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quinta-feira, 21 de março de 2019

Comemorações comedidas, por favor




É provável que uma parte da população brasileira aproveite a noite de hoje para comemorar a prisão de Michel Temer e Wellington Moreira Franco. Mas recomenda-se uma comemoração comedida. No momento, quando parte do território brasileiro está sendo doado para a instalação de uma base americana no Maranhão, a euforia não cabe.

Temer e Moreira são figuras menores no processo de desmonte da frágil democracia brasileira, embora o ex-presidente tenha sido o serviçal escolhido para abrir as portas do inferno.

Temer, até pelos ternos brancos de linho que gosta de usar, é o protótipo dos ditadores que vicejavam pela América Central nos anos 50, como Rafael Leônidas Trujjilo, Anastácio Somoza Garcia, entre outros, rapidamente esquecidos na poeira da história. Mas ao contrário dessa rapaziada, que governou com mão de ferro, Michel Temer é apenas um pequeno ladrão.

Moreira Franco, um ex-trotskista, que caminhou para a direita sob a égide da família Amaral Peixoto, foi prefeito de Niterói e posteriormente cometeu uma das mais desastrosas administrações já vivenciadas pelos habitantes do estado do Rio de Janeiro. Foi amigo, um tanto íntimo de seu personal trainer, que acabou morto pela polícia dias depois de ser pego com os pés sobre a mesa do governador.

Moreira, não nos esqueçamos, é sogro de Rodrigo Maia, presidente da Câmara de Deputados, o que acrescenta novos ingredientes ao turbulento caldeirão da política nacional.

O filme de horror protagonizado pela dupla, com participação especial de empresários, ou seja, com a participação especial da elite do poder, teve o roteiro mudado quando Bolsonaro ganhou as eleições de 2018.

Atores principais, coadjuvantes e figurantes com mais de alguns segundos na tela ficaram, de repente, com um sério problema nas mãos. O ocupante do Palácio do Planalto quer muito, é bom que se diga, agradar banqueiros, financistas, executivos de multinacionais, industriais e demais membros da classe dominante, mas sua inteligência não é das mais brilhantes e seu desconhecimento da realidade brasileira é total.

E assim, o final do filme se encaminha para o que normalmente chamamos de tragédia. E não raro grandes tragédias na tela levam de roldão até mesmo personagens que aparecem com destaque nos créditos.

Serviçais da Elite do poder como Temer e Moreira Franco, às vezes, são presos porque se tornam vítimas de desajustes do tipo Lava Jato - programa idealizado inicialmente para afastar Luis Inácio Lula da Silva de um terceiro mandato presidencial - mas que fugiu do controle. Pela simples razão de estar sendo manejada por interesses contraditórios.

A comemoração deve ser comedida porque os custos dos desatinos cometidos por Bolsonaro & asseclas podem conduzir o país para o interior das portas abertas por Michel Temer.

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