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pesquisa levou país a criar tecnologias para cultivo em clima tropical, aponta
estudo
A produtividade da agricultura brasileira teve uma das maiores taxas de
crescimento do mundo nos últimos anos, segundo estudo realizado pela
Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em conjunto com a
agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), publicado nesta
quarta-feira.
O relatório "Perspectivas Agrícolas OCDE FAO 2015-2024" diz
que, se forem considerados os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul) e os membros da OCDE, que reúne principalmente economias desenvolvidas, o
Brasil "é o país que mais melhorou sua produtividade total de fatores
(PTF) agrícolas".
O PTF se refere à relação entre o total produzido e o total de insumos,
que caracteriza a produtividade. No Brasil, a produtividade agrícola aumentou
em mais de 4% desde o início dos anos 2000, segundo o documento.
O relatório também menciona uma análise do Ministério da Agricultura dos
Estados Unidos, que comparou as taxas de crescimento da produtividade agrícola
entre 2001 e 2010 e colocou o Brasil na 12ª posição entre 172 países.
"Os investimentos a longo prazo nas pesquisas agrícolas, que
permitiram ao Brasil desenvolver tecnologias de ponta para a agricultura
tropical, estão entre os fatores que estimularam o crescimento da
produtividade", diz o relatório, que dá grande destaque ao Brasil, com um
capítulo especial de dezenas de páginas sobre o país.
"A melhoria da produtividade nos últimos 15 anos no Brasil se
beneficiou de reformas econômicas que permitiram a realocação de recursos e a
restruturação da agricultura e dos setores associados", diz o relatório,
ressaltando que isso criou um "ambiente mais competitivo", que
incitou os produtores a aumentar sua produtividade e adotar inovações.
As perspectivas da agricultura brasileira para a próxima década são
"favoráveis", segundo o estudo, apesar da "possível
desaceleração do crescimento da demanda interna e externa e da queda dos preços
reais (descontada a inflação) da maioria dos produtos agrícolas em relação aos
níveis recordes registrados recentemente".
Segundo as duas organizações, os mercados interno e externo deverão
crescer na próxima década, e esta demanda deve favorecer os produtos em que o
Brasil é mais competitivo, como carne, milho e oleaginosas, açúcar e frutas
tropicais.
"A agricultura brasileira continuará contribuindo fortemente para a
criação de empregos, a formação de renda e as receitas de exportação."
Gargalos
Dilma Rousseff e ministra Kátia Abreu
têm 'desafios estratégicos' pela frente
Ao mesmo tempo, a OCDE e a FAO destacam que a necessidade de reduzir os
chamados gargalos de produção que entravam a produtividade é um dos
"desafios estratégicos" da agricultura do país.
"A melhoria da logística e de infraestrutura e de transportes é uma
prioridade essencial. Isso permitiria reduzir os custos de produtores voltados
para a exportação e beneficiaria todos os agricultores, facilitando o acesso ao
mercado interno", afirma o relatório.
Segundo o estudo, o crescimento futuro da agricultura brasileira
dependerá da consolidação dos ganhos de produtividade, ligados à melhoria do
aproveitamento das culturas, além da transformação de alguns pastos
deteriorados em terras cultiváveis e da intensificação da produção animal.
A soja deverá continuar sendo o principal produto agrícola do Brasil. O
país, que é o segundo maior produtor de soja no mundo, poderá aumentar sua
produção nos próximos dez anos, reduzindo a diferença que o separa dos Estados
Unidos, o primeiro.
"Entre os grandes países produtores e exportadores de oleaginosas,
o Brasil é o país onde o potencial de expansão da produção é o mais
elevado", segundo as Perspectivas Agrícolas da OCDE e FAO.
Desmatamento
Expansão de área de cultivo leva a
desmatamento ilegal, segundo relatório
O documento também menciona o impacto ambiental dessa atividade
econômica no Brasil. O crescimento da agricultura brasileira também está
associado à expansão das áreas agrícolas, "uma das mais fortes observadas
no mundo entre 1990 e 2012".
"Uma parte importante do desmatamento está ligado a atividades
ilegais. As terras desmatadas são em seguida utilizadas como pastos."
"Esse desmatamento suscitou preocupações em relação à expansão da
agricultura na Amazônia", diz o estudo, fazendo a ressalva de que
estimativas de órgãos brasileiros indicam uma redução nos níveis de
desflorestamento em 2014.
No documento, a OCDE e a FAO preveem que os preços mundiais dos produtos
agrícolas deverão cair nos próximos dez anos "graças ao crescimento da
produção, puxada pelo aumento tendencial da produtividade e a diminuição dos
preços dos insumos, que ultrapassarão a progressão da demanda, menos acentuada
do que antes".
Daniela Fernandes De Paris para a BBC
Brasil
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