É provável que uma parte da população brasileira aproveite a
noite de hoje para comemorar a prisão de Michel Temer e Wellington Moreira
Franco. Mas recomenda-se uma comemoração comedida. No momento, quando parte do
território brasileiro está sendo doado para a instalação de uma base americana
no Maranhão, a euforia não cabe.
Temer e Moreira são figuras menores no processo de desmonte
da frágil democracia brasileira, embora o ex-presidente tenha sido o serviçal escolhido
para abrir as portas do inferno.
Temer, até pelos ternos brancos de linho que gosta de usar,
é o protótipo dos ditadores que vicejavam pela América Central nos anos 50,
como Rafael Leônidas Trujjilo, Anastácio Somoza Garcia, entre outros, rapidamente
esquecidos na poeira da história. Mas ao contrário dessa rapaziada, que
governou com mão de ferro, Michel Temer é apenas um pequeno ladrão.
Moreira Franco, um ex-trotskista, que caminhou para a direita
sob a égide da família Amaral Peixoto, foi prefeito de Niterói e posteriormente
cometeu uma das mais desastrosas administrações já vivenciadas pelos habitantes
do estado do Rio de Janeiro. Foi amigo, um tanto íntimo de seu personal trainer,
que acabou morto pela polícia dias depois de ser pego com os pés sobre a mesa
do governador.
Moreira, não nos esqueçamos, é sogro de Rodrigo Maia,
presidente da Câmara de Deputados, o que acrescenta novos ingredientes ao turbulento
caldeirão da política nacional.
O filme de horror protagonizado pela dupla, com participação
especial de empresários, ou seja, com a participação especial da elite do poder,
teve o roteiro mudado quando Bolsonaro ganhou as eleições de 2018.
Atores principais, coadjuvantes e figurantes com mais de
alguns segundos na tela ficaram, de repente, com um sério problema nas mãos. O
ocupante do Palácio do Planalto quer muito, é bom que se diga, agradar
banqueiros, financistas, executivos de multinacionais, industriais e demais
membros da classe dominante, mas sua inteligência não é das mais brilhantes e seu
desconhecimento da realidade brasileira é total.
E assim, o final do filme se encaminha para o que normalmente
chamamos de tragédia. E não raro grandes tragédias na tela levam de roldão até mesmo personagens que aparecem com destaque nos créditos.
Serviçais da Elite do poder como Temer e Moreira Franco, às
vezes, são presos porque se tornam vítimas de desajustes do tipo Lava Jato -
programa idealizado inicialmente para afastar Luis Inácio Lula da Silva de um
terceiro mandato presidencial - mas que fugiu do controle. Pela simples razão
de estar sendo manejada por interesses contraditórios.
A comemoração deve ser comedida porque os custos dos
desatinos cometidos por Bolsonaro & asseclas podem conduzir o país para o
interior das portas abertas por Michel Temer.
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