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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

1922 – Cem anos de eleições em Teresópolis

“Dos quatro candidatos a presidente em 1945, o general Dutra contou com o apoio da máquina administrativa da Prefeitura, em Teresópolis, sob o controle dos políticos indicados pelo antigo modelo ainda no poder, enquanto o brigadeiro Eduardo Gomes teve o apoio de diversas outras lideranças emergentes, e de oposição ao governo municipal...”

Dutra o ex-ministro da Guerra (era assim que se chamava o atual ministério da Defesa) de Getúlio Vargas era visto como a continuidade no poder do homem que liderou a Revolução de 30 e pôs um fim na “República do Café com Leite”. Café de São Paulo, leite de Minas Gerais, estados que se alternavam no poder. O Brasil era até ali governado pelos mesmos fazendeiros que tinham, no final do século 19, apeado do poder imperador D. Pedro II.

Getúlio deu o pontapé inicial na industrialização do país, e por ter criado as Leis Trabalhistas ganhou o apreço da classe trabalhadora, principalmente nas grandes cidades, mas, como se poder ver pelos resultados da eleição em Teresópolis, não só nas grandes cidades. Isso explica por que mesmo afastado do poder o ex-ditador pôde fazer seu sucessor um general opaco, sem expressão política, mas  de sua total confiança, e voltar ao Palácio do Catete na eleição que se seguiu. 

“O general Eurico Gaspar Dutra - que assumiria o mandato em 31 de janeiro de 1946, deixando o cargo em 31 de janeiro de 1951 teve boa relação com Teresópolis – venceu a eleição  com 55,39% dos votos, (...) chegando em seguida Eduardo Gomes com 34,74%, fazendo 9,71% o ex-prefeito de Petrópolis, Yedo Fiuza, e por último o candidato Mario Rolim Telles do PAN.”

O livro 1922 do jornalista e pesquisador Wanderley Peres faz a contextualização do que se passa na cidade com o que acontecia no Brasil nos anos que se seguiram a ditadura Vargas. O livro aprofunda momentos especiais da política na cidade, através de uma pesquisa rigorosa. Assim ficamos sabendo das histórias que ocorreram nas eleições nos últimos 100 anos, e as consequências que chegam até nossos dias. 

Prefeitos corruptos ou pelo menos suspeitos de, Prefeitos que não "esquentaram a cadeira", presidentes da Câmara (os prefeitos na prática antes da instituição da prefeitura)vítimas de tiroteio em dias de eleição. Grandes realizadores e gente que nada fez enquanto no cargo, Toda essa estirpe de eleitos que frequentou o poder no município nos últimos 100 anos está, detalhada em 1922, compondo uma História que chega até nossos dias.

É muita coisa a ser contada e o autor da pesquisa trabalha com documentos oficiais e matérias publicadas nos jornais locais. Assim a linguagem da época é mantida o que dá ao livro um sabor especial. Nem mesmo as intervenções do pesquisador quebram esse clima, o que dá maior autenticidade a 1922.

Os livros de Wanderley Peres que tratam da história de Teresópolis tem esse mesmo rigor nas informações que passam aos leitores. Rigor, no entanto, que pela experiência do autor com o texto jornalístico torna a leitura leve, agradável. 1922 ano das primeiras eleições municipais no município é também o ano em que se comemoravam 100 anos da Independência e a Semana de Arte Moderna detonava a influência estrangeira (principalmente francesa) na cultura brasileira.

 Alvissaras!!! diria um escritor da época.

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