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terça-feira, 14 de maio de 2019

Se Bolsonaro cair já...




Se Jair Bolsonaro cair nas próximas semanas os esforços de setores progressistas, esquerdistas, liberais arrependidos & assemelhados, que planejam o Brasil sem bolsonarismos, será um tanto esvaziado.

Isso porque cairá um presidente que vai sendo visto por grande parte da mídia, políticos à direita, e a maior parte da classe dominante como alguém totalmente incapacitado para ocupar o cargo.

O ex-deputado, que foi eleito com milhões de votos das populações mais pobres com a promessa de exterminar com a bandidagem, sempre teve em mente que bastava extinguir, sindicatos, ONGs, organizações estudantis e correlatos para que o Brasil fosse salvo dos esquerdistas e ingressasse numa gloriosa era de crescimento, com escolas militarizadas, homossexuais “curados” ou banidos, pardos e pretos no seu lugar.

Não deu muito certo. Bolsonaro obviamente não pode fazer nada contra traficantes e milicianos num contexto em que há 13 milhões de desempregados e não sabemos quantos a caminho do mesmo destino.

A presença do exército nas ruas do Rio mostrou a seus eleitores dos subúrbios e periferias que promessas desse naipe também não podem ser cumpridas, com simples entrega de armas a setores de classe média que vivem sob ameaça da bandidagem.

Bolsonaro não tem a menor ideia de que grande parte dos homicídios (que nunca aparecem nos jornais e TVs) acontece entre pessoas que se conhecem, em brigas de trânsito, no botequim, envolvendo vizinhos, marido e mulher & correlatos. Distribuir armas é potencializar o problema.

No embalo dos cem dias, o ex-capitão parece querer descartar-se rapidamente do que seriam suas bases de poder. É possível que, permitindo ataques a oficiais do exército com liderança entre seus pares, o presidente esteja simplesmente externando mágoas antigas do tempo em que foi devidamente defenestrado dos quartéis, após uma tentativa de envolver o exercito em ações terroristas.

Bolsonaro também está fritando o principal responsável por sua eleição. O juiz Moro, que se encarregou formalmente, de impedir que Luiz Inácio Lula da Silva fosse candidato em 2018, vai sendo posto de lado rapidamente, sem que até agora os analistas de plantão saibam exatamente por quê. Alguns desses analistas de plantão acham que Moro tem pretensões à presidência, mas é pouco provável.

Se o governo do ex-capitão caminhar celeremente para o brejo, como indicam as derrotas já ocorridas e prenunciadas, (vem aí a derrubada do decreto das armas) teremos em sucessão: 1) o reconhecimento dos filhos do presidente (e dele próprio) como participes dos grupos de milicianos que assolam a periferia do Rio de Janeiro; 2) tornados réus, o próprio Bolsonaro acabará sendo indiciado e rapidamente removido do poder; com amplo apoio das Forças Armadas e da classe dominante. O general Mourão toma posse.

É bom não sentir muito alívio. Mourão, que tem produzido um discurso civilizado para agradar setores políticos como o PSDB, não muda a orientação em política econômica. Deve apenas mandar ministros com pouca instrução para casa e, quem sabe, outros para o manicômio.

Com Mourão no poder, é bom lembrar, será infinitamente mais fácil aprovar no Congresso medidas como a reforma da Previdência e outras do ideário neoliberal.

É bom não esquecer que o vice-presidente é golpista. Já disse claramente que é favorável a tomada do poder pelos militares em caso de ameaça de um retorno “à situação anterior”. Disse também que 13º salário é jabuticaba e que tem pena dos empresários que pensam em investir no Brasil porque pagam muitos impostos, etc, etc.

Mourão terá apoio sólido de grupos militares e está longe de ser idiota.

Uma permanência mais longa de Bolsonaro no poder, ao contrário do que se possa pensar, pode dificultar eventuais tentativas de golpe quando das próximas eleições.

Isso porque à medida que o ex-capitão vai sendo abalado por sua total incapacidade de governar, movimentos de operários, estudantes, ambientalistas, intelectuais, artistas, políticos, periferia e classe média vão se organizando no sentido de virar o jogo.

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