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domingo, 9 de novembro de 2014

Aécio, arauto da ética


As eleições passaram, mas há detalhes, omitidos pela mídia corporativa, que não devem ser esquecidos pelo respeitável público que tem interesse nos processos eleitorais.

Até porque, outras eleições virão, talvez com o protagonismo das mesmas personagens de 2014.


É bom não esquecer, porque mesmo não tendo alterado os números finais - a maioria votou pensando no bolso, no emprego e no futuro - esses detalhes mudaram votos e servem de aprendizado para eleitores e candidatos em 2016 e outros pleitos.

Em primeiro lugar é bom lembrar o esforço da mídia corporativa - leia-se jornalões e grandes redes de TV - no apoio ao candidato tucano.

Esse esforço, na prática, foi no sentido de desconstruir a candidatura de Dilma Rousseff, ligando o governo à escândalos da hora, como o da Petrobrás, mesmo que um dos primeiros nomes da delação premiada, fosse o do tucano Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB, já falecido.

Jornais e TVs corporativos também fizeram um enorme esforço para jogar rapidamente no limbo do esquecimento o episódio da construção, pelo então governador de Minas, Aécio Neves, de dois aeroportos em terras da família, com dinheiro do contribuinte mineiro.

No caso cidade de Cláudio, as chaves da pista de pouso estavam nas mãos de parentes próximos do tucano que, candidamente, revelaram o uso da pista, ‘uma vez ou outra,’ pelo então candidato.


A Folha de São Paulo, primeiro jornalão a dar a notícia, logo retomou seu caminho e o assunto foi esquecido na esperança de que seus leitores achassem mais ou menos natural construir aeroportos em terras da família com dinheiro público.




Só que boa parte dos mineiros, parece não ter concordado muito com o pensamento dos jornalões.

O candidato de Aécio foi derrotado pelo PT já no primeiro turno e os eleitores de Minas preferiram Dilma Rousseff a seu ex-governador no segundo. Os jornalões também esqueceram desse detalhe.


A mídia corporativa também esteve presente no episódio do estelionato eleitoral, protagonizado por seu candidato.

A revista Isto é usou o Instituto Sensus - um velho conhecido de trapaças anteriores - para mostrar Aécio com alguma coisa em torno de 54% contra 46% de Dilma Rousseff nos últimos dias da campanha eleitoral.

O tucano também permitiu que os resultados de uma pesquisa fictícia do fictício Instituto Véritas, abrisse seu programa eleitoral na véspera do segundo turno das eleições de outubro.


O Véritas apontava Aécio com 58% dos votos contra alguma coisa em torno de 42% da candidata do Partido dos Trabalhadores.

Houve um certo exagero nos números apresentados e os telespectadores parecem não ter acreditado.




Aécio, que agora brinca de arauto da ética no Senado Federal, compactuou com ambos os estelionatos, mas a bola foi tocada pra frente sem maiores comentários dos jornalões e TVs.

O tucano também compactou com a tentativa feita pela revista Veja de ligar Lula e Dilma aos escândalos da Petrobrás.

Aécio corroborou a farsa no debate da TV Globo e ouviu da adversária que a revista seria cobrada judicialmente.






O então candidato, que já foi parado numa blitz da PM carioca - quando se negou a soprar o bafômetro - e também foi surpreendido por um repórter dando tapas na namorada durante uma festinha, está oferecendo aulas gratuitas de comportamento ético a partir do púlpito do Senado.


Mas um dos episódios mais interessantes das eleições 2014 talvez tenha passado despercebido por grande parte do respeitável público que acompanhava pela Globo News a apuração dos votos na noite do domingo, 26 de outubro.




As 19:14, certo da vitória de seu candidato, o comentarista Merval Pereira anunciou que Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Geraldo Alckmim estavam a caminho do aeroporto onde pegariam um avião para as Minas Gerais.

Como obviamente o trio não ia confortar o candidato por sua possível derrota, o comentarista estava passando ao respeitável público, a informação de que o tucano era o novo presidente do Brasil.

Cedo demais. Por volta das 19:45, os números ainda davam vantagem ao tucano, possivelmente por que a massa dos votos do nordeste ainda não tinha chegado aos totalizadores.


Mas logo depois a eleição virou. E Merval Pereira ficou devendo aos milhões de telespectadores outras informações: 

Os tucanos receberam a informação ainda no carro? Teriam sido avisados na chegada ao aeroporto?  O avião chegou a taxiar na pista antes de devolver o trio à realidade?


No final da noite apenas José Serra, inimigo figadal de Aécio, apareceu em BH para os pêsames.




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