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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Os Senhores da justiça



Movimento chama atenção para gastos da Justiça do Rio
A greve dos serventuários da Justiça vai ultrapassando os 50 dias e o presidente do Tribunal, Sérgio Zweiter, continua irredutível na tentativa de manter reduzidos os custos da senzala. Isso porque a Casa Grande vai muito bem obrigado, aumentando seus espaços e para isso precisa semp re de mais recursos.

Guindastes gigantes podem ser vistos da Avenida Presidente Antônio Carlos anunciando o tamanho do estrago nas contas do orçamento do Estado. Constroem-se, na contramão da história, espaços cada vez mais amplos.

Não para dinamizar o atendimento à população, mas para deixar mais confortáveis - e distantes dos suarentos contribuintes - os senhores da Justiça.

Os serventuários não têm acesso ao projeto, mas chegou-se a falar na construção de uma piscina para o lazer dos magistrados do Rio de Janeiro. É possível que haja algum exagero nisso, mas é bom lembrar que o Tribunal já abriga uma academia com equipamentos sofisticados de ginástica.Para o lazer dos membros do judiciário.

Quanto à extensão do reajuste de 24% a toda a senzala, a Casa Grande nem quer ouvir falar. Só os serventuários, autores de uma ação que demorou 23 anos (é isso mesmo, 23 anos para ser decidida!) receberam o reajuste. 

Quem não entrou na ação talvez precise de outros 23 anos para receber o que o então governador Moreira Franco estendeu a todos o funcionalismo público, mas negou aos “abusados” serventuários que haviam entrado em greve numa etapa anterior da gestão.

É bom lembrar que, em todos esses anos, o reajuste que era em torno de 70%, na época,foi parcialmente pago em duas parcelas (25% e 10% ) a todos os serventuários, restando, então, os 24% de agora. 

Zweiter quer mostrar quem manda na Casa Grande e excluiu da maioria, o que seria uma terceira e última parcela. O presidente do Tribunal não recebe a comissão de grevistas e alega falta de recursos para promover a isonomia salarial entre os serventuários, mas é simpático com seus pares.

Para juízes e desembargadores, ofereceu, por carta, a compra indiscriminada de férias vencidas e licenças-prêmio. É bom lembrar que juízes e desembargadores têm direito a duas férias por ano. Nesse caso, são abundantes os recursos.

Na tentativa de mostrar que também estende a mão à senzala, o senhor da Casa Grande, está ofertando R$ 1.000,00 a cada serventuário da ativa, a guisa de auxílio natal. Os aposentados, é claro, não precisam de semelhante galanteio.

Juízes e desembargadores terão um Papai Noel melhorado: R$10 mil cada um.
Com os grevistas não há acordo. Zweiter quer rendição, dizem as lideranças do Sind-Justiça. Se possível incondicional. 

A senzala teve seu ponto cortado e recebeu apenas os dias trabalhados, um cenário inédito no movimento da categoria, quando desembargadores com história comandavam o Tribunal.

Sérgio Zweiter entrou pelo chamado Quinto, que dá a um advogado o direito, sem concurso, de entrar na elite do poder.

O contribuinte que passa pela Avenida Antônio Carlos imagina: se é assim que a Justiça lida com seus próprios funcionários, imagine como ficam os que batem às suas portas! Franz Kafka, no livro O Processo e Orson Wells que filmou a obra já mostraram o infinito poder da Casa Grande.

No Brasil do século 21 essa Casa Grande é um arranha-céu de muitos pisos, pagos com o dinheiro do contribuinte, para uso e gozo dos Senhores da Justiça: lentos, feudais, intocáveis. 

Inclusive pelo Conselho Nacional de Justiça criado para controlar abusos, mas, no final das contas, controlado pelos mesmos senhores.

A entrada do Brasil no século 21 passa por uma reformulação – de ponta cabeça – na Justiça, em seus três níveis.  É necessária a redução drástica da suntuosidade das Casas Grandes por todo o país, acompanhada de uma presença real da Justiça, onde é verdadeiramente necessária. 

E onde cada postulante não receba, apenas, maus tratos e indiferença. Há propostas tímidas sendo executadas nesse capítulo.


Há sempre um tempo. Um tempo na história, que chegará nas asas do desenvolvimento do país, no crescimento dos níveis de educação, na percepção de que juízes, desembargadores & afins não deveriam habitar a Casa Grande do Brasil Colônia. 

São funcionários públicos como todos os outros, com o dever de trabalhar  para aqueles, que através dos impostos, pagam seus altos salários.

Texto: José Attico

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