Como continuo a ser um estudioso da História do Brasil, a imagem do preto velho acorrentado, um escravo acorrentado, serve para que eu não esqueça, nunca, que o Brasil foi o último dos países do Ocidente a libertar escravos.
Escravos, aliás, só libertados por pressão de ingleses que viam em milhões de negros livres um grande mercado para suas manufaturas.
Escravos que durante mais de 300 anos foram caçados nas terras africanas onde nasceram e vinham, acorrentados em porões de navios, espoliados de todos os direitos, tratados como mercadoria, torturados às vezes até a morte para trabalhar (muitas vezes também até a morte) nos engenhos de cana e mais tarde em minas de ouro e diamantes.
O homem acorrentado me faz lembrar, todos os dias, dessa monstruosa tragédia contra a parte negra do que chamamos humanidade.
Acho que tentarmos apagar o passado, um passado que talvez envergonhe alguns de nós, é quase tão monstruoso quanto o racismo estrutural que viceja alegremente Brasil afora com o beneplácito, talvez com apoio mesmo, do presidente da república Jair Bolsonaro.
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