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sábado, 28 de janeiro de 2012

Passeio em Davos



Summers: posturas heterodoxas
O ex-secretário do Tesouro americano do presidente Bill Clinton, ex-principal conselheiro econômico de Barack Obama e ex-presidente (!?) de Harvard,LawrenceSummers, trouxe para a discussão sobre a crise do capitalismo um ângulo incômodo para a elite que frequenta Davos.

Summers  irritou mais ainda a rapaziada (no caso, circunspectos senhores assaltados por dúvidas sobre a infalibilidade dos mercados) afirmando  que “é uma ilusão pensar que um governo menor combina com um governo que vai criar empregos”.


Na visão de Summers, "criar riqueza é muito mais fácil do que criar empregos." O problema, para o economista, é que a revolução da produtividade na indústria faz com que, hoje, se produza “quantidade muito maior de bens, de qualidade muito melhor, por preços menores, mas empregando muito menos gente”.

O desafio da política econômica na atual fase do capitalismo, portanto, seria, segundo ele, o de preservar o dinamismo desses setores, ao mesmo tempo em que se tenta construir uma sociedade com trabalho digno para todos. Summers completou: "É uma ilusão que os iPods, iPads e Kindles vão criar mais empregos para pessoas normais”.

Para ele, a economia americana está evoluindo numa direção em que a criação de emprego terá de vir “muito mais de segmentos ligados ao Estado, como saúde e educação, do que do industrial”.

É possível que a história esteja tomando esse rumo no chamado primeiro mundo.

Mas não é o caso de economias em expansão, onde as demandas são enormes e há, ainda, muito espaço para crescimento de um setor industrial, digamos...tradicional.

Não fosse assim, China, Brasil, Rússia, Índia, África do Sul (nessa ordem) não seriam, hoje, o primeiro destino de capitais produtivos. Não se passa um dia sem que as páginas de economia de jornais e sites da imprensa corporativa  anunciem a implantação de novas plantas industriais, dos mais variados segmentos, nesses países.

É possível que Lawrence Summers não tenha sido expulso do conclave pela necessidade de que seja mantida uma espécie de “toque de classe” entre os frequentadores das montanhas suíças.

Por outro lado, o olhar indiferente e a pretensa superioridade neoliberal (um tanto arrogante) antes de 2008, estão sendo substituídos por rostos assustados ante uma catástrofe para a qual não existem soluções à vista.

E onde verdades absolutas como o “estado mínimo” ou “o mercado está plenamente instrumentalizado para resolver” escorrem  mais rápido do que a neve na primavera dos Alpes. 
Texto: José Attico
  

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