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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Futurama

 È possível que a conversa fiada de donos do Poder, através dos séculos, esteja começando a ser desafiada. É até possível que as religiões, ou pelo menos as mais vivas no planeta - importantes instrumentos de dominação - estejam começando a ver suas doutrinas seriamente abaladas.

O restante da raça humana, ou pelo menos parte dela, começa a perceber que o poder exercido por industriais, banqueiros, grandes agricultores, através de deuses inventados, não é assim tão legítimo como propagavam as instituições até o século passado.

Nesse capítulo igrejas, importantes instrumentos de poder da Classe Dominante através dos séculos, começam a perceber que seus fiéis já não acreditam mais cegamente que é preciso morrer para gozar dos prazeres de um paraíso prometido.

É claro que grupos evangélicos & assemelhados, nos países mais pobres da America Latina, Ásia e África podem até estar em expansão, substituindo ou sobrepondo-se ao catolicismo dos ricos ou de pessoas de classe média alta. Conforme proposto pelo Papa Carol Woytila.

O problema é que o desenvolvimento da tecnologia está mudando o trabalho e exigindo mão de obra cada vez mais qualificada. E o conhecimento necessário para tal vai destruindo os instrumentos religiosos a serviço da dominação.

Grandes massas, como essa que no momento - início de 2024 - se desloca em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos, talvez ainda acreditem, pelo menos em parte, nos carcomidos deuses cristãos, mas não temem mais o castigo do inferno só porque desejam comida e moradia com dignidade.

E diversão também. Pouquíssimos são os humanos que ainda querem uma vida monástica, frugal, de preparação para um céu com anjinhos tocando harpas, rios de mel, e outros parangolés prometidos pelos papas, pastores & auxiliares menos qualificados.

A História avança. E muda o mundo. Quem leu alguma coisa sobre mudança social através dos séculos sabe que a Antiguidade, a era dos grandes impérios, Egito, Mesopotâmia, Roma, foi sucedida pelo que se chamou então de Idade Média: o fracionamento desses impérios em reinos, principados e condados, durou séculos.

Até ser sucedido, por sua vez, pela Era que chamamos de Moderna e a chegada ao capitalismo.

O aparecimento dos estados nacionais, com a chamada democracia do voto livre, na prática a substituição de reis, imperadores, sheiks por burgueses ricos, proprietários dos meios de produção (fábricas, terras para plantio, bancos) não alterou muito o quadro mundo afora.

A economia, o motor das mudanças sociais através dos séculos, também sofreu profundas mutações. Da caça e coleta feita pelos primeiros grupos de humanos, passamos pela agricultura que foi seu mais importante viés até o século 18 e chegamos à era industrial.

Iniciada no século 18 na Inglaterra, elevada ao máximo de sucesso nos dois séculos seguintes nos Estados Unidos, as grandes fábricas com milhares de operários começam a dar lugar a novos tipos de trabalho. Menos braçal, mais intelectual, acompanhado da automatização sem precedentes em todos os níveis da vida social.

E tudo isso possivelmente sob a regência da Inteligência Artificial.

Uma coisa é certa, as mudanças sociais que demoravam séculos são cada vez mais rápidas e profundas. Nos final dos anos 60, um passado muito recente em termos de história, acreditou-se que as viagens interplanetárias dariam o tom do futuro. Não aconteceu. O que tomou conta da história foram as relações via Internet. Alguém tem ideia do que seremos daqui a dez anos?

Num mundo futuro, do qual estamos mais próximos do que nunca aconteceu na História, será cada vez mais difícil acreditar em hóstias sagradas ou em dízimos que abrem caminho para o Céu.

Os donos dos meios de produção vão precisar inventar novas fórmulas de dominar quem trabalha para eles.

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