A pergunta é: por que toda a farsa montada pela dupla
Moro/Dallagnol só agora veio a público?
(É claro que só mesmo os desconectados com a realidade e
fascistas de carteirinha acreditavam que o impeachment de Dilma Rousseff, e a
cassação da candidatura de Luis Inácio Lula da Silva não fossem um movimento
político).
Mas por que só agora a farsa começa a ser desmontada? É
simples. A destruição do PT, um dos objetivos da classe dominante não deu o
resultado esperado.
Ao invés de aumentar a popularidade já combalida dos
conservadores do PSDB, a farsa fez vencedor das eleições de 2018 um candidato,
que prometia, através de uma postura tendente a ditatorial, acabar com as
mazelas da recessão que acomete o país nesse momento.
Deu certo para segmentos com menor possibilidade de digerir informações.
Acossados pelo aumento da violência setores da baixa classe média e moradores
de comunidades apoiaram a solução de mais violência contra o banditismo.
A classe dominante não perdeu tempo. Depois do frustrante 1º
turno passou a apoiar, sem tergiversações o candidato da direita radical,
esperançosa de que os custos de uma eventual recuperação da economia fossem
lançados nos ombros dos pobres e da pequena classe média.
A verdade é que a classe dominante e grupos de direita
nascidos da recessão não tem a menor ideia de como tirar o Brasil do atoleiro.
Embarcaram na reforma da Previdência - um presentão oferecido aos banqueiros - porque
não viam alternativa a vista.
(A bem da verdade desconfiam que a saída para a crise passe
pela redução das desigualdades, com o consequente crescimento do mercado
interno. Mas como herdeiros diretos dos “Homens de Grossa Aventura” que aqui
chegaram com D. João VI, tem dificuldades com pautas inteligentes).
Não há a menor possibilidade de uma reforma da Previdência
tirar o Brasil do atoleiro. Não há qualquer conexão entre uma coisa e outra.
Como propaganda a reforma é parecida com a salvação do país
proposta por Collor de Melo nos anos 90, com sua campanha de “caça aos
marajás”.
Como Collor que confiou em Zélia Cardoso de Mello, - uma personagem
surgida na campanha presidencial e que, na falta de alguém com um mínimo de
competência, acabou ministra da Fazenda - Jair Bolsonaro agarrou-se a figura de
Paulo Guedes, uma Zélia de calças compridas, também desconhecido do respeitável
público.
Passados pouco mais de cem dias a classe dominante começou a
ver que as coisas não eram como pensavam ao apoiar Bolsonaro. Logo logo começou
a ficar claro que o presidente eleito não tinha um mínimo de capacidade para
gerir uma economia grande e complexa como a brasileira.
Governar para Bolsonaro é, única e exclusivamente, deletar
tudo o que o PT fez em seus mais de 12 anos à frente do Executivo. E só. O
capitão Jair, aliás, sabe que é perfeitamente incapaz de gerenciar o Brasil. Já
disse isso mais de uma vez, lembrando que foi Deus que o colocou na cadeira
presidencial e que seu desejo real era ser militar etc, etc.
O problema é que a série de imbecilidades cometidas até
agora estão reduzindo as possibilidades de aprovação da reforma, mesmo
desfigurada por deputados e senadores, também eles sabedores das extremas
limitações do capitão.
Diante desse quadro e na impossibilidade de conseguir impor
a reforma da Previdência, a classe dominante parece não ter outra alternativa
senão substituir o presidente pelo vice Hamilton Mourão.
Antes que a derrubada seja feita pelas manifestações de rua.
O primeiro passo foi observar passivamente a divulgação das
manobras da dupla Moro/Dallagnol. Globo,
Folha & assemelhados abriram espaço, generoso, para as matérias do site
Intercep.
Moro é o principal fiador da aventura bolsonarista e sem
ele, que é ainda mais popular que o presidente, as coisas se complicam.
Pode ser um tiro no pé. Porque a queda de Bolsonaro não
necessariamente vai colocar na presidência um nome conservador do PSDB.
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