É possível que as coisas comecem a se complicar já para o
capitão Jair Bolsonaro. Isso porque em seus arroubos, o presidente eleito pode
estar criando sérios problemas para a classe empresarial brasileira, basicamente
os que têm seus negócios dependentes do mercado externo.
A tentativa de trocar a Organização Mundial do Comércio, OMC,
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos, OCDE, a
convite do presidente americano Donald Trump, pode adicionar mais problemas na
já complicada nova política externa brasileira, afetando o comércio. O Brasil
já tem participação na OCDE, como observador, mas esse não é o problema.
O problema é que, na tentativa de bajular os americanos, o governo
negligencia sua presença na OMC, fórum normalmente utilizado para resolver
pendengas no mercado internacional, onde é possível “falar de igual para igual"
com outros participantes. (Já aconteceu e o país teve suas reclamações
atendidas).
A OCDE é um clube de ricos onde a posição brasileira é (e
será) de nenhuma importância. Se não fosse assim, o país já seria sócio-atleta da
organização faz tempo.
Hoje pela manhã em entrevista à Globonews, os empresários manifestaram
sua preocupação com os delírios do governo, nesse capítulo.
Na obsessão de demonstrar uma postura serviçal ao governo norte-americano,
Bolsonaro vai enveredando por um viés ideológico, característico dos tempos de
Guerra Fria, jogando na lata do lixo uma postura de neutralidade que caracterizava
as posições do Brasil nos últimos 40 anos.
O presidente e seu séquito de seguidores com cérebro de
trilobita não têm a menor ideia do que pode representar a ameaça de levar para
Jerusalém a embaixada do Brasil em Israel. O comércio do Brasil com o país de
Bibi Nethanyaho gira em torno de US$ 321 mil. Com os árabes a coisa toda vai a
US$ 8 bilhões, principalmente carnes tratadas especialmente para consumo dos
seguidores do Islã.
A brincadeira pode afetar uma parte do agronegócio que, como
um todo, jogou suas fichas na eleição de Bolsonaro no segundo turno. (No
primeiro, os ruralistas apostavam no candidato do PSDB).
Bolsonaro ainda não sabe, mas não tem cacife para enfrentar
os interesses de banqueiros, rentistas, industriais e multinacionais. Se sair
da linha terá o mesmo destino de Dilma Rousseff, seja lá qual for o pretexto
para sua derrubada.
O presidente, é bom lembrar, está voltando às pressas de
Israel, reduzindo em um dia sua visita ao país do muro das lamentações.
Na semana passada, o vice-presidente general Hamilton Mourão
teve um encontro com 500 empresários. Mourão, que sonha diuturnamente com o
palácio do Planalto, é a garantia de uma transferência de poder sem as
turbulências que tanto assustam o mercado. Pelo contrário, um governo à
direita, mas sem trilobitas no ministério e a volta de uma postura de
neutralidade povoam os sonhos da classe dominante.
Por outro lado, esse pessoal pode ter esperanças de
conseguir já uma reforma da Previdência mais a seu gosto, sem as encrencas previsíveis
que se avizinham, graças ao total desinteresse do presidente em lidar com
questões que não incluam o combate permanente às pautas que ele e seus
trilobitas consideram esquerdizantes.
Mas é bom não inflar as esperanças. Saem os trilobitas, mas
não mudam os rumos.
PS. Saiu na Globonews agora: O Brasil caiu em 2018 da 26ª posição para o 27º lugar entre os maiores exportadores do mundo, segundo relatório anual divulgado nesta terça-feira (2) pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
PS. Saiu na Globonews agora: O Brasil caiu em 2018 da 26ª posição para o 27º lugar entre os maiores exportadores do mundo, segundo relatório anual divulgado nesta terça-feira (2) pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Segundo
a Wikipédia...
...os trilobitas
(português brasileiro) ou trilobites
(português europeu) são artrópodes característicos do Paleozoico,
conhecidos apenas do registro fóssil. O grupo, classificado na classe Trilobita
da subclasse Trilobitomorpha, é exclusivo de ambientes marinhos. Os
trilobitas possuíam um exoesqueleto de natureza quitinosa que, na zona dorsal,
era impregnado de carbonato de cálcio, o que lhes permitiu deixar abundantes
fósseis. Seu nome (trilobita) é devido à presença de três lobos que podem ser
visualizados (na maior parte dos casos) em sua região dorsal (um central e dois
laterais).
No seu
começo, em 1947, a OCDE denominava-se Organização para a Cooperação Econômica
(OECE) e era composta apenas por países europeus. Foi criada com a finalidade
de executar o Plano Marshall, um plano financeiro concebido pelos Estados
Unidos, para a reconstrução dos países da Europa devastados após a Segunda
Guerra Mundial. Em 1960 os EUA e Canadá mostraram interesse em fazer parte da
organização. Com a entrada em vigor de uma nova convenção assinada pelos países
associados, em 30 de Setembro de 1961 nasceu oficialmente a OCDE.
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