O tal "panelaço", importado
da Argentina, de que grande mídia se ocupou de ampliar o eco, não tão
robusto, tem cara, grife, cor e endereço, nobre, diga-se de passagem.
Não, a grande maioria da população
não é burra, ou desconectada da realidade. Pelo contrário. Por viver a
realidade é que às oito da noite, tendo o que comer, diferentemente de alguns
outros momentos que vivemos, sabe exatamente o que de fato amedronta a elite e
a histórica classe média brasileira.
O povo do Brasil real, sabe o que
causa espécie aos descendentes de imigrantes, privilegiados pela aristocracia e
a elite política no início do século XX, com a intenção de
"embranquecer" e mudar a "cara" mestiça do país e apagar os
negros da sociedade que sustentaram à custa de sangue.
O que os apavora é a perda dos
privilégios e da manutenção de serviçais a módicos salários e jornadas
desonrosas, como talvez seja a da empregada uniformizada, que mostrou um jornal
de grande circulação aqui no Rio, batendo panela ao lado da madame de
Higienópolis(SP) (aquela que não gosta muito de metrô por perto e de gente
"diferenciada").
O que farão se agora precisam pagar
direitos trabalhistas e respeitar cargas horárias?
É apavorante estar ao lado de
ex-empregados(as) em um avião, é mais apavorante ainda não poder pegá-lo com a
frequência desejada e esbaldar-se na Dolphin Mall ou na Dowtoun Miami.
O que fazer, como
imaginar diminuir as visitas ao Bal Harbour Shops, e ter o pesadelo de não
continuar abastecendo os closets com marcas como Gucci, Prada, Chanel, Bottega
Veneta, Jimmy Choo, Bulgari, além de ficar um bom tempo longe lojinha do da
Saint Laurent?
Mas o que mais me chama a atenção é
a falta de criatividade desse povo da cobertura, de importar manifestação da
Argentina.Como está na moda dizer por aí, que sofrência!
"A nossa luta é todo dia. Favela
é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao
RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO,
NÃO à REDUÇÃO da MAIORIDADE PENAL e à REMOÇÃO!"
*Membro da Rede de Instituições do
Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@
MncaSFrancisco)
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