do século vinte, eram profissionais qualificados, encarregados de apurar notícias.

Hoje só uma parte desses homens e mulheres pode colocar no computador o que viu. Assim mesmo há restrições. É bom lembrar que a profissão, na realidade, foi extinta pelo Sr. Gilmar Mendes quando na presidência do STF.

São os profissionais que trabalham em áreas “menos nobres”, como polícia e esportes que podem ir ao campo de futebol ou à cena do crime e traduzir para o computador sua visão do que realmente se passou. Mesmo aí a restrições são menores, mas existem.

Por exemplo: se o crime - excluídos os de colarinho branco, é claro - se o crime envolve personagens digamos “com pedigree”, é bom tomar cuidado.

E fazer uma consulta aos superiores. Filhos de empresários presos por porte de drogas, por exemplo, podem provocar fortes dores de cabeça no incauto repórter.

Não que a notícia vá para a página do jornal ou para o noticiário da noite na TV. As editorias cuidam que isso não aconteça, mas esses intermediários entre a direção e a chusma não gostam de gente que quer incomodar seus patrões ou os amigos deles.

Na editoria de esportes em geral as restrições são ainda menores. Salvo quando se trata - como está acontecendo no momento - de discussões em torno de quem vai ou não transmitir esse ou aquele evento. E, no momento, dos direitos de transmissão vêm as maiores receitas com que contam os combalidos clubes de futebol.

Hoje, Globo, Recorde e Rede TV têm propostas, no caso da TV aberta. Espn e Sportv (Globo) engalfinham-se na disputa das TVs por assinatura. Não é bom para a saúde do repórter descobrir, por exemplo, que os clubes serão lesados por quem vai ganhar a briga.

Em áreas como “cidade” e principalmente “economia” e “política”, o repórter trabalha em cima de uma pauta, onde já está definido o que deverá ser apurado, quem serão os entrevistados e se haverá ou não o contraditório. Ou o outro lado da notícia.

Pode ser do interesse dos editores que esse contraditório seja produzido por um idiota desinformado, escalado apenas para dar “credibilidade” ou “autenticidade” à matéria.

É claro que não existe – e nunca existiu! – jornalismo totalmente independente. Há sempre interesses explícitos, amigos dos donos dos jornais e TV, patrocinadores e anunciantes com interesses próprios que a mídia não pode ignorar.

O problema é a extensão do lixo impresso ou que vai ao ar nos jornais da noite. Ou até onde vai a submissão dos jornais a interesses que acabam sendo transformados em “informação” para o respeitável público.

Nos últimos tempos jornalões como a Folha, Globo e Estadão tem se esmerado em enganar seus (agora poucos) leitores, inventando “notícias”. O público leitor perde e talvez este seja uma das causas de sua debandada.

A teoria do copo - meio cheio ou meio vazio? - pode até ser tolerada, no tortuoso limite da interpretação de dados - como no caso do portal IG que abre a matéria.

Mas as mentiras inventadas por Veja, Estadão, Folha, O Globo, parecem uma capítulo da história que vai se fechando com o crescimento da internet.

Nessa nova plataforma, enquanto livre, reinam o contraditório, o “outro lado da notícia” e, por enquanto, não existem instrumentos que possam deter repórteres investigativos.

Que, por conta própria e sem precisar pedir licença, mostram a seu público que as redações da mídia corporativa são redutos onde imperam interesses nada condizentes com a democracia, a chamada liberdade de imprensa e o direito de resposta. 

 Texto de José Attico

Nenhum comentário:

Postar um comentário