Se houver, de fato, espírito
republicano na Operação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal,
aplica-se um golpe de morte em todo sistema de financiamento clandestino de
campanha eleitoral
Não se sabe ainda quais jogadas políticas se escondem por trás da
Operação Lava Jato. Se for seletiva em relação a partidos políticos,
desmoraliza. O vazamento de depoimentos na véspera das eleições é uma mancha na
operação.
Se for, de fato, republicana, muda a história política e a luta contra a
corrupção no país. E, por republicana, entenda-se o aprofundamento de todas as
relações políticas do doleiro Alberto Yousseff - e aí entram o PT, o
PSDB, PMDB, PP e demais partidos.
Até agora, as mazelas políticas do país sempre foram tratadas de forma
oportunista pela cobertura midiática. Jornais valem-se das denúncias não como
instrumentos de aprimoramento do país, mas como armas do jogo político, em
atendimento a seus interesses empresariais e de seus parceiros políticos e
empresariais.
Na CPI do Banestado, a Polícia Federal levantou e-mails de um lobista da
Andrade Gutierrez alertando José Serra de que, se as investigações não fossem
interrompidas, iriam bater nos recursos da privatização.
A Operação Castelo de Areia envolvendo a Camargo Correa, alguns anos
atrás, flagrou pagamento de propinas a políticos de ponta do PSDB paulista,
como o ex-Chefe da Casa Civil do governo Alckmin, Arnaldo Madeira. Acabou
sepultada por um desembargador do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob a
alegação de que se iniciara a partir de uma denúncia anônima.
Outra operação, a Satiagraha, atingiu o coração de um vasto esquema de
corrupção que envolvia do mensalão do PSDB ao do PT. Foi sufocada por uma
pressão conjunta do governo Lula, dos grupos de mídia, de aliados de José Serra
- cuja filha era sócia de Daniel Dantas - , e do óbvio Ministro Gilmar Mendes,
do STF (Supremo Tribunal Federal).
Até agora, a Operação Lava Jato recebeu amplo apoio dos grupos de mídia
por visar, por enquanto, apenas o PT e os governos Dilma e Lula. Não se pense,
da parte dos grupos de mídia, em nenhuma bandeira desfraldada contra a
corrupção, mas em interesses políticos e empresariais bastante objetivos.
A Operação, em si, revela uma imensa teia de jogadas envolvendo a
Petrobras, a maior empresa brasileira e montadas a partir de executivos
indicados no governo Lula. A liberdade conferida a Paulo Roberto Costa superou
todos os limites do bom senso.
Mas Yousseff é muito mais que isso. É mencionado no livro "A
privataria tucana" como homem-chave na remessa de recursos de caixa dois
de caciques tucanos para o exterior. Participou diretamente de operações
que passavam por recursos da privatização, além das operações do notório
Ricardo Sérgio - o homem de Serra no Banco do Brasil.
Se houver, de fato, espírito republicano por parte do juiz Sérgio Moro,
do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, aplica-se um golpe de morte
em todo sistema de financiamento clandestino de campanha eleitoral.
Depois da prisão de executivos, nenhuma grande empresa irá correr mais
riscos de continuar nesse jogo.
O STF já votou contra o financiamento privado de campanha. A votação não
foi homologada ainda devido ao vergonhoso Gilmar Mendes que, mesmo já sendo
voto vencido, pediu vistas do processo e engavetou-o.
Texto: Luis Nassif — publicado 17/11/2014
13:15, última modificação 17/11/2014 13:32
Gilmar Mendes: depois de ajudar a
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