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domingo, 1 de janeiro de 2012

O silêncio dos não tão inocentes assim



Mídia corporativa ignorou - como era de se esperar - denúncias do livro
 Blogueiros & assemelhados estão irritadíssimos, mais uma vez, com a postura da mídia corporativa. Tudo por causa do livroPrivataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, lançado dias atrás. Jornalões e TVs de muita audiência receberam o trabalho com o silêncio dos não tão inocentes assim.

Mesma postura, aliás, diante da CPI que o deputado Protógenes Queiroz protocolou quarta-feira na Câmara, com mais de 200 assinaturas.


Privataria, que já deve estar chegando a 200 mil cópias vendidas, mostra, com fartura de documentos, o assalto ao erário publico praticado por tucanos de intensa plumagem durante a venda de empresas estatais na era FHC.

 Na blogosfera as primeiras resenhas do livro espalharam-se rapidamente. E a repercussão ainda não é maior, porque pouca gente conseguiu ler o livro até hoje.

Mesmo assim, alguns nomes importantes do meio, como Luis Nassif, já saudaram o trabalho de Amaury Júnior, como uma espécie de divisor de águas em relação ao comportamento da mídia no Brasil.

Talvez seja prematuro. E  depois, quando o país retomar seu ritmo normal, possivelmente depois das férias e do carnaval, muita coisa poderá ter mudado.

Há, também, tempo suficiente para que deputados recalcitrantes aceitem conselhos e benesses, voltem atrás e retirem sua assinatura do pedido de CPI protocolado. 

As razões para o silêncio nada inocente da mídia corporativa, porém, são mais ou menos óbvias e já foram debatidas nesse espaço.

Em primeiro lugar, é preciso levar em conta que, mesmo tendo perdido milhares de leitores, jornalões como a Folha de São Paulo, Estadão e Globo, ainda mantêm fiéis seguidores que não gostariam nem um pouco de ser confrontados com uma realidade na qual pessoas vistas como “reservas morais”, “ícones da honestidade” e baboseiras afins, não passam ladrões de alto coturno, não molestados até agora pela mídia acumpliciada.

Perder também esses leitores, um risco se houvesse uma cobertura crítica do aparecimento do livro e seus desdobramentos, pode ser bom para a democracia e a credibilidade, mas ruim para os negócios. Até porque nenhuma empresa de porte, no ramo, já sabe como lidar com a paulatina perda do monopólio da comunicação e o crescimento dos números da internet. 

Com tiragens em queda livre, brigar com o leitor conservador, apóstolo das meias verdades que o deixam feliz, é o rumo do suicídio.

Há, ainda, um outro problema a ser enfrentado no meio da turbulência: como lidar com a nova classe média, em ascensão irresistível, que chega ao mercado consumidor com uma cultura diferente, novos hábitos (entre os quais não está a leitura de jornais) e uma capacidade de compra que começa a definir economia do século 21 no Brasil?


Como na velhíssima piada do cego em tiroteio, a mídia corporativa opta pelo silêncio, enquanto tenta, desesperadamente, saber qual é a direção dos ventos. 

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