Teresópolis optou por agricultura e turismo |
Pois é. Lá atrás, nos idos das décadas de 80 e 90 uma discussão, pertinente, era comum entre os moradores de Teresópolis: que rumo devemos dar à economia do município?
Afinal, Teresópolis queria ser um polo industrial? Pretendia se definir como centro agrícola? Ou apostava na expansão do turismo?
O então prefeito Celso Dalmaso era um defensor feroz da industrialização e chegou a produzir um esboço de Polo Industrial na região próxima ao Vale da Revolta.
Não deu. Grupos de ecologistas, liderados pelos artista plástico Vidocq Casas reagiram às intenções do prefeito, mobilizaram o governo do Estado e o tal polo acabou esquecido.
A implantação de indústrias, com plantas que em geral ocupam áreas extensas, sempre esbarrou no fato de que a terra, na porção rural do município onde isso ainda é possível, é dividida em pequenas propriedades.
Pequenas glebas e terrenos produtivos tornam-se mais caros e de difícil aquisição – os produtores vivem do que plantam e as terras são normalmente passadas de pai para os filhos.
Não é a toa que nos últimos 40 ou mais anos apenas uma indústria de porte, a cervejaria Lokal, depois Itaipava, tenha se fixado em Teresópolis.
Na época a opção pela atividade agrícola, desenhada desde que aqui aportou o desbravador George March era vista como alternativa apenas pelos próprios lavradores. A cidade talvez achasse a roça um atraso.
Hoje crescem as culturas hidropônicas, produtos orgânicos tornam-se uma alternativa viável e, principalmente, aumenta a produtividade das lavouras.
Mudam os métodos de distribuição: a venda no Mercado do Produtor em Irajá onde verduras e legumes eram comprados pelos donos de barracas nas feiras livres do Rio - praticamente não existe mais.
O turismo, que também era visto como um segmento menor da economia nos anos 80, acabou evoluindo, por sua conta e risco, sem que as chamadas autoridades sequer soubessem por onde começar o incentivo à atividade.
A proximidade com a cidade do Rio de Janeiro, o clima temperado, as decantadas belezas naturais e uma tradição, que vem do século 19 - quando Teresópolis era cidade de veraneio - foram, aos poucos, despertando o interesse de empresários.
E hoje, cerca de 70 hotéis e pousadas, com 4.400 quartos e apartamentos impulsionam o crescimento do município.
Embora o comércio local ainda necessite passar por uma mudança de mentalidade - muitas lojas já estão fechadas quando ainda é grande o movimento de turistas no centro - alguns setores como bares, restaurantes e shoppings vão muito bem, obrigado.
É claro que muita coisa mudou desde os anos oitenta. E é possível que uma nova mentalidade esteja, aos poucos, tomando conta de corações e mentes.
A opção por uma economia voltada para turismo e agricultura é, hoje, uma realidade.
Mas, com certeza, ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Texto: José Attico
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