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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Economia, mitos e fatos




 A reforma da Previdência versão Jair Bolsonaro pode ser um pouco mais radical do que a de Michel Temer, mas, apesar dos novos tempos, as dificuldades para sua aprovação são iguais ou ainda maiores. Como sinalizado pelos congressistas.

Essa rapaziada, que depende dos votos do respeitável público, já sentiu que o ex-capitão não tem tanto poder quanto ele e seus filhotes arrotavam na campanha e vai querer uma grana preta para dar aval a nova aventura da Direita no Congresso.

Por outro lado, parte da classe média, estudantes, sindicatos, operários, intelectuais, artistas, carnavalescos bem humorados, já começam a se movimentar contra o governo do capitão, nas chamadas redes sociais, blogs e sites. E até mais cedo do que os especialistas (sociólogos e coisa e tal) esperavam.

Isso acontece pela percepção dos estragos que a Reforma da Previdência vai causar nos já combalidos bolsos? Ou porque a cada dia fica mais perceptível que o rei está ficando nu? Ou ainda porque há uma alternativa militar menos idiota do que Bolsonaro & Filhotes?   

É fato que muita gente boa sabe que há outras soluções para a Previdência Social fora do desejado por empresários e banqueiros.

As solução começa, atenção começa! pela cobrança de dívidas ancestrais das grandes empresas brasileiras, bancos, multinacionais aqui instaladas, executivos com muita grana em ilhas do Mediterrâneo e Caribe, usuários contumazes do Refis e simples ladrões do erário publico, com dinheiro amontoado em endereços de classe média.

Não resolve o problema, é claro, mas dá o pontapé inicial na solução.

Prossegue com repressão aos impostos sonegados - um aborto biliardário só existente graças ao cipoal de leis permissivas que congressistas, submissos a seus patrocinadores, vêm impondo aos contribuintes ao longo da história recente.

O próprio capitão/presidente já afirmava, antes de se candidatar, em suas memoráveis aparições na internet (veja no Google “As 17 vezes em que Bolsonaro foi Bolsonaro”) que “sonegava tudo o que podia”. Nos Estados Unidos quem sonega vai em cana.

O processo deve abranger ainda uma reforma fiscal que inclua um sistema de impostos proporcional ao ganho de cada contribuinte, priorizando uma cobrança - pode ser tipo CPMF - em que seja mais complicado sonegar.

Na ausência de outras soluções, que podem até ser mais criativas, o que se tem é o exposto em epígrafe. Aliás, essas soluções, disseminadas com pequenas variações, pelo imaginário da população esclarecida, são mais idosas do que andar pra frente.

A Reforma de Previdência por si só, não vai implodir de vez o anêmico poder de compra dos brasileiros. Mas vai contribuir. 

Deve-se levar em conta que o país firma posição entre os quatro ou cinco piores do mundo no capítulo desigualdade. Os outros - é só clicar no Google! - estão na África e na Ásia subdesenvolvida.

Mesmo assim a classe dominante não sabe como lidar com o problema, em que ela mesma às vezes é vítima, com acionistas tendo que vender seus ativos para ingressar no pantanal do mercado de títulos.

Existem soluções à vista. Claro, e até foram implementadas um pouco timidamente pelo governo Lula. Lembra da frase “o dia em que o salário mínimo chegar a 100 dólares a classe operária vai estar no paraíso”. Ou mais ou menos isso.  Chegou a 300.

Pois é, naquele momento cinquenta milhões de brasileiros deixaram alegremente a pobreza, o PIB saiu da 15ª posição para a 7ª, empresários, banqueiros, rentistas & assemelhados lucraram como nunca.

Mesmo assim aturar na Presidência da República um torneiro mecânico pobre, com diploma de curso médio, oriundo de movimentos grevistas era um pouco demais.

Inadmissível para uma elite primitiva e arrogante que deu o troco assim que pode derrubando Dilma Roussef.   

É preciso não esquecer o que a História nos conta: essa elite descende – pelo menos quanto a métodos, comportamentos e atitudes - dos portugueses aventureiros (que passaram a ocupar a Terra de Santa Cruz a partir do século 16. Alguns deles arrebanhados à força, pobres desempregados das cercanias pontos de partida das rotas comerciais.

O problema é que o DNA dos primeiros ocupantes ainda persiste, 518 anos depois, nos corações e mentes dos empresários brasileiros. 

Num contexto em que até a exportação de grãos e minerais pelotizados está sob ameaça, só a formação de um mercado interno vigoroso sinaliza como saída natural para um país que tem uma das maiores populações do mundo.

Mas mercado vigoroso só é viável com a superação das desigualdades.

Não tem mais essa de fazer o bolo crescer para depois dividir, como queria nos anos 60 o ministro da Fazenda e mais tarde do Planejamento Antônio Delfim Neto.

E nem deu certo na época. Delfim e os militares que acreditavam nas fórmulas de um liberalismo, digamos um pouco menos refinado, foram defenestrados pelas greves no ABC, pelas multidões nas ruas pedindo democracia e pela percepção da classe dominante, naquele momento, de que a queda da ditadura era uma espécie de antídoto contra uma mudança social mais drástica que podia estar a caminho.

È claro que o poder não vai mudar de mãos, apenas porque Jair Bolsonaro está demonstrando, já nos seus primeiros dias, que é mesmo incapacitado para o cargo. (Ele mesmo admitiu na TV que foi colocado ali pelo deus dos evangélicos) A alternativa militar – com uma passagem sem maiores traumas da faixa presidencial para o vice – está muito mais próxima do que a vitória das oposições numa hipotética eleição futura.

Quem viver... etc, etc.
































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