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sexta-feira, 3 de junho de 2011

O “Caso Palocci”



A mídia corporativa, ou PIG como prefere a globosfera, procura, através do “Caso Palocci,” mais uma vez engessar o governo petista. Mas pode estar dando o tradicional “tiro no pé”.


Em primeiro lugar é até possível que o assunto acabe extrapolando as páginas dos jornalões e noticiários de TV e retornem à baila, nas redes sociais, blogs e sites independentes, o enriquecimento de pessoas ligadas ao governo de Fernando Henrique nas mesmíssimas circunstâncias.
 

Afinal em todos os casos, inclusive o atual, o que temos é a suspeita de utilização de informações privilegiadas, passadas aos clientes por empresas montadas durante ou logo depois da passagem de seus proprietários pelo ministério da Fazenda, diretoria do Banco Central & postos assemelhados.

O problema é que o ministro da Casa Civil não é exatamente uma unanimidade no PT e no governo Dilma. Há um número razoável de petistas que deseja ardentemente ver Palocci “pelas costas.”

Aliás, a rapaziada mais esperta dos quadros do DEM e do PSDB, que há muito perdeu a bandeira de oposição e agora é pautada pelas redações, já percebeu que a derrocada de Antônio Palocci ao invés de fragilizar pode fortalecer o governo Dilma Rousseff.

O ex-prefeito de Ribeirão Preto era visto com reservas por setores do Partido dos Trabalhadores antes mesmo que “sua evolução patrimonial” fosse divulgada. Por isso mesmo, ao contrário da mídia, a rapaziada do PSDB e DEM preferiu manter-se mais ou menos à margem dos acontecimentos, evitando entrar no embalo da Folha de São Paulo, Estadão, Globo e outros com menos votos. 

E embora jornalões e redes de TV queiram a cabeça de Palocci - articulista da Folha (!) - para fragilizar Dilma Rousseff, boa parte do empresariado brasileiro tem o ex-ministro como um interlocutor de peso, que não deveria ser queimado agora. Ou seja, Palocci no poder poderia “resolver problemas” que alguém “mais duro” pode complicar.

Antônio Palocci, quando ministro da Fazenda nunca mostrou muita disposição com a política de crescimento de renda e salários e o conseqüente aquecimento do consumo e do emprego.

Guido Mantega, com que o hoje ministro da Casa Civil duelava nos bastidores, é que levou adiante a atual política econômica. Ou pelo menos colocou nos trilhos as propostas feitas por Lula durante a campanha.

O problema é o que virá depois de Palocci. A presidente, que tem no ex-presidente Lula um conselheiro, a quem, aliás, recorreu no recrudescimento da crise, não gostaria de mandar o deputado petista de volta ao Congresso nessas circunstâncias.

Mas poderá se sentir mais à vontade sem o peso de um ministro da Casa Civil indicado pelo ex-ocupante do cargo.

Dilma não está fritando Antônio Palocci, mas, com certeza, não ficaria muito aborrecida indicando um nome de sua escolha. Talvez o tiro no pé já tenha acontecido e Dilma sem Palocci retorne à postura que tinha quando esteve na Casa Civil.

Nesse capítulo é interessante observar as manchetes de O Globo de ontem (2): “Governo joga duro para tentar anular convocação de Palocci”, uma tentativa clara de colar Dilma e o governo no ministro da Casa Civil e de hoje: “Já sem apoio do PT, Palocci promete explicação pública.”


No caso o ministro da Casa Civil estaria sendo abandonado no deserto pelos companheiros, mas poderá ser salvo por explicações palatáveis sobre a grana que acumulou nos últimos tempos. Se Palocci se sair bem – o que depende em parte da reação e do interesse da mídia corporativa – continua como interlocutor do empresariado.

Texto: José Attico

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