Apadrinhado de Serra segue caminhos próprios |
Serra conseguiu impor a seu partido, o PSDB, a candidatura à reeleição de Gilberto Kassab, do PFL. Nos bastidores Geraldo Alckmin, candidato até então natural do PSDB à prefeitura da maior cidade do país, foi triturado pelos serristas.
Mas o vencido se recuperou. Alckmin acabou caindo para cima e voltou ao governo do estado em 2010. Na mesma data Serra era batido nas urnas pela então candidata do PT, Dilma Rousseff. O racha no ninho tucano continua até hoje.
Gilberto Kassab seguiu em frente, mas quando percebeu que o PFL, já travestido de DEM, caminhava em marcha batida no rumo do brejo, saltou do barco e criou sua própria legenda. No embalo, e de olho nas rixas entre os caciques do tucanato, iniciou uma aproximação com o PT e o governo federal.
Lula é uma espécie de fiador dessa estranha (mas pragmática) aliança, abominada por parte dos fiéis companheiros, mas com poder de fogo para tentar apear o PSDB da prefeitura nas eleições marcadas para esse ano.
Como conseqüência, a mídia paulista já começou a bater no
prefeito da capital. Com as coisas ainda não totalmente definidas - Kassab pode estar apenas tentando buscar maiores concessões dos tucanos - os jornalões relutam.
Até porque os editores de Estadão e Folha talvez tenham que se conformar, num futuro não tão distante assim, a voltar com as habituais loas à administração da prefeitura de São Paulo nesse final de mandato de Gilberto Kassab.
Há poucas semanas o prefeito teve seus bens indisponibilizados pela Justiça - com ampla cobertura de jornais e TVs - por conta de ligações não muito bem explicadas com a empresa encarregada de vistoriar veículos emplacados na capital. Na terça-feira 7/02, Kassab foi acusado pela mídia de não se sensibilizar com o atraso na entrega de uniformes e material escolar para os alunos da rede municipal.
Essas e outras matérias do mesmo teor azedo são os primeiros sinais enviados pelos jornalões ao prefeito de São Paulo. Se Kassab persistir na aproximação com o PT, as mazelas de sua gestão, (reais ou factóides, não importa) vão, certamente ganhar destaque nas primeiras páginas do Estadão, da Folha, da Veja, do Globo, da Rede Globo de Televisão e outros órgãos pertencentes às famiglias proprietárias da mídia corporativa.
Isso porque uma vitória do Partido dos Trabalhadores na capital abre caminho para uma possível mudança na política de todo o estado de São Paulo. É bom lembrar que os quatro postulantes tucanos são nomes sem expressão. A alternativa Serra (de novo!?) ainda é a saída, de longe, mais viável.
O problema é que Serra teria que renunciar (de novo!?) daqui a dois anos para postular (de novo!?) uma candidatura a presidência.
Como os jornalões e revistas paulistanos dependem de generosas compras de exemplares e inserções oficiais em suas páginas, a possibilidade de uma derrota tucana faz surgir o medo de uma catástrofe anunciada, num contexto que as tiragens caem e a audiência tende a se encaminhar para as TVs por assinatura.
Kassab que se cuide, porque o menor indício da consolidação do apoio do PSD ao candidato Fernando Haddad vai abrir caminho para a artilharia pesada da mídia local.
O prefeito ainda não viu nada.
Texto: José Attico
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