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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Dilma, mídia e inflação


É interessante o comportamento da mídia nesses últimos dias. A julgar pela história recente, quando foi feito todo um esforço para desqualificar a então candidata do PT, Dilma Rousseff, o momento parece ser de calmaria.


O Globo, por exemplo, dia desses em manchete de primeira página, deu início ao que pode ser uma “nova linha editorial”: a culpa dos problemas que a presidente começa a enfrentar é da gestão anterior!

Assim, a ameaça de recrudescimento da inflação foi creditada à administração Lula. Sem explicações sérias, é claro.

É possível, aliás, é provável, que alguns aumentos de preços sejam conseqüência da política econômica de Luis Inácio Lula da Silva. Afinal o Brasil bate recordes de crescimento e a taxa de desemprego nunca esteve, historicamente, tão baixa.

A conseqüência é que o crescimento da renda das famílias provoque, num primeiro momento, uma subida da inflação começando pelo item “alimentos”. 

Ou seja, ganhando mais as pessoas se alimentam melhor, compram mais. Se a produção no campo se mantém no mesmo nível, os preços sobem.

O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo e o primeiro na produção de carnes bovina e de frango. Mas a maioria do que um eficiente agronegócio produz destina-se à exportação.

Oitenta e cinco por cento do que comemos vem da chamada agricultura familiar. E apesar dos esforços feitos pelo governo Lula, o segmento está longe de receber os mesmos mimos (e recursos) destinados aos plantadores de soja, milho, cana, criadores de gado e outras chamadas commodities.

Commodities, para quem não sabe, são produtos com cotação internacional de preços.

Como a China – anunciada ontem (segunda-feira) como sendo, agora, a segunda economia mundial, ultrapassando o Japão – é uma grande consumidora de commodities, o preço no mercado internacional até vai bem obrigado.

Os chineses compram o ferro pelotizado no Brasil, mas também precisam de alimentos e, no momento, as perspectivas não parecem ruins.

No front interno, o problema, no entanto, continua complexo.  É evidente que a queda nas taxas de desemprego e o aumento de renda das famílias devem ser saudados com foguetório, mas é preciso fazer crescer a produção da chamada agricultura familiar.

Dilma Rousseff, com a ampla maioria no Congresso, pode dinamizar esse segmento. 

Se o crescimento da economia persistir nas taxas de 2010, ou mesmo um pouco abaixo, aumenta o risco de alta da inflação nos alimentos. Então será preciso criar incentivos para uma contrapartida na produção agrícola destinada à mesa da população.

Para além dos alimentos, temos um jogo de xadrez em que cada peça deve ser movida com cuidados redobrados.

Com o real em alta, as exportações estão em queda. Esse movimento incentiva importações, principalmente da China. Importações servem para baixar alguns preços, o que é bom para deter a inflação, mas prejudicial à indústria.

Então sapatos chineses, baratos, contribuem para reduzir preços no mercado interno, mas fazem correr perigo as fábricas em São Paulo e Santa Catarina.

Criar barreiras à importação também é complicado. Certamente haverá respostas dos países para quem o Brasil exporta.

Aliás, essas barreiras já existem em muitos casos. Europa e Estados Unidos, por exemplo, subsidiam seus produtos agrícolas impedindo a entrada de similares brasileiros a custo bem mais baixo.

Nesse capítulo ouvir falar de livre comércio, OMC e outras milongas é como escutar as célebres histórias da carochinha. As regras não valem para “time grande.”

A mídia está deixando em paz, por enquanto, a administração Dilma Rousseff – limita-se a incentivar futricas entre os partidos da base – e é até possível que os ataques, durante os próximos quatro anos não sejam tão violentos quanto os que atingiram o governo do metalúrgico.


Afinal Dilma é uma mulher de classe média com terceiro grau. 

Texto: José Attico

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