O ministro Marco Aurélio, do Supremo
Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (1º) que o objetivo maior
dos delatores é “salvar a própria pele” ou amenizar uma pena futura. Ao deixar
a última sessão do STF antes do recesso de julho, o ministro também disse
esperar que as delações assinadas na Operação Lava Jato tenham sido
espontâneas.
“O momento é
alvissareiro, porque, quando as coisas não são varridas para debaixo do tapete,
a tendência é corrigir-se rumos. Isso é muito importante para termos dias
melhores no Brasil. Agora, devo admitir que nunca vi tanta delação. Que elas,
todas elas, tenham sido espontâneas. Assento que eles [delatores] querem colaborar
com a Justiça, embora o objetivo maior seja salvar a própria pele ou amenizar
uma pena futura”, acrescentou Marco Aurélio.
Desde o início das investigações da
Lava Jato, 18 acusados assinaram acordo de delação com o Ministério Público
Federal (STF), órgão que coordena as apurações. Entre os delatores estão os
ex-diretores de Serviços e de Abastecimento da Petrobras, respectivamente Pedro
Barusco e Paulo Roberto Costa, parentes de Paulo Roberto Costa, o doleiro
Alberto Youssef, além de executivos de empreiteiras.
É a segunda crítica do ministro em
apenas uma semana sobre o instituto da colaboração premiada na investigação
conduzida pelo juiz Sérgio Moro, do Paraná. Na última entrevista, publicada há
dois dias, ele afirmou que o número de delatores no caso "já revela algo
estranho".
Os dois últimos acordos de delação
foram firmados pelo empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, cujas denúncias
atingem PT e oposição, e por Milton Pascowitch, apontado como lobista e
intermediário de pagamentos feitos ao partido e ao ex-ministro José Dirceu.
Nesta semana, nos Estados Unidos,
a presidente Dilma Rousseff rebateu denúncias reveladas na delação de Pessoa
apontando um "estranho vazamento seletivo". Lembrando da época da
ditadura, quando segundo ela, tentaram transformá-la em uma delatora, Dilma
disse ainda que "não respeita delator".
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