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sábado, 9 de setembro de 2017

A Veja "ferrou" o Ministro Gilmar?



GilmarDalideOutros.jpg
D. Dalide e o Ministro; D Dalide. (segunda da E para a D), a senhora Mendes, o Ministro Moreira Alves e o Ministro Gilmar Mendes
O Conversa Afiada conhece D. Dalide Barbosa Alves Corrêa desde a "CPI dos grampos", que o Conversa Afiada batizou de "CPI dos amigos do Dantas".
Porque o presidente da CPI era um financiado por Daniel Dantas, o deputado do clã do Careca, o delegado Itagiba.
Um dos acusadores mais ferozes era o então deputado Raul Jungmann, também financiado por Daniel Dantas.
(Itagiba sumiu na poeira da irrelevância. Jungmann, também: mas, quer ser governador do Rio.)
A vítima dos dois implacáveis inquisidores era o delegado Protógenes, da Operação Satiagraha.
A Satiagraha prendeu Dantas duas vezes e, mesmo depois de insofismável reportagem do jornal nacional, o Ministro Gilmar Mendes, num recesso, o soltou com dois HCs Canguru, num espaço de 48 horas!
O Conversa Afiada revelou que numa dessas sessões da tortura ao Protógenes apareceu a D. Dalide, com o crachá do STF.
Ela trabalhava no gabinete do Ministro Gilmar Mendes.
E, supostamente, supostamente, como diria a Fel-lha, "soprava" perguntas mortíferas ao deputado Itagiba.
Veja o vídeo comprometedor:

Em busca da precisão​ histórica, o Conversa Afiada não sossegou enquanto não apurou as atribuições republicanas de D. Dalide, durante a inquisição:
Quem são as funcionárias do STF que davam instruções a Itagiba?
9/abril/2009 12:32

Duas funcionárias do STF, com crachá e tudo, tiveram papel importante ontem na sessão da CPI dos Amigos de Dantas.

Primeiro, mandavam mensagens SMS para o deputado serrista Marcelo Lunus Itagiba.

Depois, o deputado serrista se levantou da mesa que presidia e se encontrou com elas no corredor contíguo à sala da sessão.

Quem são essas funcionárias?

O que faziam lá?

Davam que instruções?

Estavam como pessoa física, ou como funcionárias do Supremo Tribunal Federal?

Se estavam como pessoa física, por que portavam crachá do STF?

O Conversa Afiada encaminhou essas perguntas ao assessor de imprensa da presidência do STF, Renato Parente, e aguarda resposta.

Paulo Henrique Amorim

Conversa Afiada insiste em conhecer a posição do STF sobre a funcionária Dalide
14/abril/2009 18:53

Diante dos comentários dos navegantes Stanley Burburinho, Placido Figueira e Rivaldo, o Conversa Afiada quer saber se a funcionária Dalide é de fato a mesma Dalide Barbosa Alves Corrêa mencionada por eles.

Encaminhamos essa pergunta à assessoria de imprensa do STF e à própria funcionária para que ela possa dar a versão dela sobre a reportagem transcrita no e-mail abaixo:

Paulo, abaixo uma matéria do JB de 2001 acusa a Sra. Dalide Alves Correia, Assessora do Gilmar Medes no STF de ter pedido propina contra a CEF quando ela era Superitendente da própria CEF.

Mais abaixo, um requerimento do Dep. Babá pedindo investigação:
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Quarta-feira, 29 de Agosto de 2001
Denúncia de propina na Caixa
Acusação de cobrança de comissão ilegal foi registrada em cartório de Brasília e envolve funcionários do banco estatal
MAURÍCIO LIMA

BRASÍLIA - Dois depoimentos desconcertantes estão tirando o sono da diretoria da Caixa Econômica Federal (CEF). Registrados no 3° Ofício de Notas de Brasília, os depoimentos acusam o diretor Henrique Costabile e a superintendente nacional jurídica da Caixa Econômica, Dalide Alves Corrêa, de pedir propinas para aprovar o pagamento de uma ação contra a própria Caixa. Os autores da denúncia são o advogado Gerardo Gualberto Queiroz e o empresário Milton Gatti. Eles afirmam que Dalide pediu R$ 3,9 milhões de comissão e Costabile outros R$ 5 milhões.

De acordo com a denúncia, Costabile receberia a comissão através de uma firma chamada Projecon, Projetos e Consultoria, com sede em Brasília. Seu representante na empresa seria o empresário Jackson Guedes, o encarregado de receber os R$ 5 milhões. A superintendente Dalide Corrêa teria um esquema parecido. O pagamento para Dalide teria que ser feito através de Celso Renato DÁvila, advogado que já foi sócio do ex-ministro da Justiça, Maurício Corrêa.

Encontro - O pedido de propina teria acontecido no dia 12 de julho de 2000, numa casa do Lago Sul, bairro nobre de Brasília. O pedido não teria sido aceito e a negociação, abandonada. ”Essa é uma acusação leviana de quem se sentiu prejudicado porque a Caixa não quis pagar o que não deveria”, diz Dalide Corrêa, há 20 anos na Caixa.

O caso foi parar na Justiça. A ação judicial é uma intrincada questão entre a Caixa Econômica Federal e a cooperativa de garimpeiros de Serra Pelada. (…)


REQUERIMENTO DE INFORMAÇÃO N° de JUNHO DE 2003
(Do Sr. Babá)

Solicita informações ao Ministro da Fazenda, Sr. Antônio Palocci, a respeito da nomeação do Sr. Henrique Costabile, para exercer o cargo de Diretor Presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO, visto que o Sr. Costabile fora denunciado por atos de corrupção em 2001 e 2002. Solicitamos informações sobre a veracidade destas denúncias, e quais os critérios escolhidos para realizar essa nomeação.

(…)
JUSTIFICATIVA

No Jornal do Brasil Online, Caderno de Economia, do dia 29 de Agosto de 2001, consta um denúncia contra o recém nomeado Diretor Presidente do SERPRO, Henrique Costabile. “Dois depoimentos desconcertantes estão tirando o sono da diretoria da Caixa Econômica Federal (CEF). Registrados no 3° Oficio de Notas de Brasília, os depoimentos acusam o diretor Henrique Costabile e a superintendente nacional jurídica da Caixa Econômica, Dalide Alves Corrêa, de pedir propinas para aprovar o pagamento de uma ação contra a própria Caixa. Os autores da denúncia são o advogado Gerardo Gualberto Queiroz e o empresário Milton Gatti. Eles afirmam que Daliede pediu R$ 3,9 milhões de comissão e Costábile outros R$ 5 milhões” afirma o Jornal do Brasil, em parte de uma extensa nota sobre o tema.

Esta denúncia, reproduzida pela FOLHA BANCÁRIA de setembro de 2001, voltou à tona quando a Assembléia Legislativa do Estado do Pará (notícia da Agência Fenae) “encaminhou correspondência a Emílio Carazzai, presidente da Caixa, em outubro do ano passado, com pedido para que seja feita rigorosa apuração das denúncias de corrupção envolvendo o diretor de Tecnologia, Materiais e Retaguarda de Agências da Caixa, Henrique Costábile, e a superintendente jurídica da empresa, Dalide Alves Corrêa”.

(…)
Sala de Sessões, de Junho de 2003.
Deputado Babá PT/PA


Comentário meu – Stanley:
Para se pensar:

1 - Lembram que tinha uma mulher com os advogados do Dantas em um restaurante de Brasília?
2 – Se tudo se confirmar, já dá para se desconfiar onde foi feito o Power Point do Itagiba?

Abs
Stanley Burburinho.

Como foi o diálogo de Itagiba com a funcionária do Supremo
14/abril/2009 20:05

Dialogo com uma testemunha do encontro do presidente da CPI dos Amigos de Dantas, o deputado serrista Marcelo Lunus Itagiba, com uma funcionária do Supremo Tribunal Federal:

- Ela estava com o crachá do Supremo?
- Eu olhei, achei aquilo esquisito. Perguntei: ‘quem é essa mulher?’ Aí, me disseram: ‘É uma mulher do Supremo”. Cheguei mais perto e vi: ela estava mesmo de crachá.
- Ela tinha com ela outra pessoa com o crachá do Supremo?
- Não pude ver. Do meu ângulo, só dava para ver ela e o Itagiba.
- Onde foi isso?
- Do lado de fora da sala da sessão. Perto do banheiro, das escadas. Estava vazio, eles puderam conversar à vontade.
- Quem falava, ele ou ela?
- Ela. Ele ouvia mais do que falava.
- E o que ela dizia pra ele?
- Aperta, faz pressão.
- Sobre quem? Sobre o Protógenes ou foi quando o Protógenes falou do De Sanctis?
- Não, era para fazer pressão sobre o Protógenes. - E o que mais ela dizia?
- Aperta que ele vai acabar cedendo.
- Quanto tempo durou a conversa?
- Uns cinco, seis minutos.
- E quando acabou a conversa?
- Eles voltaram lá para dentro.
- E ela ficou quieta?
- Não, ela mandou perguntas para ele com o celular.
- E ele fez as perguntas que ela mandou?
- Ah, isso eu não sei.


Paulo Henrique Amorim

Exmo Sr Ministro do STF: o sr. mandou uma funcionária dar instrução ao Itagiba?
15/abril/2009 14:21

O Conversa Afiada não consegue obter da assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal uma informação sobre a funcionária do Supremo, com crachá, que assistiu ao depoimento do ínclito delegado Protógenes Queiroz na CPI dos Grampos e deu instruções ao presidente da CPI, o deputado serrista Marcelo Lunus Itagiba.

Diante disso, com o intuito de esclarecer os amigos navegantes deste portal, enviamos a cada um dos ministros do Supremo um e-mail com a pergunta:

Foi o senhor quem mandou uma funcionária do Supremo à CPI dos Grampos dar instruções ao presidente da dita CPI?

Atenciosamente,
Paulo Henrique Amorim

Veja os ministros que receberam o e-mail do Conversa Afiada e seus respectivos endereços eletrônicos:

Gilmar Mendes - mgilmar@stf.gov.br
Celso de Mello - mcelso@stf.gov.br
Marco Aurélio de Mello - marcoaurelio@stf.gov.br
Cezar Peluso - carlak@stf.gov.br
Carlos Ayres Britto - gcarlosbritto@stf.gov.br
Joaquim Barbosa - gabminjoaquim@stf.gov.br
Eros Grau - gaberosgrau@stf.gov.br
Ricardo Levandowski - gabinete-lewandowski@stf.gov.br
Carmen Lúcia - anavt@stf.gov.br
Menezes Direito - alexandrew@stf.gov.br
Ellen Gracie - ellengracie@stf.gov.br

Apareceu a funcionária com crachá do Supremo e que foi à CPI dos Grampos
24/abril/2009 11:44

Uma simpática amiga navegante enviou ao Conversa Afiada as imagens da funcionária do Supremo, com crachá do Supremo, que passava SMSs ao presidente da CPI dos Grampos (o deputado serrista Marcelo Lunus Itagiba) e, depois, lhe deu instruções numa conversa no corredor.

. Ela dizia assim ao Itagiba: aperta ele, aperta que ele cede.
. Ele é o Protógenes.
. Está lá a funcionária do “aperta ele”.
. É loura.
. Passa um SMS.
. E tem o crachá do Supremo.
. Aparentemente, no crachá, aparece o nome 'Dalide', que coincide com o de uma funcionária do Supremo para assuntos parlamentares.
. Pergunta-se, de novo?
. Quem mandou ela lá?
. Para fazer o quê?
. Foi em missão oficial?
. Ou foi em caráter pessoal, mas com crachá do Supremo?
. O Conversa Afiada vai, de novo, submeter essas perguntas pueris à assessoria de imprensa do Supremo.
. Antes, uma funcionária da dita assessoria disse, no telefone, que o Supremo não mandou ninguém lá.
. Mas, se recusou a dar essa informação por escrito.
. O Conversa Afiada vai repetir aos outros ministros (o Ministro Ayres Brito já respondeu que ele não mandou nenhum funcionário ao Supremo) a mesma pergunta: foi o senhor quem mandou essa funcionária loura, de nome, aparentemente Dalide, à CPI dos Grampos?
. O senhor considera uma manifestação de “compostura” mandar uma funcionária do Supremo para passar informações e instruções ao presidente de uma CPI?


Nessa histórica sexta-feira 8/set/2017, a insuspeita Veja, o detrito sólido de maré baixa, traz de novo a D. Dalide ao noticiário.

O Conversa Afiada, de novo, se restringe a buscar a precisão e ​a acuidade dos fatos, sem qualquer julgamento de valor.
À Veja:

O que a JBS não contou


Mensagens de WhatsApp obtidas por VEJA sugerem que a JBS negociava sentenças - e uma testemunha acusa a empresa de tentar subornar juízes de tribunais superiores em Brasília
RODRIGO RANGEL E DANIEL PEREIRA


No fim da tarde de quarta-feira, na véspera do feriado da Independência, o Ministério Público Federal recebeu mais uma bomba em seu setor de protocolo: centenas de documentos, na forma de áudios, e-mails e mensagens de WhatsApp, que sugerem que a JBS, ao contrário do que contou em sua delação, tentou, de maneira sistemática, comprar decisões em tribunais superiores em Brasília. São dezenas de conversas mantidas entre o diretor jurídico da JBS, Francisco de Assis e Silva, e uma advogada que trabalha para a empresa, Renata Gerusa Prado de Araújo. Na troca de mensagens, os dois traçam estratégias para obter decisões favoráveis a empresas do grupo - seja por meio de ''pagamentos em espécie'', como eles próprios definem, seja por meio de tráfico de influência - em processos sob relatoria de uma desembargadora federal, Maria do Carmo Cardoso, que vem a ser a mãe da própria Renata, e de pelo menos três ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ): Napoleão Maia, Mauro Campbell e João Otávio Noronha. Francisco e Renata também conversam sobre arestas que deveriam ser aparadas com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, a voz mais ativa contra o que considera abusos nas investigações da Lava-Jato (leia os diálogos ao longo das páginas desta reportagem).

Em sua delação, Francisco recusou-se a entregar aos investigadores a senha que daria acesso às mensagens em seu celular. Sob a alegação de que havia ali conversas entre advogado e cliente, cujo sigilo tem cobertura legal, Francisco obteve uma decisão judicial que impediu os investigadores de acessar o conteúdo do aparelho. Quem levou o acervo ao Ministério Público foi o empresário Pedro Bettim Jacobi, ex-marido da advogada Renata Araújo, que está num processo litigioso de separação. Ele forneceu aos procuradores dados do celular e de um HD da ex-mulher que considerava comprometedores. ''Eles tinham uma relação criminosa, antiga e ramificada, que visava à compra de decisões'', disse Jacobi a VEJA.

A advogada Renata Araújo não faz parte do primeiro time da advocacia nacional. Pelo contrário, toca um escritório acanhado em Brasília que, a não ser pelos contatos privilegiados nos gabinetes dos tribunais, em nada se assemelha às grandes bancas acostumadas a trabalhar com processos multimilionários que tramitam na capital. Sua especialidade, diz seu ex-marido, é ''atuar nos bastidores''. Nos e-mails e mensagens trocados com Francisco, fica claro que Renata raramente faz sustentação oral nos julgamentos ou produz peças jurídicas para a empresa.

Sua função é procurar quem decide e apresentar o que, no meio jurídico, se conhece como ''embargos auriculares''. Uma tarefa relativamente facilitada pelas suas amizades. Ela cresceu em meio a famílias de expoentes dos tribunais brasilienses, amigos de sua mãe, Maria do Carmo Cardoso, do Tribunal Regional Federal da 1 ª Região. Recentemente, a desembargadora ofereceu um jantar do qual participaram, entre outros, Gilmar Mendes e Raquel Dodge, a futura procuradora-geral da República. Renata, é claro, estava entre os convivas.

Embora as mensagens e áudios não incluam diálogos com os próprios magistrados, nem tragam indícios definitivos de que receberam ou deixaram de receber os valores mencionados, sobram evidências de que a JBS tentava fazer valer no Judiciário as mesmas táticas agressivas - e clandestinas - que usava para obter facilidades no meio político. O assédio aos ministros, seja diretamente, seja por meio de interlocutores próximos, é uma prática recorrente. Em um dos casos cujo desenrolar é descrito em minúcias nas mensagens, aparece o ministro Napoleão Maia. No STJ, Napoleão Maia era o relator de recursos da JBS contra uma decisão da Justiça de Mato Grosso que bloqueou 73 milhões de reais das contas do grupo e de um de seus diretores. O bloqueio havia sido determinado após a descoberta de um acerto firmado à base de propina com o governo de Mato Grosso, que concedeu benefícios fiscais milionários ao frigorífico. Nas conversas com Francisco, Renata se gaba de ser muito próxima de Napoleão - e ambos planejam usar essa proximidade para conseguir o que queriam.

Ela combina jantares com o ministro, com quem costumava trocar e-mails elogiosos (em um deles, após receber uma foto da advogada, Napoleão envia um poema que tinha acabado de escrever para ela). Com as idas e vindas do processo e a demora da decisão, Francisco se mostra irritado. ''Ele (Napoleão Maia) quer participação nos honorários'', escreve o diretor da JBS, sem que se saiba se é uma informação ou uma dedução. Na sequência, ele ataca o ministro - ''roleiro'' - e explica o significado da expressão: ''Sujeito que faz rolo. Pede dinheiro para fazer as coisas''. Procurado por VEJA, Francisco amenizou a acusação. Disse que falara da boca para fora. ''É coisa da minha cabeça'', afirmou. Nesse processo, a JBS conseguiu pelo menos uma decisão favorável do ministro. Ainda em 2015, ele autorizou o desbloqueio das contas de um executivo da empresa, mas outros pleitos não foram atendidos. Por sua assessoria, o ministro Napoleão Maia disse que recebeu Renata Araújo para tratar de um processo da JBS em que ela tinha procuração para atuar.

Em outro caso, Francisco diz que precisava com urgência de uma liminar em um processo a cargo do ministro Mauro Campbell, também do STJ. À pergunta do chefe sobre suas ligações com o gabinete do ministro, Renata responde que conhece Campbell ''muuuuito bem''. Ela e Francisco, então, combinam a estratégia. Renata menciona uma reunião com um interlocutor não identificado que os ajudaria a resolver o processo ao custo de 1, 5 milhão de reais. Mais adiante, os dois se referem a um certo ''Dudu'', que cuidaria de tudo. Um mês depois, Francisco avisa Renata: ''Dudu falhou. Não saiu a cautelar''. A advogada fica indignada: ''Fdp. Ele não pode se comprometer comigo e fazer isso''. ''Prejuízo'', acrescenta Francisco.

O ministro Campbell negara o pedido da JBS. A VEJA, Campbell afirmou já ter frequentado a casa da mãe de Renata, mas ressaltou que não recebeu a advogada em audiência antes de prof e rir sua decisão. Além de ''Dudu'', há menções nas mensagens a outros nomes de intermediários, inclusive de funcionários do STJ que vendem facilidades nos processos. Um deles, identificado como William, afirma não ver a hora de a parceria com Renata render os frutos esperados: ''Precisando de $$$'', escreve. Em outra ação de interesse da JBS, contra a massa falida do Banco Santos, Renata diz a Francisco que queria contar com os préstimos de uma amiga, a advogada Anna Carolina Noronha, chamada por ela de Ninna, e discute os valores do serviço. Ninna é filha do então relator do processo, o ministro João Otávio Noronha, atual corregedor nacional de Justiça. Apesar das movimentações da dupla Renata-Francisco, a decisão não saiu conforme queria o diretor da JBS. O ministro Noronha negou o pedido em abril de 2016.

A VEJA, Noronha disse conhecer a advogada, mas negou ter ciência de qualquer ''parceria'' entre ela e sua filha. ''A Ninna tem os processos dela e não se mete com a Renata'', disse o ministro. Em maio deste ano, logo depois de a delação premiada da JBS ganhar a praça pública, Renata se movimentou para tentar ''apaziguar'' um problema que, segundo ela, estava inquietando alguns de seus parceiros na cúpula do Judiciário. O temor era que Francisco e os irmãos Batista tivessem contado assuntos relacionados aos tribunais. Em uma conversa gravada por seu ex-marido, à qual VEJA também teve acesso, Renata relata um pedido feito à mãe dela por Dalide Corrêa, então braço-direito do ministro Gilmar Mendes, para que procurasse a JBS. Dalide estaria preocupada com a possibilidade de a delação implicá-la e também ao ministro Gilmar. Sem dar detalhes, Renata menciona mensagens de conteúdo supostamente comprometedor trocadas entre Dalide e Francisco por meio de um aplicativo de celular. Francisco, àquela altura já alçado à condição de delator, havia copiado essas mensagens - e Dalide temia que fossem entregues à Procuradoria. ''A Dalide ferrou o Gilmar'', diz a advogada, gabando-se de que a partir dali funcionaria como um canal avançado entre os delatores da JBS e integrantes do Judiciário. E, claro, cobraria caro por isso. Procurada, Dalide Corrêa admitiu que conhecia pessoalmente Francisco e Joesley e reconheceu que o diretor da JBS, com quem negociava patrocínios para o instituto privado do ministro Gilmar Mendes, guardou conversas travadas com ela. Negou, porém, ter pedido à advogada que procurasse a cúpula da empresa para ''apaziguar'' a relação. O ministro Gilmar Mendes disse que nem sequer conhece Renata Araújo.

Renata e Francisco não são neófitos em suspeitas que envolvem o mercado paralelo dos tribunais. A advogada é investigada em um inquérito em curso no STF por participação na compra de um habeas-corpus concedido pelo ministro Sebastião Reis, do STJ, a um acusado de roubo de cargas. Também estão sob investigação o próprio Reis e uma irmã da advogada, Lenisa, que à época do episódio trabalhava no gabinete do ministro. Assim como Renata, Francisco tem antecedentes pouco ortodoxos na área. Em junho, VEJA revelou que, no início deste ano, ele se reuniu em um hangar do Aeroporto de Congonhas com advogados para discutir a compra de sentenças de um juiz federal de Brasília responsável por processos que investigam a JBS. No encontro, segundo os advogados, Francisco ofereceu 80 milhões de reais. Ele nega e diz que a proposta indecorosa partiu dos advogados. A VEJA, Renata se recusou a informar em quais processos atua para a holding da JBS, alegando sigilo profissional, disse conhecer pessoalmente os ministros Napoleão Maia e João Otávio Noronha e negou a acusação de que mercadeja sentenças judiciais, classificando-a de ''leviana''. Sobre seu ex-marido, autor da representação ao MP, ela declarou: ''Há um inquérito que apura crimes graves cometidos por essa pessoa''.

Só uma apuração detalhada do material agora em poder do Ministério Público poderá esclarecer se as maquinações da JBS resultaram em compra de sentença e pagamento de suborno, pois os detalhes ainda são obscuros. Mas o conjunto das mensagens evidencia que a JBS tinha segredos na sua relação com o Judiciário que não foram nem mencionados pelos delatores. E mais um argumento para cancelar os benefícios da delação.



''PAGAMENTO EM ESPECIE''
MINISTRO MAURO CAMPBELL


Neste diálogo, Francisco de Assis, diretor da JBS, aciona a advogada Renata Araújo para obter uma liminar com o ministro Mauro Campbell, do STJ. Seis dias depois, Renata menciona o acerto feito com um interlocutor não identificado: 500 000 reais para a medida cautelar (MC) e 1 milhão de reais para o recurso especial (Resp). O interlocutor teria pedido que o valor fosse pago na forma de "honorários" à própria advogada, que depois o repassaria. A irregularidade está na forma de remuneração: "agamento em espécie". O ministro Mauro Campbell negou o pedido da JBS.
 



''PRECISO DA PROPOSTA DA NINNA''
MINISTRO JOÃO OTÁVIO NORONHA


Neste diálogo, o diretor da JBS pede ajuda à advogada Renata Araújo para tratar de um litígio com o finado Banco Santos. O relator do caso era João Otávio Noronha, do STJ. O dado grave está no fato de que a advogada articula a contratação da filha do ministro, Anna Carolina Noronha, "Ninna", por um pró-labore e 1% em caso de êxito. O diálogo não esclarece se "Ninna" aceitou a tarefa. Quatro meses depois, o ministro negou o pedido da JBS. O processo foi redistribuído.

 



"O QUE É ROLEIRO?"
MINISTRO NAPOLEÃO MAIA


Aqui, a advogada Renata trata com o diretor da JBS de um processo a cargo do ministro Napoleão Maia, do STJ, com quem demonstra ter alguma intimidade. Oito dias depois, o diretor da JBS parece discutir com a advogada sobre pagamento e diz que Maia "quer participação nos honorários". Ele conclui dizendo que o ministro é um "raleiro" e explica: "Faz rolo. Pede dinheiro para fazer as coisas". Mas não dá nenhum elemento que confirme sua avaliação.

 



''A DALIDE FERROU O GILMAR''
GILMAR MENDES


Em conversa gravada por seu então marido, Pedro Bettim Jacobi, a advogada Renata Araújo relata os apelos que diz ter recebido de Dalide Corrêa, à época braço-direito do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), assim que veio a público a delação da JBS. No diálogo, fica a impressão de que Dalide queria evitar a divulgação de algo supostamente comprometedor para ela e para o ministro. Renata, por sua vez, diz que vai tirar proveito da situação para extrair mais dinheiro da JBS.
 



''MEDO E SER ASSASSINADO''
FRANCISCO DE ASSIS


Às vésperas do anúncio da delação da JBS, o diretor da empresa avisa à advogada Renata Araújo que o cerco policial está se fechando sobre ele. E pede que ela elimine um misterioso "item 4", que nenhum dos dois explica o que é. Em seguida, o diretor da JBS conta que está com medo de ser assassinado e mandou a família para os EUA.

  



"'PICANHAS' E DINHEIRO EM CASH"

Durante um ano o empresário Pedro Bettim Jacobi, de 40 anos, administrou o escritório de advocacia da ex-mulher, Renata Araújo. Sem experiência na área jurídica, ele diz que cuidava das contas e dos contratos da empresa, uma banca pouco conhecida, sediada em um prédio modesto na região central de Brasília. Aos poucos, conta, foi percebendo que havia algo estranho nas atividades do escritório. Especialmente quando o assunto era dinheiro - e quando sua ex-mulher, filha de uma desembargadora do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, se movia para obter decisões nas cortes da capital. Jacobi diz que, embora pequeno, o escritório reunia clientes de peso, como o gigante JBS, e costumava realizar transações financeiras vultosas, muitas vezes em dinheiro vivo.

A parceria do casal acabou com o fim do casamento, em junho deste ano. Desde então, os dois travam uma renhida disputa judicial. Na separação, Jacobi ficou com mais de 1 terabyte de arquivos que conteriam provas cabais das tais atividades ilícitas da banca. São cópias de contratos, movimentações bancárias, gravações e mensagens trocadas entre Renata Araújo e seus clientes. O material, entregue à procuradoria e ao qual VEJA teve acesso, está no centro da pendenga. Ela diz que ele roubou os arquivos. Ele diz que foi ela que, bem antes da separação, temendo virar alvo da Lava-Jato, lhe entregou um disco rígido com todos os registros para que fosse guardado em lugar seguro.

Na entrevista a seguir, Jacobi acusa a ex-mulher de comprar decisões judiciais para a JBS e afirma que, a partir do acordo de colaboração premiada firmado pelos executivos da companhia, ela passou a atuar nos bastidores para garantir que as excelências com quem costumava lidar não fossem delatadas.

VEJA: Por que o senhor decidiu trazer essa história a público?Essas informações foram entregues a mim em um HD, em março ou abril, pela própria Renata. Ela queria que eu escondesse o material por medo da LavaJato. Eu guardei o HD. Depois de um tempo, fiz cópia das informações e dei uma olhada no que tinha lá. Vi que realmente aparentavam ser indícios de muitos crimes.

VEJA: Quais indícios?
Havia muito pagamento em dinheiro. Em muitas ocasiões, Renata atuava sem contrato. Ela fazia lobby. E, às vezes, alguns lobbies com processos que estavam com a mãe dela ou com conhecidos, inclusive em tribunais superiores. Ela tinha relação com os filhos de ministros também. Era esse o meio em que ela vivia.

VEJA: Quando o senhor fala que Renata fazia lobby, o que isso significa exatamente?
Ela negocia decisões. Pelos indícios que entreguei ao Ministério Público, fica claro que ela vendia decisões ou tinha o caminho para obtê-las, contatando o próprio ministro ou pessoas próximas. As mensagens com o diretor da JBS mostram que os dois estão acertando a compra de decisões iudiciais, mencionando nomes de ministros do STJ, valores e estratégias para que os ministros escolhidos e seus prepostos recebessem as propinas e votassem favoravelmente os processos de interesse da JBS. Eles tinham uma relação criminosa, antiga e ramificada, que visava à compra de decisões.

VEJA: O senhor tem provas de que ela repassava parte do dinheiro a ministros dos tribunais?
Ela me dizia que repassava, as mensagens deixam isso claro, mas não sei dizer quem recebia.

VEJA: Como se dava isso?
Houve várias operações. Em alguns casos, ela conseguia as decisões por meio de troca de favores, prática muito comum entre filhos de ministros e de desembargadores em Brasília. Uns aiudam aos outros. Em outros casos, era com dinheiro. Muitas vezes, dinheiro em cash. Saía a decisão e, depois de um tempo, o dinheiro era creditado na conta. Aí, usavam os funcionários do escritório, como a secretária e o motorista, para sacar e entregar o dinheiro.

VEJA: Que tipo de serviço ela prestava para a JBS?
Era lobby, compra de decisão.

VEJA: No período em que o senhor diz ter participado das atividades do escritório, quanto foi pago pela JBS?
Acredito que entre 3 milhões e 4 milhões de reais no período de um ano, por dentro e por fora. Mas Renata tinha um saldo muito grande para acertar, de 22 milhões de reais, com a JBS.

VEJA: Quais são as evidências de que ela era o contato informal da JBS com ministros de tribunais superiores em Brasília?
Os arquivos mostram isso. Toda vez que precisavam de alguma coisa, ligavam. Depois da delação premiada da JBS, ela foi acionada para aparar arestas com o Judiciário. Ministros temiam que a JBS tivesse incluído o Judiciário na delação. E aí ela passa a ver a oportunidade de atuar como elo nesse processo pós-delação. Queria ganhar mais dinheiro com isso, e aproveitar para receber os 22 milhões de reais que a JBS lhe devia, de processos anteriores em que ela já tinha feito o lobby e ainda não tinha recebido.

VEJA: O senhor pode citar um exemplo de atuação nesse período pós-delação?
A Dalide (Dalide Barbosa Alves Corrêa, até recentemente braço direito do ministro Gilmar Mendes) entrou em contato com a Maria do Carmo, mãe da Renata, e marcou uma reunião para dizer que estava muito preocupada porque o Francisco, da JBS, tinha o registro de uma conversa com ela. Nessa conversa, ocorrida depois da delação, havia algo muito comprometedor não só para a própria Dalide, como também para o ministro Gilmar Mendes.

VEJA: O senhor disse que Renata e o diretor da JBS usavam o termo ''picanhas'' para falar de propina. Como sabe disso?
A Renata comentou que, no fim do ano, normalmente a JBS mandava um avião a Brasília trazendo "picanhas". Eu falei: ''Picanha?". Ela falou: "É dinheiro". Trazem dinheiro para entregar como presente. Entregavam para o pessoal. Ela falou que normalmente era 1 milhão de reais. Palavras da Renata. Parece óbvio. É muito difícil de acreditar que, nessas circunstâncias, em que são discutidos nomes de ministros, pagamentos, propinas, a JBS se disporia a usar um jato particular para levar uma picanha de 50 reais como agradecimento de um favor.

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