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sábado, 8 de outubro de 2011

Saiu na BBC BRasil: mulheres sauditas vão poder votar e concorrer em eleições

Pois é. O país que tem as maiores reservas de petróleo do mundo começa a ficar incomodado com o que se convencionou chamar de “primavera árabe?” É possível. É até provável.



O petróleo saudita movimenta Estados Unidos e parte da Europa rica e por esse motivo o rei Abdallah & sua patota estão autorizados a sapatear sob os direitos humanos sob aplausos ocidentais. Ou estiveram até agora.

Há gente por aí, que se considera bem antenada, capaz de defender as posturas dos mandatários sauditas sob a desculpa de que são traços culturais milenares.

Os árabes vivem sob a égide de uma cultura em que as mulheres valem menos do que camelos e cavalos e ainda, no século 21, cobrem o rosto, usam roupas negras e precisam de autorização de um membro do sexo masculino da família quando necessitam se submeter a alguma cirurgia.

Mas os sauditas privilegiados há muito trocaram camelos por rolls royces, ferraris, maseratis, ternos Armani, & outros badulaques de alto luxo e a sobrevivência de uma cultura autoritária é interesse exclusivo da classe dominante.

Ou seja, da família real. Entre os bem postos na vida estão os Bin Laden que foram remetidos apressadamente de volta para as areias do deserto quando Bush Filho descobriu que a ovelha negra estava por trás dos atentados de 11 de setembro.

O mundo rico recebe com pompa e circunstância a realeza saudita que apóia decisivamente, com muita grana, os regimes mais retrógrados das vizinhanças. O “presidente” Ali Abdullah Saleh, do Iemem, que escapou de um atentado, foi fazer curativos em Riad e já voltou para casa amparado pelos Abdallah, enquanto as ruas e a repressão se digladiam.

Nos anos dourados da primeira crise do petróleo parte da realeza saudita começou a gastar dólares desenfreadamente.

Todo o trabalho duro passou para as mãos bem pagas de ocidentais capazes de ensinar domadores de camelos a usar latrinas e vai por aí. Irlandeses bons de briga passaram a apartar árabes recalcitrantes e a dirigir o trânsito nas cidades da península arábica & arredores.

Garçons, motoristas, garis, pedreiros, seguranças, beleguins, manicures, babás chegaram em massa do ocidente, atraídos por altos salários. 7

Os dólares retornaram rapidamente às economias ricas do planeta, onde os novos ricos passaram a comprar tudo o que pode ser desejado por uma sociedade afluente.

A conta chegou rapidamente e com ela a constatação de que a realeza saudita conseguiu criar um “estado de bem estar social” para os parâmetros ocidentais - indispensável para sua sobrevivência no poder – mas cujo futuro sem petróleo é uma interrogação.
O regime é tão fechado que, ao contrário de alguns califados amigos também ricos em petróleo, como Abu Dabi e Dubai - que já começaram a investir maciçamente em turismo - ainda se comporta como na crise de 1979 quando perceberam que tinham nas mãos um trunfo capaz de botar de joelhos o mundo movido a gasolina.

A chamada “primavera árabe” certamente não vai chegar tão cedo à Arábia Saudita. Até porque sua importância como maior exportador de petróleo do mundo mobilizaria, se necessário, todo o armamento ocidental, para manter as coisas como estão.

Então é de bom alvitre que Abdallah & familiares comecem a fazer algumas concessões.

Texto: José Attico

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