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domingo, 11 de dezembro de 2011

A Câmara e os ônibus


Câmara de Teresópolis: mazelas são muitas
 A atual Câmara de Vereadores de Teresópolis, que apesar de muitos desacertos, cassou por unanimidade o mandato de Jorge Mario Sedlacek, também corrigiu uma perversidade no transporte coletivo: logo após tomar posse, os vereadores fizeram ressurgir a lei que permite aos portadores de deficiência física usarem, sem pagar, o transporte público na cidade.


Uma lei anterior votada às 10:00 da manhã de um final de mandato, ou seja, completamente fora do horário das sessões que começam às 19:00 - e com a participação de apenas um seleto grupo de edis - tinha cassado a gratuidade em 2008.

A medida tomada em 2010 corrigiu um absurdo, mas a retaliação da empresa concessionária está se fazendo sentir pelos usuários de ônibus. São horários retirados/alterados sem que os passageiros sejam avisados; são ônibus velhos, com assentos em péssimas condições e barras de segurança quebradas; sem trocadores - os motoristas recebem e dão troco com o veículo, às vezes, em movimento - e outras mazelas que parecem uma vingança, contra a Câmara que retornou com o benefício, mas exercida através dos que precisam andar de ônibus.

Talvez a empresa esteja aguardando “manifestação popular” contra a qualidade do serviço prestado para argüir o executivo e solicitar um novo aumento das passagens. Os empresários, aliás, já utilizam um expediente semelhante com o mesmo objetivo.

A pantomima começa com o sindicato de motoristas e trocadores ameaçando entrar em greve por melhores salários. Os patrões, em perfeita consonância, argumentam então que o aumento só será possível com a contrapartida da majoração das passagens e estamos todos acertados: os usuários pagam o pato. Ou o aumento.

O lockout fica assim disfarçado, e a pizza é servida, porque o poder público acaba cedendo a esse tipo de pressão. 
       
É bom lembrarmos que o ex-prefeito de Teresópolis Jorge Mario Sedlacek permitiu um aumento de passagem ao apagar das luzes de sua administração.

O mesmo prefeito chegou a apresentar à cidade, com pompa e circunstância, uma equipe da Coppe (Centro de Pesquisa Luiz Coimbra de Pós-Graduação de Pesquisa de Engenharia) da UFRJ para fazer um estudo sobre o transporte coletivo e melhorar o desempenho das linhas ônibus urbanos, criando novos trajetos e horários.

O estudo e os técnicos desapareceram, sugerindo que se tratava apenas de uma tentativa de chantagear os donos da empresa de ônibus. Com o ex-prefeito criando dificuldades para vender facilidades.

No passado, num período de alta inflação, uma planilha feita pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) hoje DNIT (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) balizava os aumentos de preço das passagens, que, na época, ocorriam mensalmente ou quase.

A planilha incluía o aumento do preço dos insumos (óleo, pneus, peças, etc), salários e os números da inflação e determinava o quanto deveria custar uma passagem.

Naquele tempo, quem andava de ônibus pagava em dinheiro ao trocador quando embarcava no coletivo. Já era bom para os empresários, que recebiam antecipadamente por um serviço que ainda iam prestar.

Hoje, com o advento dos cartões, o pagamento é antecipado em até 30 dias, o que permite a empresa aplicar no mercado financeiro um respeitável volume de dinheiro que, certamente, não está sendo usado na melhoria dos veículos.

Se fosse, não teríamos tantos ônibus velhos se arrastando nas linhas urbanas, apresentando defeitos e deixando passageiros a ver navios. Essa prática, aliás, é um tanto recente. No passado a renovação da frota era mais freqüente. 


O que corrobora a tese da retaliação.

Texto: José Attico

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