Visite Também

Visite também o Conexão Serrana.

domingo, 29 de maio de 2011

Tragédia e reconstrução: A salvação da lavoura em Teresópolis


sábado, 28 de maio de 2011

Lama das encostas próximas substituiu a s plantações

Fernando Luís Fernandes Mendes, Secretário Municipal de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural de Teresópolis, diz que infraestrutura montada em meio século de trabalho foi destruída em quatro horas de chuvas.

 “O que Teresópolis levou 50 anos para construir de infraestrutura agrária, viária e, em parte, urbana se perdeu em quatro horas. Foram 42 pontes destruídas ou comprometidas e 452 barreiras que caíram”. Assim definiu o alcance da tragédia ocorrida na madrugada do dia 12 de janeiro o secretário municipal de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural de Teresópolis, Fernando Luís Fernandes Mendes, de 44 anos.


“Não podemos prever quanto tempo levará para que consigamos reconstruir, reequipar e reestruturar as áreas atingidas e a economia da cidade, fortemente pautada pela agricultura, em especial a familiar”, completou o secretário, que é veterinário, professor universitário, mestre em Ciências pela UFRJ e pós-graduado em Saúde Pública e Gestão.

Segundo Mendes, apesar de uma participação mais modesta no PIB municipal, a piscicultura e a pecuária também foram seriamente atingidas. “A piscicultura, com criação principalmente de trutas e tilápias, produzia três toneladas por mês e gerava R$ 601.850 de renda. Ela está localizada em áreas como Canoas, Fazenda Alpina, Providência, etc.”, explica o secretário. “Perdeu-se 70% de tudo isso”, acrescenta.

Em relação à agroindústria (laticínios, defumados, queijos e criação de cabras e carneiros), que antes produzia R$ 3.742.277 por mês, o prejuízo, segundo o secretário, foi semelhante. “Um açougue de defumados com grande produção simplesmente sumiu e só um produtor perdeu 400 carneiros”, revela Mendes.

Mas, segundo ele, a agricultura familiar sem dúvida foi a maior prejudicada. O município de Teresópolis é responsável pela produção de 70% das hortaliças no Estado do Rio de Janeiro e da cidade mineira de Juiz de Fora, além de ser o único fornecedor de tangerina “poncã” para o estado do Espírito Santo. Segundo Fernando Mendes, as chuvas destruíram mais de 80% das plantações, não somente de hortaliças.

Para desobstruir vias (95% delas já o foram), reconstruir ou recuperar pontes atingidas pelas chuvas e enchentes e possibilitar o acesso a localidades da zona rural do município ainda isoladas, a secretaria de Agricultura tem contado com o apoio logístico da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro, da Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária) e Emop (Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro, vinculada à Secretaria de Obras), que contratou a Carioca Engenharia, “além da ajuda de alguns vereadores da cidade, que pagaram do próprio bolso a viabilização de máquinas e caminhões para o trabalho de acessibilidade e tráfego seguro nas vias que escoam a produção agrícola”, revelou o secretário.

Três localidades são cruciais para esse escoamento e já estão sendo preparadas as pontes definitivas que substituirão as que foram destruídas: Cruzeiro, Pessegueiros e Brejal. A ponte do Cruzeiro daria acesso a Santa Rita, um dos pontos mais inacessíveis da cidade — “um cenário de guerra”, define Mendes. Com a do Brejal, daria para chegar também à Fazenda Suíça e ao Parque Boa União. A ponte de Pessegueiros facilitará o acesso a Campo Limpo e Prates.

Agricultores atingidos têm direito a crédito
A Prefeitura de Teresópolis, através da Secretaria de Agricultura, começou a percorrer nesta terça-feira, dia 15, as áreas atingidas pelas chuvas para realizar o cadastramento dos agricultores prejudicados. O cadastramento tem como objetivo levantar os danos e orientar os agricultores com relação ao crédito.

Para os agricultores familiares, está sendo oferecida uma linha de crédito especial, a juro muito baixo. “São dois mil reais emprestados quase imediatamente, com juros de 0,5% ao ano”, explica o secretário de Agricultura de Teresópolis. “Está enquadrado como agricultor familiar o produtor que possui até 40 hectares de terra, cuja renda familiar provenha no mínimo em 70% da agricultura, com até dois empregados e renda anual até 110 mil reais”, esclarece Mendes.

O cadastro da Secretaria Municipal de Agricultura está sendo realizado em veículos que circulam, nesta primeira semana, por Bonsucesso e Vieira, no 3º Distrito. Na próxima semana, um veículo continuará percorrendo o 3º Distrito e o outro seguirá para o 2º Distrito, onde será feito o mesmo trabalho de cadastramento. O atendimento acontece das 8h às 17h.

A “força-tarefa” também inclui equipes dos ministérios do Trabalho e do Desenvolvimento Agrário e das secretarias estaduais do Trabalho e Renda e de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca. Instaladas inicialmente na Quadra de Esportes Show de Bola, à beira da RJ-130, em Bonsucesso, as equipes prestarão diversos tipos de serviços. Também foi instalada ali uma carreta do Ministério do Trabalho para emissão de carteiras profissionais e outros serviços burocráticos.

A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca vai atuar em três frentes: apoio na emissão da DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf), imprescindível para a obtenção do crédito; continuidade da identificação dos produtores rurais que fazem uso das pedras nas Ceasas (Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro) de Irajá e Colubandê, para fornecimento de isenção da taxa de utilização; e orientações a respeito das políticas de Desenvolvimento Agrário em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

“Para se ter uma ideia da importância da produção agrícola de Teresópolis para o estado, 30% do que é comercializado na Ceasa é proveniente de nossa cidade”, finaliza Mendes.


Texto Ney Reis

Nenhum comentário:

Postar um comentário