Bolsonaro deu um pulinho, ontem, na Câmara dos Deputados
para entregar à rapaziada a versão de Paulo Guedes para a chamada reforma da previdência.
Ou alguma coisa próxima disso.
O capitão, que não deve saber muito bem o que está contido
nas folhas repassadas a deputados e senadores, usou, no passado, as redes
sociais para desancar uma versão mais ou menos light das medidas que seu
governo propõe agora.
Sem saber muito bem o que a proposta significava, mas convicto
da necessidade de bater no impopular governo Temer.
Bolsonaro que até tomar posse só enxergava coisas como a
influência comuno-petista sobre jovens estudantes brasileiros, guerrilheiros
cubanos do “Mais Médicos”, ameaça comercial da China Vermelha e a suspeita de
que algum comunista pudesse estar escondido embaixo da cama, está sendo
confrontado com um universo totalmente desconhecido: o Brasil e seus gigantescos
problemas.
Como seus companheiros que foram à faculdade detectaram que
a economia brasileira precisa de investimentos, a ideia é fazer com que a nova
ordem nos benefícios sociais dê segurança – inclusive jurídica - para a
entrada de dinheiro estrangeiro e assim possamos passar rapidamente ao paraíso
empresarial.
Resta saber se os investidores acreditam mesmo nessa história.
Se levarmos em conta que medidas já tomadas anteriormente
tiveram como alvo a precarização de salários e benefícios sociais, a reforma da
previdência estilo Paulo Guedes vai na mesma linha, ampliando ainda mais a
transferência de recursos da população para a classe dominante. Do trabalho
para o capital.
Acontece que, malgrado especulações em contrário, ainda vivemos
na sociedade de consumo de massa. Sem consumo as fábricas fecham – a Ford de
São Bernardo pode já estar dando o pontapé inicial no processo.
Nesse contexto é possível que eventuais investidores se questionem:
vale realmente a pena colocar dólares e euros num mercado em que a sina da
população vai se restringir à sobrevivência: alimentação, aluguel e... nada
mais?
O Brasil dos bolsonaristas parece pretender ser uma China
com sinais trocados. O modelo do desenvolvimento por lá, nas últimas décadas,
se deu pela integração de milhões de pessoas a um novo mercado consumidor.
Para isso o partido comunista delimitou áreas onde as
multinacionais pudessem ser instaladas e determinou o nível de salários e
benefícios compatíveis com o projetado mercado local.
Que multinacionais abririam mão de um bilhão de pessoas
ansiosas para ingressar naquilo que, no passado, os economistas chamavam de “sociedade
afluente”?
Os mercados chinês e indiano são, hoje, os maiores do mundo
– o PIB indiano está prestes a superar o brasileiro – e por isso investidores
levam para lá seus dólares e euros.
No caso da China essa fase até já está superada: as empresas
do país estão entre as que mais investem mundo afora. Eventuais entradas de
capital chinês no Brasil certamente serão descartados por Bolsonaro & sua
rapaziada, já que a segunda maior economia mundial é controlada por um Partido
Comunista.
A nova ordem na economia brasileira propõe excluir os mais
pobres e parte da classe média do mercado. O que daí decorre, infelizmente nós
vamos ver. Se sobrevivermos!!!
É lógico que há soluções para o déficit da Previdência Social
fora das propostas de Paulo Guedes e dos liberais que o precederam no comando
da economia. Dos momentos finais do governo Dilma até hoje.
Conter a sonegação fiscal que chega a bilhões a cada ano,
reduzir incentivos fiscais para empresas privilegiadas, instituir um sistema minimamente
racional de cobrança de impostos, fazer com que os Bancos trabalhem com juros compatíveis
com uma economia que pretende se expandir (Esse processo pode ser iniciado
pelos estatais Banco do Brasil e Caixa) estão entre soluções que certamente nunca
passarão pela cabeça de Paulo Guedes.
Guedes está lá exatamente para fazer com que a conta das
mazelas, como sempre acontece aliás, seja paga pelo trabalho.
Bolsonaro, que no passado se vangloriava de sonegar tudo o
que fosse possível, segundo vídeo gravado por ele mesmo (17 vezes em que Bolsonaro foi
Bolsonaro) está à vontade para manter sua postura. Pelo menos de
sonegação ele entende mais do que seu ministro da economia.
É isso mesmo,Attico. O "Boçalnaro" foi coopitado pelo mercado financeiro e - como coerência não lhe passa pela cabeça vaidosa e autoritária, está instituindo o mais atual paradoxo da terra brasilis, ou seja,um nacionalismo entreguista. Salve-se que puder. Forte abraço.
ResponderExcluirPois é. Mas será que os banqueiros confiam nele? A essa altura do campeonato, com as redes sociais publicando o que ele disse ou postou no passado...
ExcluirNa minha opinião esse governo não vai muito longe! resta saber o que virá depois. Em 64 veio o AI 5!!!