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domingo, 5 de junho de 2011

O Caso Palocci II – A queda


Antônio Palocci encontrou um jeito de sair do governo no momento certo, dadas as condições.


Ou seja, logo após ser inocentado pelo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel o ministro chefe da Casa Civil pediu o boné.

Deve ter pesado na decisão o puxão no tapete produzido por alas do PT que nunca suportaram o ex-prefeito de Ribeirão Preto e ex-ministro da Fazenda da primeira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.

Palocci é escanteado pela segunda vez por pressões da mídia, mas agora parece que Globo, Estadão, Folha, Veja & outros com menos votos e leitores, alvejaram o próprio pé.

Nesse capítulo, é bom notar que políticos com voz mais significativa na Oposição, Serra, Aécio & outros, procuraram vias discretas quando levados a marcar posição sobre o caso do agora ex-chefe da Casa Civil.

Ficaram na sombra, deixando os mais afoitos, ou os que precisam desesperadamente das atenções da mídia, assumirem as alças do caixão do demissionário.
O problema é que Antônio Palocci era um interlocutor do empresariado brasileiro. Um interlocutor capaz, o tempo todo, de “estabelecer pontes” entre o governo Dilma Rousseff e o interesse imediato da Fiesp, da CNI e outras entidades patronais.

Com sua habilidade, sua fala mansa, Palocci era o nome ideal para resolver eventuais conflitos, levar à presidente reivindicações que nem sempre são do conhecimento do respeitável público, amaciar as coisas.
A desenvoltura, até poucos dias antes da matéria da Folha sobre o crescimento de seu patrimônio, deixava antever sua importância no (conjunto) do poder.

Palocci até pode não ter tomado a decisão de sair. Seu cargo pode ter sido solicitado pela presidente em razão do desgaste. Mas Dilma com certeza pensou muito antes de tomar a decisão. E o que seu outrora mais poderoso auxiliar vai fazer agora?
Palocci, aborrecido, vai se aninhar na oposição, embora discretamente? Vai voltar ao Congresso como se nada tivesse acontecido? Vai continuar apoiando o governo e mantendo uma interlocução, agora informal, entre o Planalto e o empresariado? 

Marcar um X na terceira opção parece o mais correto. Até porque a profissão de lobista é reconhecida e perfeitamente aceita nos corredores, ante-salas e gabinetes de Brasília.
A Projeto (empresa montada pelo demissionário e depois descartada) deve voltar à ativa e Palocci, claro, está liberado para agir com mais desenvoltura ainda no trabalho de “assessoria técnica.” Ou alguma coisa parecida.

Sua influência, embora sem o cargo, continuará a ser levada em conta por quem procura esse tipo de ajuda. Palocci, é bom lembrar, era uma recomendação de Lula que reconhecia sua capacidade de articulação e de manter as coisas mais ou menos calmas entre um governo pós-liberal e um empresariado ainda recalcitrante com a nova ordem.

Quanto à nova titular da Casa Civil, senadora Gleisi Hoffman é pouco conhecida. Mulher do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, foi candidata derrotada a prefeitura de Curitiba e esteve, ao lado de Dilma, na transição do governo FHC para Lula. É a primeira mulher eleita para o Senado pelo Paraná.

As informações, ainda meio precárias, indicam que a Senhora Hoffman vai se dedicar ao bom andamento dos projetos do governo, repetindo a atuação de Dilma na administração anterior. Ou seja, sem se envolver demasiado com a política. A rapidez com que foi entronizada no Planalto indica que era carta certa na manga da presidente.

Nesse caso Dilma Rousseff já deve estar providenciando a substituição do deputado Luis Sérgio (PT-RJ) que não se saiu bem na articulação com o Congresso. O cargo, que cresce de importância, exige alguém com grande capacidade de articulação e bom trânsito principalmente na base do governo.

Texto: José Attico

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