As
eleições passaram, mas há detalhes, omitidos pela mídia corporativa, que não devem
ser esquecidos pelo respeitável público que tem interesse nos processos
eleitorais.
Até
porque, outras eleições virão, talvez com o protagonismo das mesmas personagens
de 2014.
É
bom não esquecer, porque mesmo não tendo alterado os números finais - a maioria
votou pensando no bolso, no emprego e no futuro - esses detalhes mudaram votos
e servem de aprendizado para eleitores e candidatos em 2016 e outros pleitos.
Em
primeiro lugar é bom lembrar o esforço da mídia corporativa - leia-se jornalões
e grandes redes de TV - no apoio ao candidato tucano.
Esse
esforço, na prática, foi no sentido de desconstruir a candidatura de Dilma
Rousseff, ligando o governo à escândalos da hora, como o da Petrobrás, mesmo
que um dos primeiros nomes da delação premiada, fosse o do tucano Sérgio
Guerra, ex-presidente do PSDB, já falecido.
Jornais
e TVs corporativos também fizeram um enorme esforço para jogar rapidamente no
limbo do esquecimento o episódio da construção, pelo então governador de Minas,
Aécio Neves, de dois aeroportos em terras da família, com dinheiro do
contribuinte mineiro.
No
caso cidade de Cláudio, as chaves da pista de pouso estavam nas mãos de
parentes próximos do tucano que, candidamente, revelaram o uso da pista, ‘uma
vez ou outra,’ pelo então candidato.
A
Folha de São Paulo, primeiro jornalão a dar a notícia, logo retomou seu caminho
e o assunto foi esquecido na esperança de que seus leitores achassem mais ou menos natural construir
aeroportos em terras da família com dinheiro público.
Só
que boa parte dos mineiros, parece não ter concordado muito com o pensamento
dos jornalões.
O
candidato de Aécio foi derrotado pelo PT já no primeiro turno e os eleitores de
Minas preferiram Dilma Rousseff a seu ex-governador no segundo. Os jornalões também
esqueceram desse detalhe.
A
mídia corporativa também esteve presente no episódio do estelionato eleitoral, protagonizado
por seu candidato.
A
revista Isto é usou o
Instituto Sensus - um velho conhecido de trapaças anteriores - para mostrar
Aécio com alguma coisa em torno de 54% contra 46% de Dilma Rousseff nos últimos
dias da campanha eleitoral.
O
tucano também permitiu que os resultados de uma pesquisa fictícia do fictício Instituto
Véritas, abrisse seu programa eleitoral na véspera do segundo turno das
eleições de outubro.
O
Véritas apontava Aécio com 58% dos votos contra alguma coisa em torno de 42% da
candidata do Partido dos Trabalhadores.
Houve
um certo exagero nos números apresentados e os telespectadores parecem não ter
acreditado.
Aécio,
que agora brinca de arauto da ética no Senado Federal, compactuou com ambos os
estelionatos, mas a bola foi tocada pra frente sem maiores comentários dos
jornalões e TVs.
O tucano
também compactou com a tentativa feita pela revista Veja de ligar Lula e Dilma
aos escândalos da Petrobrás.
Aécio
corroborou a farsa no debate da TV Globo e ouviu da adversária que a revista
seria cobrada judicialmente.
O então
candidato, que já foi parado numa blitz da PM carioca - quando se negou a
soprar o bafômetro - e também foi surpreendido por um repórter dando tapas na
namorada durante uma festinha, está oferecendo aulas gratuitas de comportamento
ético a partir do púlpito do Senado.
Mas
um dos episódios mais interessantes das eleições 2014 talvez tenha passado
despercebido por grande parte do respeitável público que acompanhava pela Globo
News a apuração dos votos na noite do domingo, 26 de outubro.
As
19:14, certo da vitória de seu candidato, o comentarista Merval Pereira
anunciou que Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Geraldo Alckmim estavam a
caminho do aeroporto onde pegariam um avião para as Minas Gerais.
Como
obviamente o trio não ia confortar o candidato por sua possível derrota, o comentarista
estava passando ao respeitável público, a informação de que o tucano era o novo
presidente do Brasil.
Cedo
demais. Por volta das 19:45, os números ainda davam vantagem ao tucano,
possivelmente por que a massa dos votos do nordeste ainda não tinha chegado aos
totalizadores.
Mas
logo depois a eleição virou. E Merval Pereira ficou devendo aos milhões de telespectadores
outras informações:
Os
tucanos receberam a informação ainda no carro? Teriam sido avisados na chegada ao
aeroporto? O avião chegou a taxiar na
pista antes de devolver o trio à realidade?
No
final da noite apenas José Serra, inimigo figadal de Aécio, apareceu em BH para
os pêsames.
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