O futebol brasileiro é vítima de dezenas de pequenas mazelas que vão de dirigentes sem competência para administrar botequim pé sujo à corrupção generalizada em clubes e federações.
Clubes podem ser trampolins para vôos na política, mas boa parte dos dirigentes quer mesmo é passar a mão numa graninha. Muitas vezes, na maioria delas, aliás, sofre o patrimônio.
Seja através do manjado expediente de contratar amigos para a prestação de serviços, construção de estádios, centros de treinamento, SPAs & assemelhados, seja através da participação na venda de jogadores.
Como os clubes são entidades de direito privado o dirigente pode levar 10%, 20% ou mais na venda dos diretos federativos, sem que existam recursos jurídicos que possam molestá-los.
Nesses casos quem acaba frustrado é o torcedor da arquibancada que vê seus craques e promessas tomarem o caminho da Europa ou mesmo de outros clubes brasileiros mais endinheirados.
Como os direitos de TV e a publicidade na camisa é que possibilitam a manutenção de um bom elenco, a venda de ingressos acabou, na era do profissionalismo, sendo mera coadjuvante.
Só nos grandes clubes de massa a arrecadação nos estádios entra, realmente com peso, na contabilidade.
E mesmo agora, no momento em que crescem emprego e renda no Brasil, é preciso o clube estar disputando pra valer o campeonato brasileiro ou as finais dos estaduais para a torcida comparecer em número significativo aos estádios.
Apesar da tímida melhoria de gestão – ainda pouco profissionalizada – outro tormento começa a tomar conta dos gramados. De alguns anos para cá a figura do empresário passou a comandar os passos dos clubes e do futebol.
São essas pessoas as responsáveis pelo torcedor mal saber a escalação de seu time e por alguns clubes, muitas vezes candidatos a título, de repente, acabarem na rabeira do campeonato, porque seus jogadores de maior talento simplesmente tiveram seus direitos federativos, vendidos por empresários.
A venda de jogadores de ponta para o futebol europeu e asiático, facilitada por dirigentes sequiosos de participação, afasta anualmente dos gramados brasileiros os seus maiores artistas.
A importância, é bem verdade, vem se reduzindo porque a Europa está em crise – o que se refletirá mais adiante no futebol, ninguém precisa ter dúvida – e no Brasil o surgimento todo dia de novos talentos é uma realidade.
Outro problema, entretanto, pode estar contribuindo para minar o futebol brasileiro. Trata-se da inexistência de mecanismos que dificultem a ida, para divisões inferiores dos clubes de grande torcida.
O problema é maximizado pelo ingresso nas competições dos “times de empresário”. Em São Paulo alguns desses times, Barueri e Americana, entre outros já disputam segunda e terceira divisões do brasileirão.
São times que funcionam como vitrine para a venda de jogadores de nível médio e que muitas vezes acabam ocupando espaços nobres nos campeonatos.
Esses times de 500, 200, 100 e até menos torcedores não levam para os estádios nem mesmo a torcida das cidades onde estão baseados. Tem no máximo a simpatia ocasional de alguns moradores, fiéis torcedores de Vasco, Flamengo, São Paulo, Corinthians, Cruzeiro, Internacional & outros grandes.
Não se trata de fechar as portas a clubes ascendentes, bem administrados, que cheguem por mérito às primeiras divisões do futebol.
Trata-se de criar mecanismos que não deixem de fora clubes como o Paissandu – leva 70 mil pessoas ao estádio em Belém – agremiações tradicionais do nordeste e de estados da federação onde o futebol tem grande importância na vida das pessoas.
Na Argentina isso já existe e o River Plate teve que suar a camisa para conseguir ser rebaixado esse ano.
Texto: José Attico
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